Resumo:
- Berliner Verkehrsbetriebe (BVG) lançou aplicativo em parceria com a Trafi para unificar o acesso aos serviços de transporte disponíveis em Berlim e nos arredores da capital alemã;
- Jelbi permite que os usuários reservem serviços e acessem as empresas de locomoção privadas presentes em cada trecho do trajeto;
- O pagamento dos serviços é centralizado, mas o app envia boletos distintos de cada operadora utilizada;
- É esperado que o aplicativo tenha alta adesão, uma vez que quase metade da população residente em Berlim utiliza o transporte público.
A Uber não está sozinha em seu plano arrojado de se tornar um mercado digital centralizado para diferentes tipos de locomoção urbana. O sistema de transporte público de Berlim, o Berliner Verkehrsbetriebe (BVG), também vai arriscar seus negócios frente à concorrência a curto prazo para se tornar a Amazon dos transportes futuramente.
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Os motoristas da BVG podem usar o novo aplicativo de smartphone da agência de transporte público para reservar passagens em suas rotas e a presença de operadoras privadas nos trechos, bem como a Nextbike de bicicletas, a Miles de compartilhamento de carros e a Emmy de scooters motorizadas elétricas. Os usuários precisam se registrar apenas uma vez e inserir a licença para dirigir e uma forma de pagamento para reservar viagens em todos os serviços oferecidos. Apesar de o pagamento ser unificado, o aplicativo gera faturas separadas para cada provedora utilizada.
O aplicativo para Android e iOS se chama Jelbi (que se lê “yell-bee” em inglês, “grito-abelha”, em tradução livre), um jogo de palavras em alemão que remete à cor amarela, o tom de assinatura da BVG.
As empresas com rotas unificadas estão agora em um estágio muito inicial da experiência coletiva; o aplicativo foi lançado como um projeto-piloto em 11 de junho, e mais provedores de serviços serão adicionados em breve. O BerlKönig, transporte com vans operada em conjunto pela BVG e pela Via, os táxis tradicionais da Taxi Berlin e as scooters elétricas da Tier’s Bird-esque devem se juntar à plataforma nos próximos meses.
Os berlinenses poderiam adotar a versão piloto sem hesitar, uma vez que quase metade deles já utiliza o transporte público. Henrik Haenecke, diretor de finanças e dados da BVG, disse em uma entrevista concedida por telefone que, segundo seus dados, há cerca de 3,7 milhões de habitantes em Berlim e 6 milhões de pessoas nas áreas vizinhas (população total, não apenas adultos, que transitam e dirige). Enquanto isso, entre a rede de transporte da BVG e o trem S-Bahn da Deutsche Bahn, ele contabiliza 4 milhões de viagens diárias. Ao levar em conta que cada motociclista faz pelo menos duas viagens ao dia quase todos os dias, isso se assemelha a qualquer outro residente da cidade que utiliza transporte público diariamente.
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A rede de transporte da BVG compreende dez linhas metropolitanas, 22 de bonde, mais de 150 trajetos de ônibus e seis balsas.
Anteriormente, as opções dos berlinenses eram planejadas por conta própria com o aplicativo de bilheteria digital da BVG, o FahrInfo Plus, ou com um comparador de preços, como o Free2Move.
Um vídeo produzido pela BVG com a interface do usuário do Jelbi mostra as funcionalidades do aplicativo. A página para as preferências pessoais mostrada no vídeo não estará disponível na versão de lançamento, mas está programada para uma futura atualização.
A Trafi, sediada na Lituânia, que conta com Lyft, Google, Apple e Volkswagen como clientes anteriores, desenvolveu o aplicativo para a BVG.
Ainda não é possível saber quanto a BVG está perdendo em negócios, porque o aplicativo ainda é muito recente. Também não é possível contabilizar se a operadora está em vantagem pela oferta de bilheteria única. De qualquer forma, as primeiras avaliações do aplicativo são em sua maioria positivas.
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O valor monetário do aplicativo também é um desconhecido. O investimento em compras integradas de mobilidade não pode ser atrelado, porque não há acordo sobre preço. As duas organizações se uniram em uma espécie de vitrine, com a missão de mostrar que as cidades podem ser tão sensíveis ao mercado e ágeis quanto o setor privado e que a Trafi é o meio de chegar até lá.
“Eles não estão sendo remunerados por nós, pelo contrário, juntos podemos fazer o que não é possível fazermos sozinhos”, disse Haenecke. “Nós, como uma empresa de transporte público, queremos provar que podemos oferecer a mobilidade perfeita. A Trafi quer provar que tem a tecnologia para ajudar as cidades a chegar lá. Há um interesse comum nisso.”
O projeto de pesquisa compartilhada se estenderá pelos próximos dois anos. Se a BVG quiser seguir com a Jelbi depois disso, ela terá que pagar pela tecnologia e suporte da Trafi. Segundo o acordo, a BVG será imediatamente proprietária dos dados anônimos derivados dos usuários do aplicativo.
Esses dados são importantes para a empresa de transporte, que tem 91 anos. A longo prazo, além de estabelecer uma prestadora pública como um mercado eficaz, os dados de uso da Jelbi descreverão estatisticamente como as pessoas se movimentam em Berlim. “Foi uma das principais razões para começar o projeto”, disse Haenecke. “Queremos entender como se dá a mobilidade em nossa cidade.”
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