Um amigo me disse, certa vez, que algumas situações exigem dar um passo para trás antes de seguir em frente. E é exatamente isso que algumas pessoas famosas e bem-sucedidas fizeram quando se viram à beira da falência. A maioria voltou à ativa, e muitas delas conseguiram até mesmo gerar mais riqueza e fama do que antes.
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Vale lembrar que o objetivo deste artigo não é determinar que a falência é algo positivo, mas mostrar que um desastre financeiro pode ser algo temporário.
Veja, na galeria abaixo, 9 exemplos de alguns atuais milionários que faliram antes de obter sucesso financeiro:
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Getty Images Abraham Lincoln
Abraham Lincoln, assim como George Washington, é até hoje considerado um dos melhores presidentes dos Estados Unidos. Ele conseguiu manter o país unido durante a guerra civil, o maior desafio da história dos norte-americanos. Unir um país inteiro contra inimigos estrangeiros já é algo bastante difícil, mas supervisionar um conflito entre pessoas de uma mesma nação é uma crise de dimensões próprias. E Lincoln conseguiu superar esse obstáculo.
Mas vale lembrar que ele não nasceu presidente – e muito menos político. Quando mais jovem, Lincoln era lojista. Em 1833, aos 20 e poucos anos, decidiu, junto a um sócio, abrir uma loja em Salem, no estado de Illinois. O negócio não foi nada vantajoso para o ex-presidente, que escreveu o livro “Discurso de Gettysburg”.
Lincoln e o sócio compraram estoques de outras lojas em parcelas. Mas o negócio não deu certo, e as dívidas foram aumentando. Ele, então, vendeu sua participação na empresa, mas seu sócio faleceu logo em seguida, o que deixou ao ex-presidente dívidas de US$ 1.000 – cerca de US$ 28 mil em valores atuais.
Há um outro pequeno problema em toda essa história. A falência de 1830 não se dava da mesma forma de hoje. Em vez de declarar falência e seguir em frente, Lincoln foi obrigado a pagar seus credores ao longo de 17 anos.
A partir do fracasso comercial, Lincoln começou sua carreira política e lançou sua campanha para a Assembleia Geral de Illinois. Apesar de não ter dado certo no início, ele se tornou advogado pouco tempo depois. Em sua segunda tentativa, candidatou-se a mandatos sucessivos na Câmara dos Deputados do mesmo estado. Em 1846, foi eleito para a Câmara dos Representantes dos EUA.
Em 1860, Lincoln foi eleito o 16º presidente dos EUA e tornou-se um dos homens mais amados da história a ocupar o cargo.
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Getty Images Dave Ramsey
Vamos voltar cerca de 150 anos. Se você é uma pessoa que acompanha o segmento de finanças, provavelmente já ouviu falar de Dave Ramsey. Ele é um dos consultores financeiros pessoais mais famosos dos últimos tempos. Mas, até chegar a esse patamar, foi difícil e demorou algum tempo.
Ramsey foi em busca de seus objetivos com precisão. Aos 26 anos, construiu um portfolio de imóveis alugados que, juntos, somavam mais de US$ 4 milhões em sua corretora, a Ramsey Investments, Inc. Ainda jovem, ele já havia se tornado um ícone no mercado imobiliário de seu estado natal, o Tennessee.
Mas o sucesso não durou muito tempo. Suas propriedades imobiliárias foram fruto de um empréstimo de capital, e os credores logo começaram a cobrar. Isso fez com que ele declarasse falência.
A partir daí, Ramsey começou a seguir em direção a um outro caminho. Em vez de tentar ressuscitar seu império imobiliário, ele começou, na igreja que frequentava, a fornecer aconselhamento financeiro para casais.
Na mesma época, começou a participar de workshops e seminários sobre os principais problemas financeiros do consumidor. A partir desses seminários e dos ensinamentos de outros conselheiros de finanças pessoais – mas também de sua própria experiência – ele reuniu um conjunto de lições e materiais.
A pedido de muitos de seus clientes, Ramsey escreveu seu primeiro livro, “Financial Peace” (sem tradução para o português), em 1992. E aquele foi apenas o primeiro passo do empreendedor depois da falência. Em seguida, ele organizou um programa financeiro na rádio local, que dura até hoje e atualmente se chama “The Dave Ramsey Show”. Atualmente, é exibido em 550 estações da emissora, e conta com cerca de 8,5 milhões de ouvintes.
O patrimônio líquido de Dave Ramsey é de cerca de US$ 55 milhões.
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Getty Images MC Hammer
MC Hammer ganhou fama graças à música “U Can’t Touch This”, em 1990. Não era exatamente uma canção totalmente original, e foi, em grande parte, um remake de “Super Freak”, lançado por Rick James em 1981. (Este também participou da criação de U Can’t Touch This.)
