Apesar dos escândalos de corrupção com que virou notícia fora da seção de economia, a Petrobras (NYSE: PBR) tem tido um ano ótimo. As ações da estatal brasileira subiram quase 30% desde o início do ano, impulsionadas pela melhoria dos preços internacionais das commodities e pelo crescimento sustentado da produção. Além disso, a empresa conseguiu reduzir sua dívida bruta e suas despesas financeiras, num reforço do resultado alcançado nos últimos dois trimestres. Assim, agora é possível acreditar que o sucesso do plano de redução da dívida da empresa permitirá atingir a meta de endividamento líquido ao final de 2018. A estimativa de preço para a Petrobras é de US$ 12 por ação — já maior que o preço atual de mercado dos papéis da estatal.
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Veja abaixo os fatores que podem contribuir para o aumento da receita da Petrobras a curto prazo:
Preços crescentes das commodities
Depois de viver sua pior crise, os mercados de commodities parecem ter se refeito nos últimos trimestres. Apoiados pelos cortes de produção impostos pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados desde o início de 2017, os preços do petróleo e do gás se recuperaram e agora estão em queda, recuando a níveis anteriores a 2014.
Os preços do petróleo tipo Brent, referência mundial para o custo do produto, atualmente são negociados a US$ 84 o barril, quase 26% acima do valor do início do ano. O petróleo WTI também mostrou uma melhoria sólida: aumentou para US$ 74 o preço por barril no momento, um crescimento de 23% no acumulado do ano. Em paralelo, o preço do gás natural ganhou corpo nos últimos meses.
Apesar da incerteza nos mercados de commodities, as perspectivas para os preços continuam otimistas. Assim, a expectativa é de que a Petrobras testemunhe uma melhora nos ganhos em 2018 e amplie a receita com a sua primeira linha de produtos.
Metas agressivas de crescimento
Com base no seu mais recente Plano de Negócios e Gestão (2018-2022), a Petrobras espera ampliar a produção total de hidrocarbonetos para 3,5 milhões de barris de óleo por dia (MMboed) até 2022. Isso se traduz em uma taxa de crescimento anual composta de 6,7% para os próximos quatro anos.
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A maior parte desse crescimento será impulsionada pelo aumento da produção nacional de petróleo da companhia — a expectativa é de que a produção cresça a uma taxa anual composta de 8,4% e atinja 2,9 milhões de barris por dia em 2022, a partir da produção estimada de 2,1 MMboed neste ano. Este forte aumento produtivo permitirá capitalizar a empresa aos melhores preços de commodities e levá-la a um sólido crescimento nos próximos anos.
Plano de investimento de capital focado
Estimulada pela melhora nas commodities e por seus planos agressivos de crescimento, a Petrobras pretende atingir sua meta de produção com um investimento de capital focado, parcerias estratégicas e um programa de desinvestimento bem planejado. A meta é gastar US$ 74,5 bilhões em consumo de capital nos próximos 4-5 anos.
Como a exploração e a produção de petróleo e gás natural é o principal negócio da empresa, mais de 80% do orçamento será destinado a operações nesses segmentos. E, já que os planos da estatal são de aumentar a produção de hidrocarbonetos nos próximos anos, a maior parte do investimento será concentrada na conclusão de grandes projetos nesse nicho. A Petrobras espera inaugurar dezenove unidades de produção, algumas próprias e outras arrendadas, até 2022, para incrementar a produtividade. Quase 50% das novas unidades estarão focadas em projetos do pré-sal e pós-sal.
Além de gastar muito para crescer em E&P (Exploration & Production, ou exploração e produção em português), a empresa planeja investir cerca de US$ 13,2 bilhões em suas operações de downstream, principalmente em refino, transporte e marketing. Uma boa parte desse valor será destinada a dutos e unidades de processamento de gás natural para descarregar a produção do pré-sal, enquanto outra parte considerável será dedicada à qualidade do diesel e à segunda fase da refinaria RNEST, para a qual ainda busca parcerias.
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Resumo da história. Uma meta agressiva de crescimento da produção, juntamente com a recuperação sustentada dos preços das commodities, alavancará o crescimento da receita da Petrobras nos próximos três, quatro anos, uma expansão reforçada por um investimento de capital focado que aumentará sua presença nos segmentos que compõem sua primeira linha de produção.