As instituições financeiras se deram conta do quão importante é o preparo educacional dos herdeiros para que sejam capazes de manter a saúde e longevidade do negócio de seus familiares, seja trabalhando nele, seja abrindo mão dele, se for essa a opção. A maior parte dos grandes bancos iniciou esse movimento há cerca de uma década e agora estão colhendo frutos, como a fidelização de um seleto grupo de clientes. São vários os tipos de programa voltados à geração dos millennials – que hoje têm em sua agenda o empreendedorismo e a preocupação com os impactos sociais e ambientais.
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O BTG Pactual, por exemplo, promove desde 2010 o programa Futuros Líderes, do qual fazem parte jovens entre 25 e 35 anos do Brasil e de países vizinhos. O tema do curso muda ano a ano, em um encontro que dura três dias. Entre os palestrantes que já participaram da iniciativa estão os empresários Abilio Diniz, Luiza Trajano e Flávio Rocha. O banco também oferece encontros customizados com as famílias para discutir futuros investimentos. “Se uma empresa é vendida, orientamos a segunda geração sobre o que fazer com a liquidez. Se deve investir em renda fixa ou fazer um investimento offshore, por exemplo”, explica Mariana Oiticica, head do departamento de wealth planning do BTG.
Os bancos são sigilosos quanto à participação de seus clientes nos programas. Na maior parte das vezes, as instituições financeiras entram em contato com famílias high net worth (acima de R$ 20 milhões) e ultra high net worth (com investimentos bancários que chegam a R$ 50 milhões), convidando seus herdeiros para os eventos exclusivos.
William Heuseler, head global da área de wealth planning do Itaú Private Bank, que capitaneia os encontros do banco há várias edições, garante que a maior parte dos frequentadores é formada por jovens brasileiros ávidos por entender melhor inúmeras questões que envolvem a sucessão, dos trâmites judiciais internacionais à participação em uma reunião de conselho da empresa, na qual é fundamental expressar-se com clareza e objetividade sobre os interesses de suas companhias. Já foram nove encontros do programa global Family Wealth Across Generation – na última edição, em evento de um dia em São Paulo, compareceram 250 pais e herdeiros.
Já o banco Santander ressalta que, até por ser uma instituição internacional, consegue oferecer um programa de maior alcance aos jovens integrantes do programa global Universia, devido às parcerias com 1.341 universidades em 20 países, entre elas a IE Business School, em Madri, e a Columbia University, em Nova York. O banco também tem o programa Leaders of Tomorrow, voltado a herdeiros de 20 a 25 anos, interessados em discutir sucessão e governança familiar.
Roberto Funaro, superintendente executivo do private banking do Santander, que está à frente desses programas, destaca que esses cursos ajudam a “enfrentar os desafios das tomadas de decisão, além de estimular a cabeça dos jovens em como se tornar um empreendedor até dentro do próprio negócio”. Funaro lembra que nenhum filho do bilionário Jorge Paulo Lemann optou por seguir os passos do pai na empresa. “Essa realidade é cada vez mais forte hoje”, diz ele. As famílias de fortunas bilionárias também precisam se preparar para isso. Por diversas vezes, os convidados a participar nos cursos oferecidos pelos bancos não são os filhos, mas quem os bilionários apontam serem os possíveis sucessores.
Reportagem publicada na edição 63, lançada em novembro de 2018
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