Resumo:
- Moda religiosa está se popularizando em todo o mundo graças a um grupo diversificado de mulheres;
- Várias parcerias estão sendo estabelecidas entre grifes e mulheres religiosas para a criação de coleções específicas;
- A Uniqlo se uniu à designer muçulmana britânica Hana Tajima para iniciar a criação de uma leva de roupas e acessórios, incluindo hijabs e lenços;
- Ascia Al Faraj tem 2,6 milhões de seguidores no Instagram e gerencia um blog chamado “The Hybrids”;
- A moda religiosa está atraindo também consumidores sem crenças específicas.
Na semana passada, a marca japonesa Uniqlo se uniu à designer muçulmana britânica Hana Tajima para iniciar a criação de uma leva de roupas e acessórios religiosos, incluindo hijabs e lenços. A supermodelo somali-americana Halima Aden colaborou com o site de comércio eletrônico Modanisa e agora está pronta para lançar sua coleção de 27 lenços de cabeça ainda neste mês. Recentemente, a Farfetch investiu no The Modist, a primeira plataforma de moda “comportada” de luxo.
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Já considerada tendência por algumas pessoas, a moda religiosa está se popularizando graças a um grupo de mulheres diversificadas, que adotam identidades únicas nas redes sociais e estão ocupando espaço.
Uma pesquisa rápida no Instagram mostra que existe 1,3 milhão de postagens com a hashtag #modestfashion (que, em português, seria algo como moda religiosa) e 22,3 milhões de menções com a hashtag #hijaber. A falta de conteúdo autêntico lança luz sobre a sub-representação de mulheres de culturas minoritárias ao redor do mundo, sendo essa uma das razões para o surgimento de blogs de moda diversificados. Uma das principais curadoras da área na mídia online, Jennifer Loch, fundadora da “Jen Magazine”, afirma: “Quando comecei, em 2004, não havia blogs, nem bloggers, nem blogueiros de moda que vendiam roupas específicas para esses grupos de mulheres. Três anos depois, o blog de moda se tornou algo grandioso”. A influencer se identifica como mórmon, pertencendo à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD).
Como modelo, a inspiração de Jennifer surgiu principalmente de suas experiências profissionais e pessoais. “Quando participava das sessões de fotos, sempre me pediam para usar roupas que não eram condizentes com meus padrões religiosos”, lembra. “Só porque eu estava sendo paga para aquilo?”, pensava.
Como uma mulher religiosa, ela percebeu que foi ficando cada vez mais difícil ignorar suas crenças apenas por causa da moda e do dinheiro. “Na igreja, nós recebemos roupas especiais, que nos lembram do nosso compromisso interior com Deus”, explica. “O top lembra uma camisola de manga curta, que pode acompanhar um shorts um pouco mais comprido. A maioria das roupas que me ofereciam quando modelo me deixava desconfortável, e foi então que percebi que talvez fosse legal se tivesse uma publicação de moda para as mulheres religiosas.” Foi assim que a “Jen Magazine” nasceu. Cinco anos depois, Jennifer deu início à sua linha de varejo online, a Jen Clothing. Desenhada pela própria empreendedora, o marca é dedicada às mulheres da SUD.
Culturas religiosas, muitas vezes, são alvo de preconceitos que se opõem à representação das mulheres perante ao público. E foi nesse ambiente repressivo que teve início um poço de criatividade – uma ideia que ressoa profundamente com a renomada blogueira muçulmana do Kuwait, Ascia Al Faraj. Parte do mercado de moda religiosa nos últimos seis anos, ela tem 2,6 milhões de seguidores no Instagram e gerencia um blog chamado “The Hybrids” com ajuda de seu marido, Ahmad. “O blog começou por dois motivos: eu estava cansada daquela ideia de que as mulheres muçulmanas deveriam se afastar da mídia, postando apenas fotos de um olho ou de suas mãos e mantendo o anonimato. Além disso, era frustrante ver os blogueiros internacionais de moda tentando se adaptar aos nossos padrões culturais e religiosos. Havia um nicho e ele precisava ser preenchido”, diz ela. Proprietária de pequenas grifes infantis, como a Desert Baby, com empresas do porte de TAG Heuer e Kenzo em seu portfólio, Ascia está deixando uma marca, assim como seus posts nas redes sociais.
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O grupo desse tipo de mulheres está crescendo na moda. Além de criar uma consciência sobre o mercado de roupas religiosas e fomentar discussões abertas sobre fé e estilo, eles também fornecem um senso de comunidade, solidariedade e apoio aos seus seguidores. Essas influencers transformaram o significado de “moda religiosa”. Muitas vezes rotulado de “ultrapassado”, “desalinhado” e “sem vida”, o estilo hoje inspira, inclusive, mulheres não religiosas.
“Quando as pessoas percebem que eu sou judia ortodoxa, ficam surpresas com a minha aparência”, conta Rachelle Yadegar, que tem 27,9 mil seguidores no Instagram e oferece grande inspiração de estilo judaico em seu blog ‘Not Without My Heels’. “O que elas não entendem é que eu não preciso ser provocativa para estar na moda.”
Para alguns, como Summer Albarcha – fundadora do blog ‘Hipster Hijabis’ -, que adora calças largas com blusas combinadas, a curadoria de um visual religioso continua sendo um desafio, apesar de divertido. “Meu estilo é mais refinado e se limita a certas escolhas”, disse ela. “Isso me dá mais criatividade quando trabalho com as tendências cotidianas, tento juntar tudo aos meus próprios valores.”
Essas influencers têm crescido na mídia tradicional graças à sua identificação, autenticidade e senso de propriedade unido ao conteúdo. As histórias convincentes do Instagram, as sessões de bate-papo em tempo real e os posts efetivamente comercializados são direcionados para a construção de um relacionamento duradouro com os seguidores, onde a transparência é o trunfo mais eficaz. “Meu público é variado, mas tento ser a mais autêntica possível, mesmo no pior dos dias”, diz Ascia. “Eu assumo quando estou me sentindo mal, perto de fechar meus canais e simplesmente desaparecer por motivos de saúde mental. Então, costumamos ter um diálogo aberto sobre isso. Eu não tento ser clara – eu sou clara. Todos nós temos que estar dispostos a abandonar a fachada da curadoria cuidadosa para mostrar às pessoas que a vida é um desafio para todos, mas por diferentes razões.”
Estamos em uma época em que a jornalista muçulmana líbio-americano Noor Tagouri deu as caras na “Playboy Magazine” e que a tradicional marca de brinquedos Mattel lançou a primeira Barbie de hijab, uma homenagem à atleta olímpica Ibtihaj Muhammad. A moda religiosa está crescendo aos poucos, e influencers do segmento estão em todos os lugares, acompanhando – e contribuindo – para este movimento.
Veja, na galeria abaixo, algumas fotos das influencers:
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Foto Reproduão Forbes A blogueira de moda religiosa Ascia Al Faraj
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Foto Reprodução Forbes Rachelle Yadegar, influencer digital
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Summer Albarcha, blogueira muçulmana
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Foto Reprodução Forbes Lenço de cabeça produzido pela designer Hana Tajima
A blogueira de moda religiosa Ascia Al Faraj
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