Com um número crescente de empresas em busca de incluir a responsabilidade social em suas estratégias de marketing, as campanhas podem soar mais como uma ideia superficial do que realmente um princípio das empresas. No entanto, com pequenas startups, a tendência é que a situação mude e que propostas engajadas deixem de ser apenas um elemento da publicidade.
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Um exemplo é a Siân Esther, marca de roupas de dormir criada pela empresária Siân Adkins com o propósito de dar apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade, que não têm lugar seguro para passar a noite. Fundada em junho de 2018, a empresa já ajudou três instituições de caridade, e Siân está determinada a desenvolver ainda mais seu negócio e a ampliar seu impacto.
Veja, a seguir, os melhores momentos da entrevista da executiva com a FORBES:
FORBES: O que levou à criação da Siân Esther?
Siân Adkins: Meu pai morreu há, aproximadamente, sete anos, e minha mãe morreu há dois. Eu criei a empresa em luto pela morte dos meus pais. Eu sempre gostei de comprar pijamas estilosos para a minha mãe, mas sofria para encontrar modelos que não fossem desleixados ou sensuais demais. Nós até experimentamos costurar com alguns tecidos antes que ela morresse. Quando ela se foi, eu decidi continuar em frente com o sonho e ajudar a concretizar algo que criamos. Eu tinha dificuldade para dormir por causa da perda da minha mãe, mas estava muito grata por ter um marido maravilhoso, uma casa e uma rede fantástica de amizades.
Muitas mulheres passam por situações desafiadoras mas não têm esse sistema de apoio, e percebi que eram justamente essas mulheres que eu queria ajudar. Quando trabalhei em Londres, conscientizei-me do número de mulheres que dormem em situações complicadas nas ruas e passei a querer ajudá-las.
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FORBES:O que é o coração da empresa?
SA: A Siân Esther é motivada por um princípio, e não utiliza seu propósito social apenas como uma estratégia de marketing. Além disso, nós também priorizamos tecidos bonitos de algodão e o corte dos itens, em vez de sua estampa. Oferecemos designs tradicionais com um toque moderno nos acabamentos, como uma borda pompom ou uma faixa de veludo.
FORBES: Qual é o impacto que você se vê causando na sociedade?
SA: Eu dividi 20% dos lucros entre três instituições de caridade e empresas sociais: The Marylebone Project, The Luminary Bakery e Mercy UK – todas ajudam mulheres a criar estabilidade em suas vidas.
Além disso, temos linhas de acessórios, como uma bolsa de maquiagem feita por mulheres na Índia que foram vítimas da indústria do comércio sexual. Os forros das sacolas são feitos de sáris – traje nacional das mulheres indianas – reciclados. Também trabalhamos com uma empresa que cria chinelos de alças, feitos por mulheres no leste de Londres, o que proporciona emprego flexível e bem remunerado. Os chinelos são feitos com couro reutilizado.
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FORBES: Como sente que contribuiu até agora?
SA: Eu espero ter inspirado outras pessoas, mostrando que é possível encontrar luz na escuridão e tornar-se mais forte e resiliente em tempos difíceis. Com a marca, eu acredito que ajudei a abrir uma discussão sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres e como podemos encontrar um propósito nos negócios como resposta.
FORBES: Que desafios você enfrentou desde quando começou?
SA: O maior desafio tem sido conseguir visibilidade. Nós somos uma marca pequena competindo com gigantes, ou seja, conscientizar as pessoas fica difícil com pouca renda. Outro grande desafio é ter de ser responsável por todos os aspectos da construção de uma marca. Ter prioridades e gerenciar meu tempo tem sido um grande foco. Eu tenho a sorte de ter um marido que me apoia.
FORBES: Como tem sido a recepção dos clientes até agora?
SA: Clientes querem cada vez mais comprar produtos que têm uma história ou um propósito por trás. Nós descobrimos que, quando consumidores descobrem a nossa história, eles querem comprar mais do que apenas um item.
FORBES: Quais são seus planos para os próximos cinco anos?
SA: Eu adoraria ver a Siân Esther contratando mulheres desfavorecidas para os principais cargos executivos da empresa. Também gostaria de ver a empresa tornando-se mais uma marca de estilo de vida, mas, por enquanto, nós permanecemos focados em pijamas e somos conhecidos pela qualidade das peças.
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FORBES: Qual é o seu maior objetivo?
SA: Criar uma marca de estilo de vida que tenha o propósito de ajudar o bem-estar das mulheres. Parece que, cada vez mais, só somos associadas ao sucesso quando começamos uma conversa falando sobre quão ocupadas estamos. Mas eu quero criar uma marca, com loja física, na qual você possa se sentir inspirada e aproveitar a experiência do trabalho.