A veterana do Vale do Silício Judy Estrin fala sobre a criação da expressão “computação em nuvem”, a contratação de líderes mulheres e o salvamento da Disney.
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O que você tinha em mente quando escreveu seu famoso artigo “Nuvem versus cadeias” em 2000?
Estávamos defendendo que a nova infraestrutura integrada de voz e dados ficasse mais parecida com a internet do que com a telefonia tradicional. Hoje, a definição de “nuvem” foi ampliada. Significa potência computacional massiva disponível “na nuvem” – ou seja, via internet.
O que os CEOs devem pensar com relação à tecnologia de nuvem?
Eles precisam pensar na nuvem. Ela acelera a adoção de novas tecnologias, o que significa que também acelera a evolução das empresas. Seus concorrentes estão pensando nela. Você não pode delegá-la para seu pessoal de tecnologia.
Você foi a primeira conselheira mulher da FedEx, certo?
Eu tinha 36 anos quando o Fred [Frederick W. Smith, fundador e CEO da FedEx] me pediu para entrar. Foi difícil, no começo. Eu era a única mulher. Tinha desenvolvido minha carreira no Vale do Silício de uma forma bem diferente, criando startups. Enfrentei aquilo ouvindo e descobrindo maneiras de contribuir. Construí relacionamentos.
Você atuou no conselho da FedEx por 21 anos e no da Disney por 15…
A Disney era uma empresa muito diferente. Michael Eisner era o CEO. Ele e a Disney tinham acabado de ser criticados por terem o pior conselho dos Estados Unidos – demasiadamente insular. Minha função era ajudar a Disney a entender a internet.
Todos os conselhos dizem que querem mais mulheres. Como contratá-las?
Você acabará tendo conselheiros melhores se sua abordagem for: “sim, temos interesse na diversidade”. Mas também temos interesse em tais tipos de capacitação ou conhecimento especializado ou em tal tipo de líder. Primeiro, você deve encontrar um ótimo conselheiro, para depois trabalhar em prol da diversidade.
O Vale do Silício continua um tanto hostil às mulheres nos conselhos de administração. O que acontece?
As bases de contratação são pequenas demais. Os conselheiros vêm de empresas de capital de risco ou então são ex- CEOs. O problema resultante não é só o assédio sexual sobre o qual você lê. É uma insularidade que prejudica a agilidade e o dinamismo.
Reportagem publicada na edição 57, lançada em março de 2018