O dólar fechou hoje (6) em baixa de quase 1% ante o real, em meio à recuperação de divisas de países emergentes no exterior e após atentado sofrido pelo candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, levando o mercado a avaliar que isso poderia fazer candidatos mais à esquerda perderem fôlego na corrida eleitoral.
LEIA MAIS: Dólar inicia o dia em queda ante o real
O pregão também foi marcado por volume mais baixo pelo feriado do Dia da Independência no dia seguinte e que manterá os mercados locais fechados.
A moeda norte-americana recuou 0,95%, a R$ 4,1042 na venda, mas acumulou alta de 0,78% na semana. Em agosto, a moeda norte-americana ganhou de mais de 8%.
O dólar futuro tinha queda de cerca de 1% no final da tarde.
“Com o exterior mais tranquilo, o investidor resolveu dar uma parada [nas compras] por aqui”, comentou um operador de câmbio de uma corretora local.
O dólar recuava frente a moedas de países emergentes, após recentes altas em meio ao cenário delicado em diversos países, como Turquia e Argentina, mas sem deixar de lado as preocupações com a guerra comercial patrocinada pelos Estados Unidos com seus parceiros. A moeda norte-americana também recuava ante uma cesta de moedas.
VEJA TAMBÉM: Dólar tem leve queda ante real
A queda do dólar ganhou um pouco mais de fôlego na reta final do pregão, após a notícia de que Bolsonaro havia sido alvo de uma facada na região do abdômen durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG).
Segundo informações da “GloboNews”, o político estava passando por uma cirurgia. Antes, Flavio Bolsonaro, um dos filhos do candidato do PSL, disse que o candidato passava bem e que havia levado seis pontos no local do ferimento. “A primeira interpretação é de que a esquerda pode perder força nas eleições”, disse um gestor de derivativos de uma corretora estrangeira.
Nova pesquisa Ibope publicada na noite passada (5) mostrou que Bolsonaro continuava na liderança na corrida ao Palácio do Planalto, com 22%, seguido de Marina Silva (Rede), com 12%.
Um dos destaques ficou por conta do avanço acima da margem de erro de Ciro Gomes (PDT), a 12%, sobre 9% antes. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, oscilou para 9%, de 7% antes, enquanto Fernando Haddad (PT) ficou com 6%, frente a 4%.
O mercado avalia que Alckmin seria mais comprometido com reformas que considera necessárias ao ajuste fiscal do país. Por outro lado, vê candidatos de esquerda com menos cuidado com as contas públicas.
“O atentado favorece candidatos de direita, que defendem ação mais enérgica do estado contra criminosos”, comentou um gestor de derivativos de um banco estrangeiro.
Para o analista político e sócio da Hold Assessoria Legislativa, André Cesar, essa situação pode favorecer a candidatura de Bolsonaro se for comprovado que o atentado teve conotação política. “E também o inverso… Por isso, é necessário se deixar tudo absolutamente esclarecido”, afirmou ele, acrescentando que podem surgir especulações de que o atentado possa ter sido armado.
E AINDA: Conheça as 5 dimensões de uma vida próspera
Amanhã, quando os mercados domésticos estarão fechados por causa do feriado, será conhecida mais pesquisa eleitoral encomendada pela XP Investimentos sobre a corrida eleitoral e, nos Estados Unidos, serão divulgados dados sobre o mercado de trabalho, indicador bastante acompanhado pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, na formulação de sua política monetária.
Em meio a tantas incertezas, pesquisa da Reuters com estrategistas e economistas mostrou que o dólar deve recuar 8,7%, a R$ 3,79 em 12 meses, se comparado com o atual patamar ao redor de R$ 4,15, de acordo com a mediana de 30 estimativas coletadas entre 31 de agosto e 4 de setembro.
Seria uma taxa um pouco mais alta do que o resultado de R$ 3,60 apurado na pesquisa do mês passado, revisão surpreendentemente pequena após a moeda marcar sua maior alta mensal em três anos no mês passado. O dólar saltou 8,46% em agosto.
Mas esse dado provavelmente não representa adequadamente o quanto os especialistas estão correndo para atualizar suas estimativas. O desvio padrão, uma medida de dispersão, atingiu o maior nível desde maio de 2016, época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, superando um pico atingido em junho.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 2,18 bilhão do total de US$ 9,801 bilhões que vence em outubro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.