É cada vez mais comum empresas tornarem suas marcas socialmente responsáveis ao doar uma parte de seus lucros. A tendência, claro, conquistou especialmente os millennials. De acordo com um relatório da Nielsen Global Corporate Responsibility, quase três entre quatro jovens estão dispostos a pagar mais por marcas sustentáveis.
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Amanda Barthelemy, uma mãe millennial, entrou de cabeça nessa “moda”. Sua empresa foi criada a partir de uma necessidade que ela viu que não era preenchida em sua própria vida, como muitos outros jovens empresários fazem. “Depois que a minha filha nasceu, eu fazia compras em uma boutique de bebês em Minneapolis quando encontrei um macacão cuja maciez do tecido me impressionou. Havia uma etiqueta que dizia ‘orgânico’ e eu pensei: ‘Conheço comidas orgânicas, mas como pode roupas serem orgânicas?’.”
“Ainda que o tecido fosse extremamente macio, acabei não comprando o macacão, por ele ser bege. Como sou mãe de uma menininha, queria comprar coisas roxas e cor de rosa”, diz Amanda. “Fui para casa, comecei a fazer pesquisas e descobri os benefícios do algodão orgânico, mas não conseguia encontrar produtos coloridos. Foi quando a ideia da Colored Organics nasceu.”
Amanda encontrou uma oportunidade em uma área em que ela tinha experiência pessoal, como muitos outros empreendedores millennials. Ela viu a necessidade e criou um produto para preenchê-la. “Como uma mãe e empresária, vi meu desejo por produtos orgânicos coloridos como uma oportunidade”, diz. “Sabia que, se eu pudesse fazer peças coloridas e orgânicas com um tecido tão macio quanto o que senti na loja, outras mães iriam querer comprá-lo para seus filhos. Comecei, então, a desenhar e produzir roupas orgânicas básicas para bebês.”
“Se eu ia vestir minha filha com as roupas que criei, isso precisava ser feito de uma maneira que me deixasse orgulhosa”, conta. “Foi quando passei a dar a garantia de não trabalhar com empresas que exploram seus funcionários. Nós trabalhamos apenas com fábricas éticas e nos mantemos leais ao nosso lema: ‘Queremos que as crianças brinquem em nossas roupas, não as produzam’.”
A Colored Organics não foi um sucesso do dia para a noite. Mas o crescimento é estável desde 2014. “Comecei no meu porão e exercia todas as funções”, diz Amanda. “Cuidava do atendimento ao consumidor, dos pedidos de compra, das tarefas operacionais do dia a dia, além de conciliar tudo isso com meu trabalho em tempo integral que é ser mãe. Eu me lembro de pensar comigo mesma como seria se os clientes soubessem que me escondia em meu closet enquanto os ajudava com suas questões e rezava para que meus filhos não entrassem gritando. Eu ainda me prendo a esse pensamento. Nós percorremos um longo caminho desde então.”
A filosofia da Colored Organics é que, se você permanecer leal a seus valores e aos valores do seu consumidor, com o tempo você irá estabelecer uma base leal e verá crescimento. Após ver as vendas e a base de funcionários aumentarem nos últimos três anos, Amanda decidiu que era hora de incorporar um componente de caridade à marca.
“Após várias viagens à Índia, fiquei com o coração perdido ao ver tantas crianças nas ruas, bebendo água de poças lamacentas ou tentando se manter aquecidas com pequenas fogueiras nas calçadas”, lembra Amanda. “Enquanto eu aconchegava meus filhos com segurança e conforto em casa, não conseguia parar de pensar naquelas crianças e sentia a necessidade de fazer algo. Há 25 milhões de órfãos apenas na Índia. Sabia que não poderia ajudar todos eles, mas, se fosse possível fazer a diferença na vida de ao menos uma criança, tinha certeza de que precisava tentar.”
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Amanda conta que foi isso que inspirou a iniciativa social na Colored Organics. “Queria fazer uma mudança e queria oferecer a todas as mães a oportunidade de fazer a diferença na vida de uma criança com necessidade. Quando nós doamos juntos, acredito que podemos ter um grande impacto.”
A ideia de doar 50% dos lucros não é nova, mas colocar a caridade como uma das ideias-chave de um negócio é comum nas motivações de muitos millennials. “Nossa iniciativa social foi anunciada no lançamento da coleção de verão de 2017”, diz Amanda. “Esperamos construir nosso primeiro orfanato no início de 2018.”