Em novembro de 2016, Jack Bonneau, de 10 anos, da cidade de Broomfield, no Colorado, apareceu no programa “Shark Tank”, da rede de televisão norte-americana ABC, para mostrar suas barracas de limonada e seu negócio de locação dos estandes. Jack pediu US$ 50 mil para 10% de participação no seu negócio.
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O projeto do garoto também destacou como outras crianças poderiam iniciar jornadas empresariais. Jack compartilhou maneiras como elas poderiam operar as barracas ou alugar espaços nos mercados, tudo enquanto aprendia sobre estratégias de negócios, empreendedorismo, logística e lucros.
Os jurados, chamados de sharks no programa, gostaram da ideia do menino e ficaram impressionados com sua motivação empresarial. No entanto, a maioria dos sharks sentiam que o negócio ainda precisava crescer mais um pouco. Chris Sacca, porém, ofereceu um empréstimo de US$ 50 mil com 2% de juros, que foi aceito imediatamente por Jack.
FORBES conversou com Jack Bonneau e o pai dele, Steve, para descobrir o que ele tem feito desde a aparição na televisão e como está fazendo a diferença no mundo dos jovens empreendedores. Na entrevista a seguir, foram abordados temas como a jornada do menino até o programa, seu modelo de negócio atual, como a escola teve um importante papel no seu sucesso e o que ele planeja para 2018.
FORBES: Jack, lembre aos nossos leitores quem você é e o que faz, por favor.
Jack Bonneau: Eu sou o fundador e CEO da empresa Jack’s Stands & Marketplaces e tenho 12 anos. Meu negócio fornece às crianças e à família delas a oportunidade de aprender sobre empreendedorismo, negócios e educação financeira. Elas também desenvolvem habilidades sociais e de vida enquanto ganham dinheiro e se divertem.
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FORBES: Quem deu a ideia de participar do “Shark Tank”?
Jack: Eu estava em Nova York para o “Today Show” e, por acidente, descobri que no dia seguinte teria uma audição aberta para o “Shark Tank” em Manhattan. Eu acordei cedo para ficar na fila e, quando chegou minha vez, dei minha ideia sozinho.
FORBES: Isso foi muito corajoso. Como você se sentiu ao ficar de frente com os sharks?
Jack: Eu estava mais animado do que nervoso. Mostrar meu projeto para Mark Cuban, Lori, Barbara, Mr. Wonderful e Chris Sacca foi uma vitória para mim. Tudo que aconteceu depois foi apenas a cereja do bolo!
FORBES: O que aconteceu depois disso?
Jack: Algumas semanas depois, descobri que minha ideia foi aceita, mas que tinha todo um processo de envio de vídeos e centenas de páginas de papelada. Entretanto, a equipe do programa se comunicou comigo e com minha família o tempo todo. Eles me avisaram que não havia garantia de que eu continuaria no processo e apareceria na TV, mas, felizmente, consegui.
FORBES: Como eram os bastidores do programa?
Jack: Tudo o que eu posso dizer é que fui extremamente bem tratado e tive uma excelente experiência. Passei quase uma hora respondendo às perguntas dos jurados, mas o trabalho foi editado para sete minutos e meio.
FORBES: Você pode nos contar sobre o seu negócio de uma forma que qualquer criança pudesse compreender?
Jack: As crianças podem vender limonada, chá gelado e outros produtos de empreendedores jovens nos nossos espaços de venda.
FORBES: Como elas ganham dinheiro?
Jack: Elas recebem uma porção de cada venda, embolsando entre 8% e 10% do que vendem, além de ficar com todas as gorjetas.
FORBES: O que elas aprendem sobre empreendedorismo?
Jack: Aprendem sobre negócios e desenvolvem habilidades de vida e sociais enquanto ganham dinheiro e se divertem.
FORBES: E como você lucra?
Jack: Eu lucro ao comprar produtos no atacado e revender no varejo.
FORBES: Qual o valor da receita que você fez desde que esteve no “Shark Tank”?
Jack: Posso dizer que ganhei muito mais do que a maioria dos jovens de 12 anos, mas o mais importante é que as crianças que operaram nas minhas locações receberem milhares de dólares em lucros, comissões e gorjetas desde que eu comecei.
FORBES: Qual é o seu modelo de negócio atual?
Jack: Eu tenho alguns modelos de negócio.
FORBES: Você poderia explicá-los?
