Resumo:
- A Universidade de Malta lançou um programa de pós-graduação focado em ensinar os diferentes aspectos do blockchain;
- De acordo com o professor Joshua Ellul, o curso abrange aspectos tecnológicos, legais e econômicos;
- O pequeno país mediterrâneo é mundialmente conhecido por ter leis e regulamentos favoráveis ao blockchain e à criptoeconomia.
A Universidade de Malta agora oferece um curso de pós-graduação focado em ensinar tudo sobre blockchain, das características legais às teorias complexas por trás da tecnologia. Com o nome de “Science in Blockchain and Distributed Ledger Technologies (Business and Finance)” -ou em português, “Ciência do blockchain e de tecnologias descentralizadas (negócios e finanças)- o curso é a primeira e única opção atualmente no mundo que oferece uma abordagem completa e complexa da tecnologia e com aulas presenciais.
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O professor de ciência da computação responsável pelo curso, Joshua Ellul, explicou à Forbes Brasil os detalhes do programa. Para ele, o blockchain está presente no futuro não só de Malta, mas do mundo inteiro, e por isso, a necessidade de profissionais que entendam todos os aspectos e nuances da tecnologia é cada vez maior.
“No curso, temos três ramificações de profissionais: ciência e tecnologia, negócios e economia, e legislação. Todos os profissionais têm uma introdução comum às definições básicas de blockchain. A partir daí, permitimos que os alunos se aprofundem em suas áreas de especialização, mas todos eles aprendem sobre os outros campos”, conta Ellul.
Na visão do professor, esses profissionais precisam ser capazes de usar os mesmos termos e se entender, para que conversas produtivas permitam o progresso do blockchain. “A longo prazo, temos de considerar a possibilidade de uma nova de profissão, uma espécie de híbrido que possa abranger todos esses aspectos”, diz.
Para os interessados em ciência e tecnologia, é dada a oportunidade de aprender mais sobre programação, por exemplo, e ainda ter aulas sobre o regulamento do blockchain e seus entraves legais. Já estudantes focados em negócios aprenderão a desenvolver os chamados “smart contracts”, essenciais ao blockchain.
O programa oferece o curso integral, que dura um ano, e em meio-período, de dois anos. Esse é a primeira oportunidade que os alunos têm de mergulhar de cabeça no blockchain na entidade. Antes, algumas aulas eram oferecidas a alunos da área de tecnologia, mas com o tempo -e com o avanço da cripto economia- a universidade percebeu um interesse cada vez maior de alunos de economia e administração nessas aulas. Respondendo à essa nova demanda interna e à demanda mundial por esse tipo de profissional, foi criado o curso de pós-graduação em blockchain e tecnologia descentralizada.
“Tudo começou com o boom de ICO’s [sigla em português para ‘oferta inicial de moedas’]”, pontua Ellul. “Foi quando o governo de Malta anunciou que viraria a ‘ilha do blockchain’ e quando muitas pessoas de diversas áreas vieram pedir conselhos a nós, acadêmicos.”
Até agora, o curso tem 30 alunos, mas depois que recebeu atenção da mídia, a universidade foi bombardeada com e-mails de pessoas interessadas de diversas partes do mundo. Ellul, no entanto, disse que a Universidade de Malta não sacrificará qualidade por quantidade.
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Por que Malta?
Malta, o pequeno país europeu no mar Mediterrâneo, conta com aproximadamente 500 mil habitantes. No entanto, a performance e a presença da tecnologia do blockchain no país se destacam o suficiente para que ele seja conhecido mundialmente como “a ilha do blockchain”. Muitas empresas focadas na tecnologia se baseiam em Malta, e muitos dos investimentos em blockchain acabam lá.
Em 2018, o país criou leis que permitem que usuários do blockchain operem seus negócios com uma liberdade considerável, e o processo foi significativamente mais rápido e tranquilo do que o norte-americano, por exemplo, que está acontecendo no momento.
“Uma vantagem de Malta é seu tamanho”, afirma Ellul. “Por ser um país pequeno, a comunicação entre todos os envolvidos é mais fácil. Não temos muitos estados para convencer, como os Estados Unidos.”
Além disso, o professor também explicou que Malta tem experiência prévia com regulamentos de atividades online. Ele explicou que o país baseia inúmeros sites de iGaming -apostas como loterias e cassinos online- e aprendeu muito regulando essas atividades.
Agora, o governo da “ilha do blockchain” aplica essa experiência às regulações da tecnologia, e, pelo apelido do país, a tática está funcionando.
Para Ellul, o “hype” em cima do blockchain não é necessariamente benéfico. “Muitas startups falharam pois tentaram usar o blockchain em tudo e para tudo, não é esse o caso. Precisamos ser prudentes”, ele diz.
O professor também explicou que melhor jeito de se lidar com a expansão do blockchain e da cripto economia é criar um ambiente justo e regulamentado.
“Cripto e blockchain chegaram para ficar, e não há nada que se possa fazer para pará-los.”
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