Resumo:
- A Libra, criptomoeda do Facebook, não impressionou investidores do mercado de moedas digitais;
- A resistência de órgãos governamentais é um dos motivos que tiram a confiança na nova criptomoeda;
- Além disso, o histórico de escândalos de privacidade do Facebook também não ajudam sua valorização.
O Facebook lançou no último dia 18 seu documento para o mercado, ou “whitepaper”, sobre a Libra, sua criptomoeda que tem gerado reações variadas em relação a como irá afetar o preço do Bitcoin a longo prazo. Alguns veem o projeto de moeda do Facebook como nada mais que um PayPal, com a palavra “blockchain” como a cereja do bolo, enquanto outros dizem que ela pode levar à adoção de criptomoedas tradicionais.
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Vamos olhar mais a fundo os detalhes da Libra e como ela pode afetar o Bitcoin.
Libra não é Bitcoin
A Libra e o Bitcoin são dois animais completamente diferentes. O Bitcoin é uma rede descentralizada feita para ser resistente à censura, enquanto a Libra é operada por um consórcio de grandes corporações que ainda serão sujeitas a pressão regulamentar de vários governos pelo mundo.
De fato, legisladores já são contra a tentativa do Facebook de criar sua própria moeda digital. Segundo a Bloomberg, o ministro de finanças francês Bruno Le Maire disse que não se pode permitir que a Libra vire uma moeda soberana. Um membro alemão do Parlamento Europeu disse também que reguladores deveriam ficar alertas em resposta ao lançamento do “whitepaper” da Libra.
Além disso, nos Estados Unidos, a presidente da Câmara de Serviços Financeiros, Maxine Waters, pediu que o Facebook interrompa seus planos para a criptomoeda por hora.
Além de diferenças como em relação às redes de pagamento, o Bitcoin e a Libra também estão em polos opostos em política monetária. O Bitcoin tem sua própria agenda de oferta apolítica e predeterminada, enquanto a Libra é sustentada por uma cesta de moedas de governos.
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Segundo a Reuters, Jorn Lambert, vice-presidente de soluções digitais da Mastercard, já disse que o projeto da Libra pode nem sequer ser lançado se receber muita resistência de reguladores.
Ao contrário do Bitcoin, a Libra do Facebook tem participantes identificáveis por trás da rede que podem ser alvo de regulamentos. Se os usuários da Libra pudessem agir como o Bitcoin, seria uma questão de tempo até reguladores aparecerem para acabar com todo o projeto.
A inabilidade da Libra de operar fora das regulamentações levanta a questão se ela deveria ser chamada de criptomoeda, ao menos aos olhos de conservadores do Bitcoin. Os gêmeos Winklevoss, que antes batalharam com o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, pelo controle da rede social, também sentiram a fúria dos que querem a permanência de uma natureza descentralizada e resistente à censura do Bitcoin, graças à sua associação com um aplicativo de pagamentos em criptomoeda regulado e que permite que seus usuários usem Bitcoins e Altcoins em lojas como Starbucks e o supermercado Whole Foods.
Também deve ser lembrado de que estamos falando do Facebook. A gigante rede social, com todos os seus escândalos relacionados à privacidade no decorrer dos anos, é efetivamente antiética em relação a tudo que o Bitcoin representa. Surpreendentemente, é provável que o cartão de crédito recém-anunciado da Apple tenha mais proteção à privacidade dos consumidores do que o que o Facebook oferecerá com a Libra.
Resumindo, a Libra aparentemente não é nada mais que uma variação do sistema financeiro tradicional. Isso não deve ter muito impacto no preço do Bitcoin, já que o principal valor da primeira e mais popular criptomoeda do mundo é ser uma loja apolítica de valor de transação médio.
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