A música não era famosa apenas do ponto de vista do entretenimento. Costumava tocar em filmes, programas de TV e comerciais, e, mesmo depois de 27 anos do seu lançamento, ainda é um dos hits mais reconhecidos da história.
Assim como muitos outros artistas, MC Hammer cresceu em uma família humilde. Porém, ele desenvolveu uma tendência empreendedora muito cedo, quando ainda era criança. Vivendo perto do Oakland Coliseum, lar do Oakland A’s – famosa equipe de beisebol da Califórnia -, o menino ganhava dinheiro vendendo bolas de beisebol e dançando para um beatboxer. Quando adolescente, trabalhou como pegador de bolas para os A’s. Devido à sua semelhança com Hank Aaron, foi apelidado de “Hammer” por Reggie Jackson.
A experiência no beisebol foi a base de sua carreira como rapper. No auge do sucesso, contava com um patrimônio estimado em mais de US$ 33 milhões.
Apesar disso, a gestão do dinheiro não era o ponto forte de MC Hammer. Ele gastou grande parte de sua fortuna em luxos, mas também com familiares e amigos. Em 1996, o cantor declarou falência, com US$ 13 milhões em dívidas.
Mas os problemas financeiros do rapper estavam apenas começando. Em 2011, a receita federal norte-americana entrou com uma ação contra o artista devido aos quase US$ 800 mil em impostos atrasados.
Apesar dos problemas, Hammer deu a volta por cima e, atualmente, conta com uma fortuna de US$ 1,5 milhão. Isso ainda não chega nem perto de sua riqueza anterior, mas mostra que habilidade e talento fizeram com que o rapper conseguisse progredir.
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Getty Images Walt Disney
Outro famoso de origem mais humilde e que se mostrou empreendedor muito cedo é Walt Disney. Mas, ainda jovem, ele também faliu. E isso quase aconteceu de novo mais tarde, antes da criação de um de seus negócios mais promissores.
Nascido em 1901, Disney deu início ao Laugh-O-Gram Studio em 1920, fazendo animação de contos de fadas. Ele conseguiu um apoio financeiro e formou uma equipe de animadores, mas a falência do financiador fez com que, sem fundos para pagar os funcionários, Disney se afundasse em dívidas.
Em 1923, com um empréstimo da família, ele deu início à um novo negócio. Em 1928, criou o Mickey Mouse, o que fez com que sua carreira decolasse. Mas, quando começou a fazer seu primeiro longa-metragem de animação – “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937) -, os custos foram maiores do que os recursos financeiros disponíveis e atingiram cerca de US$ 1,5 milhão – três vezes mais do que o orçamento original. O filme correu o risco de não ser lançado.
À beira da falência mais uma vez, Disney conseguiu um empréstimo bancário para fazer o lançamento do longa. E foi isso que o colocou em um patamar do qual nunca mais saiu. O filme arrecadou US$ 6,5 milhões – quatro vezes o valor de sua produção – e tornou-se o maior sucesso de 1938. Graças a ele, outros clássicos da Disney foram criados, como “Pinóquio” e “Fantasia”.
Estima-se que, na época de sua morte, em 1966, a fortuna de Walt Disney estivesse avaliada em US$ 5 bilhões. Imagina quanto seria isso hoje em dia?
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Getty Images P.T. Barnum
O filme “O Rei do Show” nos faz voltar à época de Abraham Lincoln, e vale muito a pena ser visto, apesar de seu elo um pouco mais contemporâneo. Phineas Taylor Barnum saiu da pobreza das ruas e se tornou – como o próprio título sugere – um grande showman.
Ele foi o fundador do Barnum & Bailey Circus, mais conhecido como “Ringling Brothers and Barnum & Bailey Circus” – espécie de circo ambulante, que durou de 1871 a 2017. E, assim como outros empresários e milionários dessa lista, a vida de P.T. Barnum foi uma linha tênue entre o progresso e a falência.
Nascido em 1810 (um ano depois de Abraham Lincoln), aos 25 anos começou sua carreira como showman. Em 1841, comprou o Museu Americano de Scudder, em Nova York, aprimorando o prédio e acrescentando exposições. O lugar se tornou um dos mais populares da cidade.
O prédio, no entanto, foi incendiado cinco vezes. Barnum, então, decidiu construí-lo em uma cidade própria. O custo foi muito alto, muito além dos valores já arrecadados, o que fez com que o empreendedor declarasse falência.
