O dólar terminou outubro com a maior queda porcentual ante o real desde junho de 2016, com o resultado da corrida presidencial brasileira levando a moeda a se afastar do pico do Plano Real, acima de R$ 4, para o patamar de R$ 3,70, com o qual deve continuar flertando por enquanto.
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Na próxima sexta-feira (2), com a formação da taxa Ptax de final de mês, a moeda trabalhou bastante pressionada pela manhã, mas a alta perdeu força à tarde, embora tenha se sustentado até o fechamento sob influência do exterior.
O dólar avançou 0,87%, a R$ 3,7227 na venda, acumulando, em outubro, queda de 7,79%, a maior desde o recuo de 11,05% de junho de 2016.
Na mínima da sessão, foi a R$ 3,6876 e, na máxima, a R$ 3,7456. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,60%.
“Para o dólar cair mais daqui para a frente, é preciso algo mais concreto, notícias de medidas”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, para quem o término das eleições presidenciais voltou a aproximar o exterior do mercado local.
“Via de regra, o cenário externo se sobrepõe às questões locais e lá fora o viés é de valorização”, emendou, ao acrescentar que além de monitorar fatores como a trajetória de alta do juro nos Estados Unidos, as novidades sobre o novo governo também seguirão no foco dos agentes no mês que tem início amanhã (1).
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Os investidores estão no período de lua de mel com o governo eleito e, por enquanto, o que foi falado tem agradado, como a possibilidade de independência do Banco Central, intenção de votar a reforma da Previdência ainda este ano, redução do número de ministérios e uma superpasta chefiada pelo liberal Paulo Guedes englobando Planejamento, Fazenda e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Mas, no exterior, além da trajetória de juros nos Estados Unidos, há cautela com os desdobramentos da guerra comercial, sobretudo com a China, já que paira sobre o país a possibilidade de novas tarifas dos norte-americanos se um acordo não for fechado, e com o crescimento global. Na Europa, a Itália e seu orçamento e o Brexit são os focos de tensão.
“O cenário global continua hostil, portanto a história brasileira depende apenas da agenda local e dos fluxos locais. Em outras palavras, os investidores globais não vão comprar o Brasil a menos que a situação [global] se acalme”, comentou um diretor de Tesouraria de um banco estrangeiro.
Nesta quarta-feira de fechamento de mês, as bolsas norte-americanas subiram, recuperando-se das vendas generalizadas recentes, e o dólar avançou ante as divisas de países emergentes, após a China divulgar dados mais fracos e os Estados Unidos, mais fortes – sobre o mercado de trabalho, reforçando as expectativas otimistas para o relatório do mercado de trabalho fora do setor agrícola na sexta-feira.
O dólar tinha leve alta ante a cesta de moedas, mantendo-se em sua máxima de 16 meses e avançava mais fortemente ante as divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
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Esse movimento externo se somou à formação da taxa Ptax de final de mês, durante a manhã, e levou o dólar a subir mais de 1% na máxima do dia aqui no Brasil, para se acomodar bem abaixo disso no fechamento.
A taxa Ptax de final de mês é usada para corrigir diversos contratos de derivativos cambiais.
“A moeda deve continuar oscilando ao redor dos R$ 3,70 muito provavelmente até o 1º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada”, avaliou o diretor da NGO Corretora Sidnei Nehme.
Com a oficialização, nas urnas, do cenário que mais agradava ao mercado, havia alguma expectativa em torno do futuro dos swaps cambiais tradicionais, mas o BC sinalizou na véspera que pretende rolar integralmente o vencimento de dezembro, de US$ 12,217 bilhões.
Em outubro – até ontem – o dólar caiu 8,58%, ou quase R$ 0,35, o que criava a expectativa de que a autoridade monetária poderia deixar de rolar parte de seu estoque de US$ 68,864 bilhões.
Na noite da véspera, no entanto, o BC já anunciou leilão para amanhã (1) leilão de 13,6 mil contratos, volume que, se repetido até o final do mês e vendido integralmente, rolará o total de dezembro.
Dólar ante real – 2018
Mês e Variação
Janeiro – 4,05%
Fevereiro – 1,97%
Março – 1,77%
Abril – 6,16%
Maio – 6,66%
Junho – 3,76%
Julho – 3,16%
Agosto – 8,46%
Setembro – 0,87%
Outubro – 7,79%