Apesar de a tarefa de tomar decisões ser um dos principais papéis de um líder, o assunto é, muitas vezes, negligenciado em meio às inúmeras conversas sobre os atributos e missões da liderança. É discutível que a enorme quantidade de informação disponível para o executivo moderno tenha tornado o ato de tomar uma decisão mais difícil do que fácil. No entanto, isso não deve continuar a ser um obstáculo. Nesse sentido, há uma visão crescente de que a inteligência artificial poderia ter um efeito benigno, apesar de ser amplamente vista como o fim de toda uma gama de empregos.
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Como já publicado pela FORBES, um novo livro – “Prediction Machines” (algo como “Máquinas de Previsão”, em tradução livre), de Ajay Agrawal, Joshua Gans e Avi Goldfarb, da Universidade de Toronto – sugere que o poder da IA reside na sua capacidade de reduzir o custo da previsão, dando aos profissionais maior certeza – uma mercadoria inestimável em um momento em que há um consenso geral de que a volatilidade e a incerteza estão entre as forças dominantes no atual clima de negócios. De fato, o potencial desta tecnologia para desvendar os segredos nas quantidades cada vez maiores de dados que estão sendo coletados pode ajudar a transformar uma parte específica e importante do negócio – previsão e planejamento.
Na vanguarda dessa revolução está a Anaplan, fundada em 2006 por Michael Gould, no celeiro de uma propriedade em Yorkshire. O fundador estava convencido de que havia uma maneira melhor de fornecer às empresas as ferramentas de previsão de que precisava. Usando a nuvem para permitir que as unidades de negócios colaborassem de forma mais eficaz, a Anaplan reuniu rapidamente uma lista de clientes renomados, como a Coca-Cola, a seguradora RSA e o braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
Estas companhias contaram suas histórias em uma conferência – que parecia mais uma manifestação religiosa do que um evento de negócios convencional – realizada em Londres no início deste verão europeu. O executivo-chefe Frank Calderoni deu o tom dizendo: “O planejamento, da forma como conhecemos, está morto”. Ao salientar que empresas de todos os setores estavam sendo prejudicadas por novos participantes, que em geral eram muito mais ágeis do que as atuais, acrescentou: “O grande ponto quando se fala em disrupção é a necessidade de uma tomada urgente de decisões.” Ao reconhecer que ainda há uma lacuna entre o planejamento e a tomada de decisão, Calderoni falou com confiança em levar essa diferença a zero.
Dado o valor deste objetivo, não é de surpreender que, apesar de todo o seu sucesso frente a empresas de software muito mais conhecidas, a Anaplan não seja a única. A consultoria Accenture, por exemplo, recebeu recentemente uma patente norte-americana para sua plataforma ZBx, que usa IA e aprendizado de máquina para categorizar rapidamente transações financeiras e, assim, analisar gastos instantaneamente. David Axson, diretor-gerente da Accenture Strategy e especialista de longa data no papel das finanças nos negócios, vê os avanços na tecnologia e o crescimento do ZBx, como a criação de um “momento mais estimulante para atuar em finanças”. Entrevistado no início deste mês, ele disse: “É a libertação do profissional da tirania das planilhas”.
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Mas não é apenas o caso de colocar uma mola no caminho dos especialistas e planejadores financeiros, que podem passar mais da metade do seu tempo dedicados a reunir informações para estudar e avaliar as implicações de diferentes cenários. As empresas já estabelecidas que estão sob ameaça de novos players, de repente, têm a chance de se transformar, simplesmente porque têm muito mais dados sobre as diferentes partes de seus negócios para analisar e, então, agir. Como diz Naomi Hudson, colega de Axson na Accenture Strategy, “melhorias incrementais não são mais suficientes” e pouquíssimas empresas não tentaram mudar seus padrões e, muitas vezes, suas cadeias de suprimentos de uma forma ou de outra.
Graças ao big data e à capacidade crescente da inteligência artificial de peneirar as pistas que permitem a profissionais qualificados fornecer insights que, por sua vez, podem levar a decisões melhores e mais rápidas, a Holy Grail, fabricante de produtos pessoais, deixou de ser capaz de fechar os livros apenas quando o período de negociação terminasse para ter acesso instantâneo a contas de gerenciamento que dizem muito sobre a saúde da empresa. Isso significa que ela tem tempo hábil para que o profissional tome decisões de efeito – o que Avi Goldfarb e seus colegas autores de “Prediction Machines” chamam de julgamento.
Na opinião de Axson, da Accenture, o valor do tempo extra é semelhante ao da luz no painel do carro avisando que o combustível está acabando. Se a luz acender quando ainda há combustível para 100 quilômetros, é muito mais útil do que se ela surgir quando houver apenas o suficiente para 10, diz ele.