A atividade de private equity e venture capital é relativamente recente no Brasil. Começou nos anos 1980, deslanchou na segunda metade da década de 1990 e quase desapareceu na virada do milênio. Hoje seus números são sólidos. Em 2016, as 134 gestoras atuantes no país colocaram R$ 11,3 bilhões em novos investimentos – que, somados aos aportes dos anos anteriores, totalizaram R$ 102,2 bilhões de capital investido em participações de empresas.
LEIA MAIS: Como a empresa de Eduardo Saverin ressurgiu das cinzas
Fundada há 18 anos, a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) comemorou a maioridade em um evento que reuniu empresários e representantes do mercado financeiro em São Paulo. O porta-voz e vice-presidente da associação, Piero Minardi, falou sobre o panorama desse tipo de investimento no Brasil.
Defina a indústria de private equity e venture capital.
É a aplicação de dinheiro na participação em empresas de capital fechado, com o objetivo de participar nas tomadas de decisão da companhia, seja no Conselho de Administração, seja diretamente na gestão. Além disso, procura promover o desenvolvimento dos negócios, levar a eles níveis internacionais de governança corporativa até colocá-las no mercado de capital. São participações acionárias de longo prazo, com possibilidade de venda depois de alguns anos – o investidor costuma deixar o dinheiro aplicado em um fundo de private equity por dez anos.
Como esse modelo se desenvolveu aqui?
Foi uma trajetória longa e com grandes dificuldades. A indústria teve um ciclo de crescimento muito rápido após o Plano Real – em 1998, mais de 40 fundos de private equity e venture capital atuavam aqui. Depois da primeira desvalorização do real, em 1999, sobraram cinco ou seis fundos. Foi assim até 2004.
VEJA TAMBÉM: Tratar bem funcionário melhora desempenho da empresa
Qual é o papel da associação nessa história?
Ela surgiu naquele momento de baixa para ajudar gestores e investidores a aplicar nesse tipo de ativos e auxiliar na construção de legislações específicas. Esse trabalho criou a base para o crescimento exponencial da indústria que viria com a retomada econômica, a partir de 2005. Representamos o capital menos especulativo e mais ligado à produção. É dinheiro de investidores que aplicam centenas de milhões – até bilhões – de dólares para desenvolver negócios e gerar emprego no Brasil, mesmo sob nosso risco-país (por causa de legislação, economia e câmbio). Nos EUA, os fundos de private equity costumam dar capital para empreendedores desenvolverem um negócio – foi assim que surgiram empresas tecnológicas como Google e Amazon.
Onde estão as melhores oportunidades de negócios?
O Brasil tem boas oportunidades em setores como varejo, educação e saúde. E o país precisa da indústria de participações para destravar rapidamente a questão da infraestrutura.
Os investidores se interessam pelo Brasil?
Nosso mercado é mais interessante que outros países da América Latina para o capital de risco. Temos muito mais empreendedores. Puxamos o freio de mão recentemente, mas agora o crescimento voltou forte.