A recuperação financeira veio quando Barnum começou a dar aulas sobre “A Arte do Dinheiro”, que pode ser considerado seu maior talento. A renda gerada fez com que ele pagasse as dívidas e a iniciativa serviu como base para seu maior empreendimento – o Ringling Bros. and Barnum & Bailey, considerado o circo mais antigo do mundo. Na época ele já tinha 64 anos, o que prova que a idade não é uma barreira para o sucesso, mesmo em 1873.
Barnum foi um dos primeiros donos de circo a criar uma versão itinerante, e acredita-se que tenha sido também o primeiro a comprar seu próprio trailer para realizar essas viagens.
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Getty Images George Foreman
George Foreman é ex-boxeador e empresário. Ele ganhou a medalha de ouro na categoria peso-pesado de boxe nas Olimpíadas de 1968, e pouco depois, em 1973, venceu o título mundial na mesma categoria.
Foreman deixou o boxe, voltou para sua cidade natal e tornou-se um ministro cristão. Criou um centro jovem para crianças problemáticas, que contava com aulas de diversos esportes. Mas uma queda em sua renda fez com que o ex-atleta falisse em 1983.
Mesmo falido, Foreman deu continuidade às suas atividades como ministro, assim como ao projeto já criado, e acabou voltando ao esporte. Em 1994, aos 45 anos, venceu uma etapa do campeonato de pesos-pesados. Até hoje, ele é o mais antigo campeão mundial dessa categoria.
Em 1997, aos 48 anos, Foreman finalmente se aposentou do boxe, com um currículo que inclui 76 vitórias no esporte – incluindo 68 por nocaute – e apenas cinco derrotas.
Durante a segunda fase de sua carreira como boxeador, Foreman começou a ter seu nome ligado a anúncios publicitários. Ele também reinventou sua personalidade pública. Adotou uma personalidade amigável, que foi muito bem recebida pelo público e que impulsionou seu sucesso como empreendedor.
Com o fim da carreira no esporte, Foreman passou a atuar como comentarista na HBO, função que exerceu por 12 anos. Ele também lançou o George Foreman Grill, que vendeu mais de 100 milhões de unidades em todo o mundo. Em 1999, vendeu os direitos de nome do eletrodoméstico por US$ 138 milhões.
O patrimônio atual de Foreman é estimado em US$ 300 milhões.
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Getty Images Cyndi Lauper
Parecida com a história de Walt Disney, Cyndi Lauper também teve uma trajetória de falência antes do sucesso. A artista passou vários anos cantando e compondo músicas para um grupo chamado Blue Angel, que lançou seu primeiro álbum em 1980 – mas não conquistou o público. A situação fez com que Cyndi declarasse falência no ano seguinte.
A partir daí, a cantora começou a trabalhar em restaurantes e no varejo, com o objetivo de se sustentar como artista. O sucesso veio em 1983, com o lançamento do álbum “She’s So Unusual”, que contava com alguns clássicos da cantora como “Money Changes Everything”, “Time After Time”, “She Bop”, “All Through the Night” e “Girls Just Wanna Have Fun”.
E este foi apenas o começo. Outros álbuns também foram sucesso, como “True Colors”, e ela recebeu vários prêmios da indústria musical. Em 1985, lançou “The Goonies R Good Enough”, como parte da trilha sonora do filme “Os Goonies”.
A recuperação da falência não foi o primeiro “renascimento” da artista. Em 1977, ela teve suas cordas vocais danificadas e foi informada de que nunca mais conseguiria cantar. Seis anos depois, lançou “She’s So Unusual” e se tornou uma lenda da música moderna.
Atualmente, Cyndi Lauper conta com um patrimônio líquido estimado em US$ 30 milhões.
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Getty Images Willie Nelson
Um dos cantores country mais sensacionais de todos os tempos, Willie Nelson nasceu em uma família carente no auge da Grande Depressão – mais conhecida como Crise de 1929. Sua carreira musical foi motivada por – pasmem – seu ódio por colher algodão.
Aquela era uma ocupação local típica de sua cidade natal, no estado Arkansas, onde vivia sua família. Aos 13 anos, ele preferiu ganhar dinheiro cantando em bares locais.
Depois do ensino médio, Nelson trabalhou com várias tarefas inusitadas, sendo até mesmo DJ de uma rádio do Texas. Essa foi uma grande oportunidade para o rapaz, que começou a usar o equipamento da rádio para lançar suas primeiras gravações e dar início à sua carreira como músico profissional.
Esse era apenas o início de uma carreira que duraria décadas, e o lançaria no mercado como uma “lenda”.
O artista não declarou falência, mas enfrentou algo que talvez possa ser considerado muito pior. Em 1990, a receita federal alegou que ele estava devendo US$ 32 milhões, e apreendeu seus bens. A dívida foi, em grande parte, criada por seu ex-gerente, que deixou de pagar imposto por vários anos.
