Resumo:
- O cenário do empreendedorismo feminino está em ascensão, mas ainda enfrenta muitos desafios;
- A demanda familiar e a falta de estímulos para capacitação feminina na área são alguns dos problemas enfrentados pelas mulheres que desejam abrir seus próprios negócios;
- No Dia do Empreendedorismo Feminino, comemorado hoje (19), conheça a trajetória de oito empresárias para se inspirar.
Em 2014, 19 de novembro foi estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia do Empreendedorismo Feminino. A ideia era chamar atenção para as mulheres empreendedoras e para o impacto econômico e social transmitido por elas.
De lá para cá, o cenário melhorou. Segundo a pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae em 2017, há mais de 24 milhões de empreendedoras no Brasil, número pouco inferior aos homens, que chega a 25 milhões. Além disso, hoje as mulheres já representam quase metade dos pequenos negócios do Brasil, revela Ana Fontes, fundadora e CEO da Rede Mulher Empreendedora (RME).
Porém, ainda há muito caminho a percorrer. Segundo estudos realizados pela própria RME nos últimos quatro anos, os pequenos negócios são maioria no empreendedorismo feminino, com faturamento médio mensal de até R$ 2.500 e poucos funcionários.
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O ambiente ainda complexo e em crescimento enfrenta desafios como o tempo dedicado ao trabalho e a capacitação de negócios para as mulheres. Ainda considerando dados da última pesquisa da RME, as empreendedoras investem 24% mais tempo com os filhos e a família do que os homens. O investimento domiciliar acaba implicando algumas dificuldades no crescimento profissional da mulher empreendedora, que na maioria dos casos precisa cuidar das crianças, da casa e do negócios em um grande malabarismo.
O equilíbrio parece ser a palavra chave da situação. Enquanto a mulher se desdobra para cumprir com todas as suas obrigações, também esbarra em mais uma questão que pede esforços vigorosos: a falta de capacitação na área de negócios. O cenário não é o mesmo em todos os âmbitos estudantis. Segundo os dados da empresa de Ana Fontes, 69% das mulheres tem graduação ou pós-graduação, contra 44% dos homens. Por outro lado, quando falamos em gestão financeira, a área de negócios em si, apenas 28% sentem-se seguras com essa atividade, contra 47% dos homens.
Para Ana, esses números desequilibrados possuem forte relação com o âmbito majoritariamente masculino. “A primeira reação é o desconforto, você não se sente parte daquele ambiente”, revela. Além disso, a empreendedora explica que o apoio dos investidores também afetam na autoconfiança da mulher, “de todas as startups que recebem investimento, apenas 9% são de mulheres”.
Ana ressalta a importância do reconhecimento para incentivar o cenário empreendedor promissor. “É importante estarmos juntas e mostrarmos para o ecossistema empreendedor que as mulheres estão aí. Elas lideram esses negócios e precisam, sim, de apoio e reconhecimento como agentes de transformação social”.
Separamos oito histórias de mulheres que nadaram contra a corrente e foram bem-sucedidas em seus negócios:
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Divulgação 1. Sabrina Nunes, fundadora da Francisca Joias
A empreendedora mineira Sabrina Nunes é o nome por trás da marca Francisca Joias, um e-commerce que faturou mais de R$ 6 milhões, em 2018, e que conta com mais de 600 revendedoras espalhadas pelo Brasil. Nascida em Itinga, no norte de Minas Gerais, ela começou vendendo picolés na zona rural da cidade. Sem muitas oportunidades na região, aceitou trabalhar em um canavial de Maracaju.
O trabalho braçal logo foi substituído por um posto como secretária, na mesma empresa. Após sete anos, já formada em serviço social, Sabrina conseguiu uma bolsa para estudar engenharia no Rio de Janeiro. Precisando de renda extra, em janeiro de 2012, começou a vender joias para complementar a renda. Comprou R$ 50 em matéria-prima, produziu bijuterias e começou a vender pela internet.
Meses depois, decidiu criar uma loja virtual própria para a Francisca Joias. De bijuterias, a empreendedora passou a oferecer semijoias desenhadas por ela mesma e banhadas a ouro. Hoje, o e-commerce tem mais de 4.000 modelos e média de venda de 12 mil peças por mês.
