É fácil saber o que boa parte dos praticantes de ioga pensa: como a vida seria bem melhor se a calça usada para a prática da atividade pudesse falar. Agora ela já pode. Por US$ 299, é possível comprar calças com sensores vibratórios que, de certa forma, indicam como ajustar seu corpo durante o exercício.
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A novidade chega ao mercado em agosto. Batizada de Nadi X, é produzida pela Wearable X, a mesma empresa que projetou a Fundawear, linha de roupas íntimas com vibrações controladas por smartphones para casais que mantêm relações à distância. As calças Nadi X vão incluir cinco sensores sob as costuras desenvolvidos para detectar o posicionamento dos quadris, joelhos e tornozelos. Ao pressionar uma pequena bateria localizada atrás do joelho, os sensores são ativados e a calça é conectada a um aplicativo de smartphone por Bluetooth. Depois, por meio do aplicativo, você ajusta o seu nível de experiência, executa as posições e, em seguida, analisa as vibrações.
A novidade é produzida pela Wearable X, a mesma empresa que projetou a Fundawear, linha de roupas íntimas com vibrações controladas por smartphones para casais que mantêm relações à distânciaA ideia é que a frequência e a intensidade dos sinais vibratórios levem a ajustes na posição do corpo. Mas, por enquanto, esta é apenas uma ideia. Em entrevista a Sara Ashley O’Brien na “CNN”, Billie Whitehouse, fundadora da Wearable X, pareceu cautelosa e não afirmou que as peças dirão o que fazer: “O objetivo do produto não é dizer que existe uma posição certa ou errada. Não é preto e branco. Trata-se apenas de destacar aqueles micro músculos sobre os quais as pessoas deveriam ter percepção mas, muitas delas, nem sabem que existem”. Ou seja, as calças de ioga não são realmente um instrutor ou um profissional da prática.
Isso pode ser relevante do ponto de vista jurídico. Se as calças de ioga indicarem uma determinada posição e o usuário se machucar neste processo, a fabricante não quer que a acusação recaia sobre o produto. A ioga, com certeza, tem muitos benefícios em potencial para a saúde, como melhoria da flexibilidade, da força e da habilidade de se concentrar e relaxar. Entretanto, como muitas atividades, a prática pode ser perigosa quando não é feita de maneira apropriada ou por aqueles com determinadas limitações físicas e de saúde. Tensões e distensões nos músculos, dores nas juntas e problemas nas costas são riscos comuns. Qualquer um com lesões existentes devem conversar com um médico e não com uma calça antes de praticar a atividade. Para completar, a ioga possui formas diferentes de ser praticada, dificultando ainda mais a generalização de qualquer conjunto de instruções. Personalizá-las ainda é algo muito importante.
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O produto é parte de uma tendência crescente de tentar substituir algumas das tarefas das pessoas com vestuário. Prova disso, é que a própria Wearable X está trabalhando para lançar um top com sensores para combinar com a calça. A iniciativa passa pela pergunta: Por que procurar ou pagar a alguém por um conselho quando suas roupas podem falar com você a qualquer hora do dia e em qualquer lugar?
É preciso, no entanto, olhar a precisão e a evidência científica por trás de todos estes dispositivos. Talvez as calças de ioga estejam se tornando mais inteligentes, o que pode ser animador, mas elas não têm formação acadêmica e prática e noções de terapia física ou de medicina. Muitas tecnologias para vestuário ainda estão longe de substituírem pessoas. Alguns dispositivos, como o Fit Bit, por exemplo, podem fornecer informações muito específicas – como quantos passos o usuário deu -, mas não farão tudo o que um médico ou um instrutor de ginástica poderiam fazer. Na verdade, enquanto estudos clínicos documentados não forem finalizados e publicados, é preciso questionar sobre a aplicabilidade destas peças. Elas até são úteis para fornecer algum tipo de ajuda, mas as pessoas ainda precisarão de profissionais de confiança para interpretar o que elas transmitem.