A gigante norte-americana Kohler, uma das principais fabricantes de louças e metais para cozinhas e banheiros, anunciou no início de novembro que Sérgio Alarcon será o novo vice-presidente de kitchen and bath para a América Latina. A empresa, fundada em 1873 por John Michael Kohler, nos Estados Unidos, chegou ao Brasil apenas em 2014. Cresceu e, em 2017, já contava com mais de 1 mil colaboradores.
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Aos 53 anos, o paulistano não é exatamente um novato na companhia. Alarcon já trabalhou nela entre 1999 e 2004, no México. Agora, de volta, tem como desafio superar as expectativas e fazer com que crescimento e inovação virem rotina. Em entrevista à FORBES, o novo VP afirma que foi o primeiro funcionário brasileiro da empresa e que, na época, a Kohler já tinha planos de expandir sua operação por aqui.
A formação de Alarcon, no entanto, é um tanto inusitada para um executivo que já passou por empresas do porte de Makro, C&C, Grosfillex e American Express: ele é geofísico, graduado pela Universidade de São Paulo (USP). Foi só depois de formado que decidiu fazer uma especialização em Marketing pela ESPM e um MBA pela Thunderbird School of Global Management, em Phoenix, nos Estados Unidos.
Alarcon reconhece a importância da sua formação acadêmica, mas diz que tem uma característica de seu perfil que o ajudou a avançar e a crescer profissionalmente. “Eu sempre tive noção de responsabilidade, de proprietário do negócio. Fui contratado pelas empresas e acredito que muitas oportunidades só surgiram por causa disso”, conta.
O executivo conversou com FORBES sobre carreira, negócios e inovação. Veja, a seguir, os melhores momentos dessa entrevista:
Qual foi o seu primeiro emprego?
Sérgio Alarcon: Tive alguns empregos no tempo de geofísico na USP… Fiz estágio, iniciação científica e até cheguei a trabalhar na Petrobras. Quando estava mudando da área técnica para a área de negócios, dei aula de física no Colégio Objetivo. Brinco que esse foi meu primeiro emprego nessa nova carreira, afinal eu precisava “vender” a disciplina para alunos adolescentes.
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Como é a experiência de retornar para a empresa? Você tem um olhar diferente de antes?
Sérgio: Tem a sensação de déjà vu, de voltar e ver que vários funcionários e acionistas são os mesmos, o que é legal. Outro lado bem interessante é ver o crescimento de muitos colegas que antes eram gerentes médios e são executivos hoje. E também constatar como a empresa mudou. Antes ela tinha um viés muito norte-americano e agora tem uma orientação muito global. Isso era impensável há 20 anos.
O que mudou na dinâmica e no funcionamento da empresa desde então? Qual dessas mudanças mais o surpreendeu?
Sérgio: Além dessa questão global, na parte de administração, recursos humanos e outros programas o que mais me surpreendeu foi a inovação. Atualmente existe um portfólio de produtos que atende virtualmente a qualquer gosto, com produtos clássicos, neoclássicos, de design orgânico, cosmopolita, minimalista.
Como descreveria o futuro dos negócios?
Sérgio: Acho que justamente a área de RH tem deixado historicamente de ser basicamente funcional para ser cada vez mais parceira de negócios. Acredito que ela é uma ferramenta estratégica e fundamental, além do marketing, para ser bem-sucedido. Dentro da Kohler, sinto isso de forma marcante.
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E o mercado de inovação?
Sérgio: Quando se trata de inovação, um ponto muito importante é que os acionistas e as famílias façam parte de todos os processos do desenvolvimento de um produto. É impressionante o talento e a orientação que eles têm para produtos tecnológicos, como vasos sanitários inteligentes, novos materiais, economizadores de água e o principal, que é a automação residencial. Aqui temos o sistema Kohler Connect. A empresa vai expor essa novidade em janeiro na Consumer Electronic Show, em Las Vegas, um dos eventos mais importantes do setor.
Como você faz para equilibrar saúde, lazer e trabalho?
Sérgio: Acredito que a empresa influencia bastante nesse equilíbrio. A Kohler é uma empresa que não pensa só no acionista e no cliente, ela tem um foco muito grande no funcionário. A área de RH é uma das mais fortes da empresa. Há uma responsabilidade social e ambiental muito grande. Quando você trabalha em uma empresa assim, você também se sente confortável em termos de contribuição ao ambiente e ao ecossistema.
Qual é o conselho que você daria para quem está começando agora?
Sérgio: Meu conselho é: seja sempre honesto e ético porque mentira tem perna curta. É impressionante ver que quanto mais vivemos, mais percebemos como isso é verdadeiro. Além disso, não tenha medo de trabalhar duro. O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é o dicionário. O trabalho duro sempre rende resultados.
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Também não custa alertar para a boa preparação. A gente sempre tem que estar preparado em termos de treinamentos, aprendizados. E não só fazer uma faculdade ou uma especialização, mas também cursos mais curtos, que ajudam a entender um pouco da mente humana, voltados mais para o lado antropológico e sociológico. A gente acha que não tem nada a ver, mas dá uma bagagem para entender e interpretar os diferentes estilos de pessoas. É essencial ter essa cultura geral. E, por fim, fazer o que se gosta. Quando você faz o que gosta, o trabalho vira diversão.