Jack: Claro. Um deles é fornecer aos jovens empreendedores a oportunidade de vender os produtos deles nos meus locais físicos e online. Eu compro os produtos por atacado ou por consignação. Depois, eu providencio a essas crianças e às família delas a chance de operar os meus estandes durante o verão nas feiras e durante o inverno nos shoppings. Elas se inscrevem no site JacksStands.com e pagam uma taxa de inscrição para reservar um local, data e horário. Além disso, tenho minha própria marca de limonada e outros produtos que estou desenvolvendo.
FORBES: Você mudou algum aspecto do negócio?
Jack: Sim, nós tivemos alguns desafios com crianças abrindo lojas próprias, por isso fizemos algumas mudanças.
FORBES: O que vocês fizeram?
Jack: As crianças não abrem seus próprios locais porque encontram muitos desafios. Agora, nós trabalhamos com organizações e companhias que querem eleger um lugar para a juventude local. As crianças e as famílias operam em “turnos” em uma das minhas locações durante o verão ou época de feriados. Desde que iniciei o projeto há quatro anos, eles trabalharam milhares de turnos.
FORBES: O que você tem feito desde que o programa foi ao ar?
Jack: Tenho trabalhado em muitos projetos. No último verão, fui o porta voz da Smuckers, marca de bebidas da Santa Cruz Organic. Também lancei minha própria marca de limonada, que espero levar ao Whole Foods, Kroger’s e Wegmans. E, recentemente, junto ao mindSpark Learning (ONG de educação), falei no encontro anual de diretores na Câmara Americana de Comércio, em Washington, D.C.
FORBES: Você já fez algum trabalho de caridade?
Jack: Sim. No mês passado falei para mais de 1,6 mil crianças de Florida Keys em quatro escolas diferentes para compartilhar minha história, dar encorajamento depois do Furacão Irma e doei milhares de dólares do meu negócio (com metade em fundos correspondentes da mindSpark Learning).
FORBES: Você ainda ensina as crianças a se tornarem empreendedoras?
Jack: Sim. Estou trabalhando em uma série de vídeos e podcasts para compartilhar minha jornada, entrevistar outros jovens empreendedores, avaliar e comentar positivamente sobre seus produtos e ensinar as crianças os fundamentos, conceitos e termos de negócios e empreendedorismo.
FORBES: Que papel a sua escola teve em relação ao apoio e crescimento do negócio?
Jack: A minha escola, a STEM Lab, no distrito escolar de Adams, no Colorado, tem me apoiado muito. Ela valoriza as experiências e jornadas que vivenciei e acredita que são tão importantes como minha educação escolar. Quando eu tenho uma palestra ou reuniões de negócios (especialmente entre Ação de Graças e o Natal), eu tenho um recesso para operar o meu negócio durante os feriados.
FORBES: Os seus professores não vêem problemas nos seus compromissos?
Jack: Não, todos os meus professores trabalham comigo para me atualizar por meio do Google Classroom e outras plataformas online, como Khan Academy, para que eu possa acompanhar as tarefas.
FORBES: Geralmente, empreendedorismo não é ensinado nas escolas públicas. O que você diria a outras escolas sobre a importância de ter a matéria na grade curricular?
Jack: É importante que as crianças aprendam sobre empreendedorismo – eu aprendi como solucionar problemas, ser criativo, trabalhar e falar com crianças, adultos e com o público. Eu também aprendi sobre educação financeira, matemática, contabilidade e como priorizar meu tempo. Você ouve sobre crianças mais velhas que vão para a faculdade ou morar sozinhas, e elas podem ter dificuldades em todas essas áreas.
FORBES: Qual a novidade para 2018?
Jack: Estou organizando uma turnê de jovens empresários para darem palestras em escolas ao redor dos Estados Unidos.
FORBES: Do que se trata a turnê?
Jack: Eu quero contar a minha história a crianças que, provavelmente, não teriam a oportunidade de conversar com alguém como eu, que pode inspirá-las a acreditar que são capazes de fazer qualquer coisa. No próximo mês vou palestrar em mais de 30 escolas para 12 mil estudantes em comunidades rurais das montanhas no Colorado. Eu chamo a turnê de “Just Do It”. A minha meta é começar no Colorado e, então, levar a experiência para crianças e comunidades em todo o país.
FORBES: E uma meta especial?
Jack: Por fim, tenho o objetivo de entrar na lista Under 30 para inspirar mais crianças – e adultos – a seguirem suas paixões.
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