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Divulgação 2. Gabryella Correa, fundadora da Lady Driver
Gabryella Correa sempre foi ligada a carros. Sua família teve negócios relacionados, como oficinas e transportadoras, e desde cedo ela trabalhou nesse ambiente com seu pai. Mas algo muito distinto foi o estopim para abrir o seu próprio negócio. Gabryella foi assediada por um motorista de aplicativo e ficou com medo de denunciar por conta de ele saber onde era sua casa.
A resposta foi o aplicativo Lady Driver, criado em 2016 como uma proposta de aplicativo de transportes só com mulheres motoristas. O negócio já alcançou mais de 55 mil motoristas em São Paulo e cerca de 1 milhão de downloads sem registrar nenhum caso de assédio, enfatiza a fundadora.
No início de agosto, a Lady Driver concluiu a captação de R$ 2,5 milhões. Foram cerca de 800 investidores, 70% do sexo feminino. “Estamos mostrando que vale a pena investir em empreendimentos focados nas necessidades das mulheres”, revela.
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Divulgação 3. Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces
De família humilde, Cleusa trabalhou como boia-fria (cortadora de cana) e depois como empregada doméstica. A Sodiê nasceu quando ela ajudou a mulher do seu chefe, porém. Ela fazia bolos para fora e, quando teve um problema de saúde, pediu para Cleusa ajudá-la, até que acabou por parar com a venda de bolos e deixou que Cleusa continuasse o negócio.
A Sodiê Doces começou em um imóvel de 20 metros quadrados em Salto, interior de São Paulo e hoje conta com mais de 314 lojas espalhadas pelo Brasil. Atualmente as lojas da marca estão presentes em 13 estados do país e o Distrito Federal. Os próximos objetivos são conquistar o Centro-Oeste e Sul do País, e ter sucesso com a primeira operação fora do país, na cidade de Orlando, nos EUA. Atualmente, a Sodiê é considerada a maior franquia especializada em bolos artesanais do país.
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Divulgação 4. Melissa Gava e Camilla Feliciano Lopes, cofundadoras da MOL
A MOL – Mediação Online é a primeira plataforma online do Brasil especializada em resolução, gestão e prevenção de conflitos para pessoas físicas, empresas e instituições. A startup tem como missão levar eficiência ao mercado jurídico e democratizar os métodos alternativos de solução de conflitos, como a mediação e a negociação, sempre de forma 100% online.
As cofundadoras Melissa Gava e Camilla Feliciano representam papéis diferentes na história da empresa. Melissa é a cabeça da inovação. Formada em direito, estudou em Roma e nos EUA, onde conheceu o mercado de mediação e se encantou. De volta ao Brasil, descobriu que não havia empresa privada para se trabalhar com a área e então decidiu fundar a sua própria empresa, em 2015. “O Brasil é o país que mais tem processos do mundo e um judiciário bastante ineficiente. Eu pensei: tem tudo para dar certo”.
Em meio aos testes da empresa, conheceu Camilla, a voz e os ouvidos da MOL. Também formada em direito, a empresária estava atuando na área corporativa e nunca tinha pensado em empreender. “Eu fiquei apaixonada pelo que ela estava propondo. Quem já usou nosso judiciário sabe que é uma experiência muito ruim”. Assim, em 2017 elas finalmente se juntaram e complementaram.
As soluções da MOL já foram usadas em 35 mil casos. Empresas como Itaú, Magazine Luiza e Kroton estão no portfólio de clientes da empresa.
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Divulgação 5. Maria Teresa Fornea, cofundadora da Bcredi
A Bcredi nasceu de um sonho de Maria Teresa Fornea. A advogada especializada em negócios imobiliários pela FGV e MBA pela Kellogg School of Management teve mais de dez anos de experiência em operações e produtos de crédito imobiliário.
Mas foi em 2017 que o sonho de contribuir para a transformação da economia do país e impactar positivamente a vida financeira dos brasileiros se tornou realidade. Tudo isso por meio do crédito com garantia de imóvel. A Bcredi, que já se tornou uma das maiores fintechs focada nesse tipo de crédito para pessoas físicas e jurídicas, oferece taxas baixas, a partir de 0,99% e prazos alongados (180 meses) e seu principal público são os micro, pequenos e médios empreendedores.
A empresa já originou mais de R$ 700 milhões em crédito e prevê superar R$ 1 bilhão em ativos até o fim do ano. O negócio começou em 2017 com 20 pessoas e tem hoje 122 pessoas.