O artista, então, fez com que sua fama e música fossem utilizadas apenas apenas para quitar a dívida, que foi reduzida para US$ 16 milhões. Nelson lançou um álbum chamado “The IRS Tapes: Who’ll Buy My Memories?”, e todos os lucros foram destinados para a receita federal dos Estados Unidos. Além disso, muitos de seus bens foram leiloados. Em uma última etapa, a dívida foi paga graças a um acordo de sua empresa de contabilidade anterior, a quem ele culpou por ter colocado seu dinheiro em paraísos fiscais. Em 1993, o artista já estava com o nome limpo.
Depois disso, Willie Nelson lançou vários álbuns e continuou a viajar em turnê. Atualmente, seu patrimônio líquido é estimado em US$ 15 milhões.
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Getty Images Elton John
Um dos artistas mais bem-sucedidos de todos os tempos, Elton John já vendeu mais de 300 milhões de discos, colocou mais de 50 sucessos no ranking Top 40 e viu sete álbuns consecutivos ocuparem o primeiro lugar das paradas norte-americanas.
Sua homenagem à Princesa Diana, “Candle in the Wind”, de 1997 – originalmente escrita como uma homenagem a Marilyn Monroe -, vendeu mais de 33 milhões de cópias, sendo a música mais vendida da história dos EUA e da Grã-Bretanha. Elton John atraiu a atenção até mesmo da Rainha Elizabeth II.
O músico também é um dos talentos musicais mais duradouros da história. Ele alcançou a fama em 1970, com o lançamento do single “Your Song”, que ficou em 7º lugar no Reino Unido e 8º nos EUA.
A partir daí, o artista só progrediu. Os álbuns de sucesso estavam sendo produzidos praticamente todo ano. Elton John foi alçado ao status de superstar com o lançamento do disco “Goodbye Yellow Brick Road”, em 1973, seguido por “Caribou”, em 1974.
Mas, assim como outras celebridades, Elton John tinha um estilo de vida luxuoso. Em 2002, ele declarou falência depois de se envolver com enormes dívidas geradas por suas propriedades ao redor do mundo. Segundo informações, ele gastava cerca de £ 1,5 milhão por mês (mais de US$ 2 milhões) por mês no início dos anos 2000.
O episódio provou ser apenas um contratempo temporário para o ícone da música. A partir de 2003, John assinou um acordo para a realização de 75 shows, em uma residência fixa de três anos, no Caesars Palace, em Las Vegas.
Elton John participou de produções para filmes de Walt Disney e fez frequentes turnês. Além disso, os royalties de músicas anteriores também proporcionaram um caixa estável para o artista. Em 2018, sua fortuna foi estimada em US$ 450 milhões.
Abraham Lincoln
Abraham Lincoln, assim como George Washington, é até hoje considerado um dos melhores presidentes dos Estados Unidos. Ele conseguiu manter o país unido durante a guerra civil, o maior desafio da história dos norte-americanos. Unir um país inteiro contra inimigos estrangeiros já é algo bastante difícil, mas supervisionar um conflito entre pessoas de uma mesma nação é uma crise de dimensões próprias. E Lincoln conseguiu superar esse obstáculo.
Mas vale lembrar que ele não nasceu presidente – e muito menos político. Quando mais jovem, Lincoln era lojista. Em 1833, aos 20 e poucos anos, decidiu, junto a um sócio, abrir uma loja em Salem, no estado de Illinois. O negócio não foi nada vantajoso para o ex-presidente, que escreveu o livro “Discurso de Gettysburg”.
Lincoln e o sócio compraram estoques de outras lojas em parcelas. Mas o negócio não deu certo, e as dívidas foram aumentando. Ele, então, vendeu sua participação na empresa, mas seu sócio faleceu logo em seguida, o que deixou ao ex-presidente dívidas de US$ 1.000 – cerca de US$ 28 mil em valores atuais.
Há um outro pequeno problema em toda essa história. A falência de 1830 não se dava da mesma forma de hoje. Em vez de declarar falência e seguir em frente, Lincoln foi obrigado a pagar seus credores ao longo de 17 anos.
A partir do fracasso comercial, Lincoln começou sua carreira política e lançou sua campanha para a Assembleia Geral de Illinois. Apesar de não ter dado certo no início, ele se tornou advogado pouco tempo depois. Em sua segunda tentativa, candidatou-se a mandatos sucessivos na Câmara dos Deputados do mesmo estado. Em 1846, foi eleito para a Câmara dos Representantes dos EUA.
Em 1860, Lincoln foi eleito o 16º presidente dos EUA e tornou-se um dos homens mais amados da história a ocupar o cargo.
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