A gestora de recursos Lyon Capital está em negociações avançadas para aquisição de um projeto de energia solar no Rio Grande do Norte que deve demandar um investimento de cerca de R$ 130 milhões para ser implementado, disse à Reuters um executivo que participa das conversas.
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O movimento, se concretizado, ampliaria a presença da Lyon no setor de energia – a empresa arrematou em leilões no ano passado a concessão para construir três empreendimentos de transmissão, além de ter ainda em seu portfólio a usina solar Sol Maior, no Tocantins.
No entanto, a negociação do projeto solar Inharé I, que pertence à consultoria financeira Hichens Harrison, precisaria de um aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma vez que a construção sofreu atrasos e a autorização da usina foi revogada pelo regulador.
“O projeto está pronto para construir, com todas as licenças… Se tivermos aval da Aneel, a gente tem condição de, em 30 dias, mobilizar o canteiro, e, em 90 dias, iniciar a obra”, disse à Reuters o assessor regulatório da Hichens Harrison, Luiz Antony.
Eventualmente, a empresa poderá ficar com uma fatia minoritária em caso de sucesso nas conversas com a Lyon Capital.
A usina, que terá 30 megawatts de capacidade, comercializou energia em um leilão de reserva promovido pelo Governo Federal em 2014 e, originalmente, precisaria ter iniciado operação em 2017.
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A Hichens comprou o projeto Inharé I da dona original, a construtora A. Gaspar, e tem tratativas em andamento com a Aneel e a Lyon Capital.
“Eles [Lyon], com certeza, serão majoritários, não vão ficar como minoritários. Tudo depende do sucesso na Aneel, aí se dará a fusão ou a incorporação. Não sei com que percentual eles vão ficar, se 100%, 95%, 90%”, afirmou Antony.
A construção do projeto seria viabilizada com recursos próprios da Lyon Capital, acrescentou ele.
Antes, a Hichens negociava a usina solar com um fundo suíço, mas, segundo o assessor, as tratativas com a Lyon Capital devem aumentar as chances de a Aneel autorizar a transação, uma vez que a gestora já atua no setor elétrico e concluiu com sucesso a usina Sol Maior, também adquirida quando já tinha atraso.
“É uma empresa já conhecida na Aneel e que, recentemente, adquiriu esse ativo ‘estressado’, semelhante à usina Sol Maior, e entregou o empreendimento em operação agora em janeiro”, explicou.
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Uma reunião com a Aneel sobre a transferência do controle da usina Inharé I está agendada para amanhã (22), segundo o assessor.
Procurada, a Lyon Capital preferiu não comentar.
A Lyon Capital, que possui uma fatia em porto em São Luís (MA) e assumiu em 2017 o controle da Brasil Pharma, prevê investir cerca de R$ 287 milhões nos projetos de transmissão de energia que já arrematou, que deverão estar prontos entre 2021 e 2022.
Já a usina Sol Maior iniciou operação neste ano e tem contrato de venda de energia assinado após um leilão de reserva promovido pelo governo em 2015, segundo informações do site da Lyon, que não abre o aporte realizado no empreendimento.