A oferta surpresa da fabricante de chips Broadcom para comprar a empresa de software CA por US$ 18,9 bilhões removeu o mesmo montante de seu valor de mercado ontem (12), com investidores e analistas procurando por uma razão clara para a aquisição.
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A Broadcom, que ganhou valor comprando rivais na última década, fechou um acordo na quarta-feira (11) para comprar a empresa de software CA por US$ 44,50 por ação em dinheiro, meses depois do presidente norte-americano Donald Trump ter impedido a mega fusão da companhia com a Qualcomm, um negócio de US$ 117 bilhões.
Enquanto alguns analistas dizem que a mudança no foco setorial pode ser outro golpe de mestre por parte do presidente-executivo da Broadcom, Hock Tan, muitos levantaram preocupações sobre um acordo que reduz o crescimento da Broadcom de 5% para 3%.
“É a aquisição mais bizarra, desfocada e não estratégica da última década”, disse Eric Schiffer, presidente-executivo da Patriarch Organization, uma empresa de private equity.
A famosa ambição do presidente da Broadcom transformou a empresa de uma incipiente fabricante de chips em uma potência global, por meio de uma série de grandes negócios. O executivo é amplamente respeitado em Wall Street por sua perspicácia empresarial.
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O analista da Susquehanna, Christopher Rolland, disse que a incursão na indústria de software pode ter sido motivada pela falta de opções viáveis na indústria de semicondutores e pelo aumento da fiscalização regulatória.
O principal negócio da CA é vender software para grandes computadores mainframe, nos quais perde apenas para a IBM.
Mas, embora esse negócio gere um fluxo de caixa de US$ 10 bilhões por ano, seu crescimento de receita tem sido estável, à medida que mais clientes escolhem serviços de computação em nuvem em vez de centrais próprias de processamento de dados.
Após o acordo, a companhia combinada teria aproximadamente 71% de receita em semicondutores e 28% em software.
“Acreditamos que muitos investidores podem não gostar, pelo menos inicialmente, mas isso abre as portas para um novo ângulo da história e melhora ainda mais o potencial de retorno de capital da Broadcom”, disse o analista da UBS, Timothy Arcuri.