Bruno Sindona cresceu vendo o pai, um empreiteiro de mão de obra, sustentar a família fazendo pequenas construções e reformas na periferia de Osasco, na Grande São Paulo. Observar os percalços da conquista da casa própria o levou a empreender. Com o pai, empréstimos familiares e uma pequena poupança, Sindona levantou R$ 150 mil para investir na primeira incorporação, um edifício de 32 apartamentos, empreendimento que estava abandonado por uma construtora que havia falido. O ano era 2008.
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Hoje, com apenas 29 anos, ele está à frente da Sindona, incorporadora voltada a construir prédios populares no âmbito do programa de habitação Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Com 140 funcionários e fábrica própria de blocos de concreto, a Sindona vem se destacando por oferecer apartamentos com preços entre R$ 150 mil e R$ 250 mil em prédios com acabamento e conforto semelhantes ao de empreendimentos padrão classe média alta. Churrasqueira na varanda, chuveiro a gás, jardinagem com espelhos d’água, fachadas colaborativas (onde os clientes podem escolher acabamentos) e até consultoria de arquiteta para finalizar piso e acessórios estão entre os diferenciais da incorporadora social.
Segundo Sindona, o fato de vir da periferia e estar próximo do seu consumidor fez com que apostasse nesses itens. Ele vai contra a “commoditiezação” dos empreendimentos populares, quase sempre com paredes beges, sem elevadores e sem glamour. “O mercado imobiliário vende o metro quadrado, mas nossa proposta é ser um agente transformador do sonho da casa própria em realidade”, diz o empreendedor. “E as pessoas das periferias também querem conforto, uma fachada bonita, um jardim planejado, wi-fi nas áreas comuns”, diz ele.
Para manter os empreendimentos dentro de uma faixa de custo viável, Sindona trabalha com mão de obra própria, busca boas ofertas de materiais de construção e produz os próprios blocos de concreto. A empresa já ergueu três conjuntos residenciais em Osasco e Cotia e começará as obras do primeiro conjunto horizontal popular junto à natureza, o Sindona Parque, em Cotia – outra inovação, inspirada nos condomínios verdes que proliferaram no entorno da capital paulista nos últimos anos. A Sindona faturou R$ 25 milhões no último ano.
Reportagem publicada na edição 57, lançada em março de 2018