O grupo indiano Sterlite Power, que no ano passado arrematou concessões para construir linhas de transmissão de energia no Brasil que devem demandar US$ 1 bilhão, avalia multiplicar por quatro o volume de investimentos em projetos no país nos próximos quatro anos, disse à Reuters o presidente global da companhia.
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Olhando melhores retornos e uma grande gama de oportunidades para investimentos no Brasil, a ideia da Sterlite é crescer rapidamente no país e usar também sua sede em São Paulo como base para uma futura expansão em outras partes da América Latina.
O mercado de transmissão de energia do Brasil tem atraído investimentos de gigantes globais, como a chinesa State Grid, maior elétrica do mundo, a francesa Engie e a portuguesa EDP, que tem a China Three Gorges como importante acionista e parceira estratégica.
Essas empresas aumentaram o apetite por negócios no setor principalmente a partir do ano passado, depois que o governo brasileiro elevou o retorno autorizado para os projetos de transmissão devido à necessidade de atrair novos empreendedores em meio a uma retração de investimentos da estatal Eletrobras, maior elétrica da América Latina.
“Nós já nos comprometemos com US$ 1 bilhão [em projetos]. E estamos abertos para ampliar isso em três ou quatro vezes nos próximos três ou quatro anos”, disse o CEO global da Sterlite, Pratik Agarwal, que está no país para conhecer melhor a cultura local e consolidar a presença da companhia.
A projeção de investimento está em linha com os aportes de US$ 1 bilhão por ano informados à Reuters anteriormente por uma fonte com conhecimento da estratégia da Sterlite.
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Ele afirmou que a empresa tem estruturado uma equipe local e procura no momento um executivo experiente para assumir o comando das operações brasileiras e liderar uma expansão que poderá passar no curto ou médio prazo por incursões em outros países.
O investimento no Brasil é, por enquanto, o primeiro da Sterlite fora da Índia, embora a empresa tenha origem no Grupo Vedanta, com negócios em petróleo e gás, mineração e outros segmentos ao redor do mundo.
“São Paulo será nosso quartel-general na América Latina para olhar para além do Brasil”, disse.
Ele citou como países de potencial interesse a Argentina, o Chile, o México e, eventualmente, o Peru, e apontou que o avanço para esses mercados poderia acontecer em um período de um a três anos.
O executivo apontou ainda que, além de participar de leilões do governo para novos projetos, a Sterlite avaliará também eventuais aquisições como parte de sua estratégia no país.
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A preferência em todos investimentos, segundo ele, é por projetos “complexos”, nos quais avalia que a companhia acredita ter mais condições de gerar valor e obter vantagens em relação aos concorrentes.
TECNOLOGIA E AGILIDADE
A Sterlite chamou a atenção da indústria brasileira de energia na primeira licitação da qual participou, em abril do ano passado, ao arrematar uma concessão de transmissão com um desconto de 58,9% em relação à receita máxima autorizada pelo governo para o projeto.
A companhia ainda levou mais um projeto naquele mesmo certame e um terceiro em um outro leilão, em dezembro, quando ficou com o maior empreendimento oferecido aos investidores.
A construção dessas linhas já arrematadas demandará cerca de US$ 1 bilhão.
Segundo Pratik, a estratégia da companhia para ter um bom retorno mesmo após os elevados deságios passa pelo uso intensivo de tecnologia, por um bom planejamento das obras e pela antecipação da entrega das linhas, o que gera uma receita adicional.
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“Existe um certo mito de que nosso deságio foi muito alto. Se você olhar, no mesmo leilão houve lances com deságio semelhante… Nós temos um processo muito robusto de planejamento. Acredito que colocamos mais homens-hora antes de um projeto de que a maior parte das empresas no país e no mundo”, afirmou.
Ele disse, ainda, que a empresa já garantiu financiamento e todas as licenças ambientais para um de seus três projetos e que há grande confiança em conseguir entregá-los antecipadamente. “Temos um excelente histórico em entregar projetos antes do prazo e em usar algumas estratégias inovadoras”, disse Pratik.
Ele contou que, em um projeto na Índia, a companhia chegou a utilizar helicópteros para levar torres de transmissão ao local de uma obra em uma região montanhosa, o que economizou meses ante o modo mais tradicional utilizado anteriormente pela indústria indiana: o carregamento de equipamentos com burros de carga.
Segundo o executivo, existe a possibilidade de que o uso dos helicópteros e outras inovações, como drones, sejam possíveis também em obras no Brasil, como um linhão de quase dois mil quilômetros que a companhia irá construir no Norte para ajudar a integrar ao sistema a produção da hidrelétrica de Belo Monte. “Em áreas como o Pará, Tocantins e na Amazônia, onde é difícil levar o material, você pode conseguir reduzir o tempo do projeto”, disse.
Ele afirmou ainda que uma das características da Sterlite para privilegiar a inovação é a contratação de profissionais de diferentes setores, e não apenas da área de energia. “Mais de 50% deles são de outros setores, como óleo e gás, tecnologia da informação, aviação… Pessoas que estão acostumadas a entregar coisas rapidamente e que pensam fora da caixa”, afirmou.