Resumo:
- Nem sempre é preciso ter um business plan para ter sucesso nos negócios;
- Um estudo científico de 2010 comparou o crescimento de mais de 11 mil companhias e revelou que o planejamento melhorou o desempenho dos negócios;
- Contudo, o levantamento também demonstrou que essa é uma prática que se aplica mais a companhias já estabelecidas do que a startups;
- É mais importante ser capaz de responder às mudanças apresentadas pelo mercado do que seguir fielmente um plano de negócios;
- Michael Bloomberg, dono de um dos maiores grupos de mídia do mundo, Jack Ma, criador do Alibaba, e Larry Page e Sergey Brin, cofundadores do Google, não tinham um business plan.
A principal razão para a maioria das startups precisarem de um business plan é o fato de elas dependerem dos fundos de capital de risco ou dos bancos para obter financiamento. Mas o quão decisivos são esses planos de negócios para determinar o sucesso de qualquer empreendedor? É uma boa pergunta, e não se aplica apenas às startups.
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“Às vezes, você terá que dar um ‘zig’ quando o projeto disser ‘zag’”
Em sua autobiografia, Michael Bloomberg, 9ª pessoa mais rica do mundo segundo o último ranking de bilionários da Forbes, com patrimônio de US$ 55 bilhões, detalha os primeiros dias da sua empresa. Uma de suas principais ideias é que um planejamento rígido pode fazer mais mal do que bem: “Você irá, inevitavelmente, enfrentar problemas diferentes daqueles que você previu. Às vezes, terá que dar um ‘zig’ quando o projeto disser ‘zag’. Você não quer um plano detalhado e inflexível atravancando seu caminho quando precisar responder instantaneamente.”
Enquanto seus concorrentes ainda estavam ocupados tentando achar o design final perfeito, Bloomberg já estava trabalhando na quinta versão do seu protótipo. “Isso retoma a conversa sobre planejar versus agir. Nós agimos desde o primeiro dia, enquanto os outros passaram meses planejando como planejar.” Ele ressalta que fazer previsões sobre novas ideias de negócios é, na maioria das vezes, uma tarefa inútil e sem sentido. “O ruído nas suposições é tão grande e o conhecimento que você tem de áreas singulares é tão limitado que toda a análise detalhada é, geralmente, irrelevante”.
“Se você planeja, você perde. Se você não planeja, você ganha”
O empresário chinês Jack Ma é tão cético quanto Bloomberg quando se trata de planos rígidos de negócios. Com uma fortuna de US$ 34,6 bilhões, o fundador do Alibaba é, atualmente, o homem mais rico da China. Quando estava tentando erguer seu próprio negócio, ele se aproximou de capitalistas de risco do Vale do Silício para conseguir dinheiro. Os investidores que conheceu esperavam que ele apresentasse um plano de negócios parrudo e consistente. No entanto, assim como Bloomberg, Jack Ma não tinha um. Seu lema era: “Se você planeja, você perde. Se você não planeja, você ganha”.
Mas, desde o início, ele pensou grande e estabeleceu para si metas muito ambiciosas. Pouco depois de ter fundado a empresa, disse a um jornalista: “Nós não queremos ser o número um na China. Nós queremos ser o número 1 no mundo todo”. Ma estava tão convencido de seu futuro sucesso que teve até uma reunião filmada no seu modesto apartamento em fevereiro de 1999, um registro para o histórico da companhia. Durante a curta reunião, ele levantou a seguinte questão: “Nos próximos cinco ou dez anos, o que a Alibaba vai se tornar?”. Respondendo à sua própria pergunta, ele continuou: “Nossos concorrentes não estão na China, mas no Vale do Silício… Nós deveríamos posicionar o Alibaba como um site internacional”.
Até o Google começou sem um plano de negócios”
Larry Page e Sergey Brin são, atualmente, a 10ª e a 14ª pessoas mais ricas do mundo com fortunas de US$ 50,8 bilhões e US$ 49 bilhões respectivamente de acordo com o ranking da Forbes. Eles também têm algumas características em comum com Michael Bloomberg e Jack Ma. Os empresários não tinham um plano de negócios totalmente desenvolvido quando começaram e mudaram seu modelo várias vezes ao longo da trajetória. Os dois criadores do Google, ambos nascidos em 1973, tiveram a brilhante ideia de construir o melhor mecanismo de busca do mundo. De acordo com o livro “A História do Google”, nenhum dos dois tinha uma ideia clara de como a empresa geraria dinheiro, embora eles achassem que, se conseguissem ter o melhor mecanismo de busca, as pessoas iriam querer utilizá-lo em suas organizações.
Pivotante
Mas será que todos esses exemplos são apenas exceções? O quão importante são os planos de negócios? Um estudo científico de 2010 comparou o crescimento de mais de 11 mil companhias e revelou que o planejamento melhorou o desempenho dos negócios. Contudo, o levantamento também demonstrou que essa é uma prática que se aplica mais a companhias já estabelecidas do que a startups. E os pesquisadores destacaram que, para qualquer plano de negócios, definir metas e estar disposto a mudar o modelo seguido até então é mais importante do que tentar prever o desenvolvimento dos negócios em detalhes.
Um importante conceito relacionado ao sucesso de muitas startups no Vale do Silício é o que chamam de pivotante – adjetivo que significa girar em torno de um ponto fixo. Isso significa estar preparado para mudar radicalmente o modelo de negócios original a qualquer momento. O objetivo não é implementar um conceito original e provar o quão bom o plano inicial era, e sim estabelecer uma posição forte de mercado. Se isso significa abandonar o plano e dar à companhia uma direção completamente diferente, então é hora de girar.