O dólar inaugurou setembro com alta de quase 2% e foi a R$ 4,15, com a cautela predominando entre os investidores devido ao cenário eleitoral doméstico, às preocupações com a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros e a crise na Argentina.
LEIA MAIS: Dólar salta cerca de 1,5% ante real
O dólar avançou hoje (3) 1,95%, a R$ 4,1520 na venda, renovando o segundo maior patamar da história, atrás apenas no nível de R$ 4,1655 visto em 21 de janeiro de 2016.
A moeda norte-americana já havia fechado agosto com o maior avanço mensal desde setembro de 2015, de 8,46%. O dólar futuro avançava cerca de 2,4% no final da tarde.
“O cenário ainda é incerto, tanto com a guerra comercial quanto com o desfecho das eleições. E ainda há menor liquidez com o feriado dos EUA”, afirmou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora local, referindo-se ao Dia do Trabalho norte-americano que manteve os mercados locais fechados, limitando o volume de negócios.
Apesar de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter barrado a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência no final de semana, líder em todas as pesquisas de intenção de voto, ele apareceu nas campanhas de rádio e televisão. Para o mercado, isso pode aumentar a transferência de votos dele para seu candidato a vice na chapa, Fernando Haddad.
O TSE mandou suspender a veiculação de propaganda eleitoral que apresente Lula como candidato a presidente e determinou multa de R$ 500 mil para cada propaganda veiculada no rádio em caso de descumprimento. “A maior cautela do mercado hoje é uma grande transferência de votos de Lula para seu [ao que tudo indica] sucessor, Fernando Haddad”, trouxe a H.Commcor Corretora em relatório.
O mercado enxerga que o PT teria menos cuidado com a questão fiscal do país, sem fazer as reformas que considera importante para o ajuste das contas públicas.
Os investidores trabalharam ainda na expectativa de novas pesquisas de intenção de votos: Ibope, amanhã (4), e Datafolha, na quinta-feira (6).
Levantamento conhecido nesta sessão, do banco BTG, mostrou que Jair Bolsonaro (PSL) seguia na liderança, mas em segundo lugar apareceu Ciro Gomes (PDT), que ultrapassou Marina Silva (Rede). Geraldo Alckmin (PSDB), candidato que mais agrada ao mercado, continuava patinando.
No exterior, os investidores monitoraram ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais. No final de semana, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que o Canadá não era necessário no acordo do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
Há temores de que a economia mundial seja afetada por essa disputa. A China, que corre o risco de ter novas tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos pelos Estados Unidos, divulgou que seu crescimento industrial desacelerou para a mínima em 14 meses em agosto, justamente por causa da guerra comercial.
Além disso, a Argentina ainda seguia como foco de preocupação. Nesta manhã, o governo anunciou novo imposto sobre exportações para reduzir seu déficit fiscal e a reestruturação dos ministérios para reduzir gastos.
O dólar avançava com força ante outras divisas de países emergentes, com destaque para o peso argentino e a lira turca. Ante uma cesta de moedas fortes, o dólar rondava a estabilidade.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 545 milhões do total de US$ 9,801 bilhões que vence em outubro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.