Resumo:
- Depois de abandonar a faculdade em Utah, Trevor Milton decidiu perseguir um velho sonho: melhorar a vida das pessoas;
- Ele fundou a Nikola Motor Co., que investe em caminhões movidos a hidrogênio, tipo de energia que teve a imagem melhorada depois de escândalos com combustíveis fósseis;
- Um dos maiores problemas para o projeto se popularizar é a falta de postos que ofereçam o combustível;
- Diversas empresas do ramo de engenharia estão comprando a ideia e investindo na Nikola Motor Co.
Trevor Milton abandonou a faculdade em Utah, mas agora está tentando arrecadar US$1 bilhão para investir em caminhões movidos a hidrogênio e se tornou bilionário graças ao último investimento que elevou o valor da sua empresa, a Nikola Motor Co., ao patamar de US$ 3 bilhões.
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A mudança no status financeiro de Milton, 37 anos, aconteceu na semana passada, quando a fabricante de veículos de carga pesada europeia CNH Industrial fez um investimento Série D de US$ 250 milhões na Nikola. Por ser o maior acionista da empresa, o aporte impactou diretamente a vida de Milton.
Mesmo depois de a CNH adquirir 7,7% das ações, Milton, que também é o CEO da empresa, ainda possui “mais de 40%” da Nikola, segundo informações da própria companhia. Em agosto, antes da notícia da CNH, Milton era dono de menos de 50% das ações, afirmou o CFO Kim Brady. Com cerca de 40% das papéis da organização, a Forbes avalia que a o patrimônio de Milton na Nikola esteja um pouco abaixo de US$ 1,1 bilhão. O valor dessas ações pode aumentar bastante caso a empresa consiga os US$ 750 milhões que está buscando no momento.
A Nikola planeja colocar milhares de caminhões futuristas movidos a hidrogênio na estrada nos próximos anos. Eles poderiam viajar 1.200 quilômetros antes de parar para reabastecer em postos construídos e operados pela própria empresa. Para frotas que viajam distâncias menores, um máximo de 480 quilômetros, a Nikola vai lançar variantes movidas a bateria dos Nikola One, Two e Tre, que vão competir com os modelos Semi da Tesla, de Elon Musk.
Apesar do hidrogênio ser um elemento abundante na natureza, fabricantes de automóveis têm encontrado dificuldades em comercializar carros e SUVs com células de combustível pela falta de postos com hidrogênio. Nos Estados Unidos, esse tipo de veículo é vendido por Toyota, Honda e Hyundai e está disponível principalmente na Califórnia, o único estado que disponibiliza postos compatíveis. Embora seja uma ideia nova, os caminhões da Nikola já despertaram interesse e receberam encomendas de 14.000 unidades, incluindo a Anheuser-Busch, que planeja alugar 800 deles.
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Milton, um empreendedor em série que só completou um semestre de faculdade, desenvolveu uma fixação em comercializar veículos de baixa emissão há uma década. Ele começou com a dHybrid Systems, uma startup que desenvolvia sistemas de combustível de gás natural para caminhões. A empresa foi vendida para a fabricante de metais Worthington Industries, transação que proporcionou o capital para fundar a Nikola há quatro anos. Outros investidores incluem o hedge fund ValueAct Capital e a NEL Hydrogen, parceira de tecnologia norueguesa da Nikola, que produz hidrogênio para abastecer os postos.
Criado em uma família mórmon, Milton se interessou por mecânica de transporte ainda criança, andando nos trens operados pela Union Pacific, que empregava seu pai. A morte da mãe por câncer ainda na sua adolescência foi um golpe duro, mas ele afirma que o trabalho missionário que fez em áreas pobres do Brasil o incentivou a perseguir objetivos para melhorar a vida das pessoas.
Ele fundou a Nikola em 2015, mudando a empresa para Phoenix no começo de 2018 a fim de recrutar mais talentos, particularmente engenheiros da Arizona State University em Temple, disse em entrevista à Forbes. A medida que a empresa cria sua equipe de trabalho, Milton tenta construir uma cultura de proximidade entre todos os empregados: ele construiu uma academia na nova sede da empresa, que continua expandindo, e faz questão de preparar o churrasco aos finais de semana para todos os colaboradores da Nikola.
A Nikola está em ótima posição para se beneficiar do aumento na preocupação mundial com as emissões de carbono, que incentivaram novas regras na Europa e na Califórnia, assim como problemas de imagem pública do diesel, desde o exaustor de fuligem até o escândalo das emissões da Volkswagen, que custou bilhões de dólares à empresa em processos. Quando as regras “começam a fazer efeito, e as regulações de qualidade do ar afetam muitas cidades, fica óbvio que você não pode fazer tudo com baterias, não importa o quanto o Elon Musk adoraria que isso fosse possível”, afirma David Hart, um diretor da consultoria E4Tech em Lausanne, na Suíça, que monitora o desenvolvimento de tecnologia veicular limpa. “As regras da física estão contra você. Então, a oportunidade do hidrogênio se tornou bem mais real”, disse.
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Ao lado de CNH e NEL, a Nikola está recebendo suporte técnico e de engenharia de indústrias gigantes, como Bosch, Meritor e WABCO, fabricante de componentes de caminhão. São parcerias que “dividem riscos” e ajudam a resolver o problema básico que vem impedindo vendas de carros de hidrogênio: as distribuidoras de combustíveis não vão construir postos de hidrogênio até haja demanda suficiente, mas os consumidores não vão comprar esse tipo de carro até que os postos existam.
“As pessoas vêm se perguntando: por que a Toyota falhou? Eles são bem espertos”, Trevor Milton afirmou em uma entrevista. “A Toyota realmente vem tentando fazer com que as empresas construam postos de abastecimento de hidrogênio, mas nunca conseguiram passar desse ponto”.
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