O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (4) que é favorável à aliança da Embraer com a norte-americana Boeing, mas que tem preocupações sobre o futuro da companhia brasileira nos próximos anos, o que levou a um forte movimento de realização de lucro nas ações ações da fabricante nacional. As ações da Embraer que tinham perda ao redor de 1% mais cedo, acentuavam queda após os comentários do presidente, recuando 5,25% às 16h46, maior baixa do Ibovespa. O recuo também fazia o papel anular ganhos registrados desde 17 de dezembro, quando Embraer e Boeing anunciaram acordo com termos finais para a parceria na área comercial e uma aliança na comercialização do cargueiro KC-390.
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Em evento junto a representantes da Aeronáutica, na Base Aérea de Brasília, Bolsonaro disse que “seria muito boa essa fusão… mas é uma preocupação nossa daqui cinco anos tudo ser repassado para o outro lado. É um patrimônio nosso”.
“Sabemos da necessidade dessa fusão, até para que ela (Embraer) consiga competitividade… não venha a se perder com o tempo”, acrescentou Bolsonaro, sem informar quando e se usará o poder de veto da União sobre o negócio anunciado no ano passado.
Pelo estatuto da Embraer, após o acordo anunciado em 17 de dezembro, a União teria 30 dias para se manifestar sobre o acordo com a Boeing. Após esse prazo, o conselho de administração da empresa se reúne para ratificar o acordo e convoca uma assembleia de acionistas em que a União poderá ter mais uma chance de vetar a operação.
Para o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira, as declarações de Bolsonaro sobre preocupação com o futuro da Embraer abriram espaço para alguns agentes do mercado embolsarem lucros em meio à falta de notícias concretas sobre a fusão com a Boeing. “Ele (Bolsonaro) só está contradizendo o que já tinha dito antes e falta notícia mais concreta em relação ao futuro da empresa, por isso a realização de lucros”, disse Vieira.
A Embraer aceitou vender 80% de sua divisão de aviação comercial, a principal da empresa, para a Boeing. Um dispositivo do acordo permite que a Embraer possa mais adiante vender os 20% restantes da parceria à Boeing.
O acordo, que aguarda há meses aprovação do governo e já elevou o valor da divisão comercial da Embraer de US$ 4,75 bilhões para US$ 5,26 bilhões, não envolve os negócios da empresa brasileira nas áreas de aviação executiva ou de defesa.
“Os comentários de Bolsonaro pesam um pouco… Qualquer ruído ou preocupação com a última proposta de fusão mexem na ação, embora não atrapalhem (o acordo)”, disse o analista da Guide Investimentos Rafael Passos. “Não vejo nenhum motivo para ele barrar a operação, mas é um ruído que mexe no papel.”
No final do ano passado, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) derrubou uma segunda liminar que suspendia a negociação entre a Embraer e a Boeing.
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