A combinação entre mais chances de corte de juros nos Estados Unidos e avanço dos trâmites da reforma da Previdência derrubou o dólar ao menor patamar desde fevereiro, com uma medida de risco no câmbio caindo à mínima em 15 meses.
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O dólar à vista cedeu 1,30%, a R$ 3,7585 na venda. É o menor patamar para um fechamento desde 28 de fevereiro (R$ 3,7531). Na mínima da sessão, a divisa foi cotada a R$ 3,7519 na venda. A desvalorização percentual é a mais intensa desde 31 de maio (-1,37%).
A volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses cedeu a 11,567% ao ano. É o menor nível desde os 11,475% de 20 de abril de 2018.
O real teve o segundo melhor desempenho dentre 34 pares do dólar, perdendo apenas para o rand sul-africano. Em julho, a divisa brasileira lidera os ganhos, com alta de 2,6%, e já ostenta a quinta melhor performance no acumulado do ano.
O dia foi de dólar fraco no mundo, depois que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, fez comentários que levaram o mercado a aumentar apostas em corte de juros nos EUA no fim deste mês.
Juros mais baixos por lá melhoram a relação risco/retorno para mercados emergentes, o que pode trazer fluxo de capital ao Brasil, com aumento de oferta de dólar e consequente perda de valor da moeda.
Mas a moeda brasileira teve suporte adicional no noticiário doméstico, que indicou a investidores que a aprovação da reforma da Previdência parece ser apenas questão de tempo.
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O plenário da Câmara dos Deputados iniciou nesta quarta-feira o processo de votação do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência.
Num sinal de apoio à reforma, os deputados rejeitaram, no início da sessão, um requerimento de retirada de pauta da reforma por 334 votos a 29. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados para ser aprovada na Câmara.
“Estamos no meio de um ‘bull market'”, disse Roberto Campos, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, referindo-se a um período de alta dos ativos (no caso, do real). “Com a aprovação da reforma dada como certa, o mercado começa a se movimentar para a possibilidade de volta do estrangeiro. E não me parece muito difícil o dólar cair mais”, completou.
Apesar de ter reduzido posições compradas em dólar na B3, o investidor estrangeiro ainda sustenta US$ 32 bilhões nessa direção, próximo de valores históricos, o que demonstra certa desconfiança com as perspectivas locais.
Por isso, alguns analistas ainda preferem operar real contra outras moedas que não o dólar. O Goldman Sachs, por exemplo, enxerga valor no “trade” real contra dólar australiano. Desde 20 de maio, o real se valoriza 8,3% ante o dólar da Austrália.
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