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Divulgação 6. Esther Schattan, fundadora da Ornare
Esther Schattan é engenheira química, mas está há 33 anos à frente de uma das mais importantes marcas brasileiras de móveis sob medida. A empresária paulista imprimiu um modelo de gestão de sucesso consolidado no país que já se expandiu até para o mercado internacional. Além de showrooms nas principais capitais no país, a marca também se apresenta em Miami, Dallas, New York, Los Angeles e Houston, nos EUA.
Sua trajetória com a empresa se fortificou pela versatilidade, que além do modelo de gestão bem-sucedido, gerou um estilo único de gestão de marketing e relações-públicas no segmento. E não menos importante, fez com que, mesmo imersa em um mundo de negócios, não perdesse o foco em seus ideais. Defensora assídua do empoderamento feminino e comprometida com questões ambientais, Esther idealizou um projeto de reaproveitamento de madeira e materiais nobres que há mais de dez anos faz com que itens que eram descartados no processo produtivo da fábrica, tornem-se matéria-prima para brindes e fonte de renda para famílias atendidas pela ONG Comitê de Solidariedade pela Vida.
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Divulgação 7. Simone Abravanel, fundadora da Pitaia Bank
Simone Abravanel fundou o primeiro banco digital desenvolvido com tecnologia blockchain no Brasil. A Pitaia Bank chega para atender amantes de criptomoedas e é um grupo focado em inovações nas áreas de serviço financeiros para consumidores e empresas, realizando transações financeiras e gerenciamento de ativos por meio da tecnologia blockchain. A equipe é formada por conselheiros, investidores de mercado de alta tecnologia, do mercado financeiro tradicional e de ações.
O objetivo da empresária era revolucionar o mercado financeiro e oferecer um banco digital mais seguro, rápido e bem desenvolvido, com a criptomoeda como principal ativo. Embora o negócio esteja caminhando muito bem, a inovação não acaba por aí. Simone tem planos ambiciosos para entrar em outras frentes do mercado financeiro, como no setor de empréstimos.
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Divulgação 8. Ângela Leal, cofundadora da Tapetah
Ângela Leal nasceu no interior da Bahia e trabalhou na roça para ajudar no sustento familiar. Aos 12 anos foi para a capital, Salvador, morar com sua tia para estudar. Aos 22 anos, abriu as portas do mundo empreendedor e nunca mais fechou. Começou com entrega de marmitas e venda de discos em lugares públicos. Migrou para a criação de uma real empresa de venda de refeições para comerciantes e depois para uma de construção civil.
Mudanças na legislação e a busca por novos ares a levaram a mudar de segmento. Em 1997, uma cliente, vendo sua atuação, a convidou para constituir uma sociedade de venda de tapetes de sisal. Seu caráter empreendedor não era nada fraco. Embora tenha achado a proposta desafiadora, colocou as malas no carro e se mudou para São Paulo aceitando.
Enquanto a Tapetah crescia, Ângela estudava Direito, e enquanto suas sócias iam saindo pouco a pouco, a empresária se fortalecia e crescia seu negócio em uma organização quase familiar. Pouco a pouco, quase todos os seus irmãos saíram da Bahia para ingressar na empresa. De um simples tapete de sisal e suas variações, a companhia de ngela hoje oferece uma linha extensa de produtos e texturas de tapetes para áreas interna e externa, atendendo todo o mercado de arquitetura e decoração de interiores. Com 21 anos de atividade, a Tapetah atende a mais de 400 clientes do segmento de decoração de alto padrão e inicia um processo de internacionalização da marca.
1. Sabrina Nunes, fundadora da Francisca Joias
A empreendedora mineira Sabrina Nunes é o nome por trás da marca Francisca Joias, um e-commerce que faturou mais de R$ 6 milhões, em 2018, e que conta com mais de 600 revendedoras espalhadas pelo Brasil. Nascida em Itinga, no norte de Minas Gerais, ela começou vendendo picolés na zona rural da cidade. Sem muitas oportunidades na região, aceitou trabalhar em um canavial de Maracaju.
O trabalho braçal logo foi substituído por um posto como secretária, na mesma empresa. Após sete anos, já formada em serviço social, Sabrina conseguiu uma bolsa para estudar engenharia no Rio de Janeiro. Precisando de renda extra, em janeiro de 2012, começou a vender joias para complementar a renda. Comprou R$ 50 em matéria-prima, produziu bijuterias e começou a vender pela internet.
Meses depois, decidiu criar uma loja virtual própria para a Francisca Joias. De bijuterias, a empreendedora passou a oferecer semijoias desenhadas por ela mesma e banhadas a ouro. Hoje, o e-commerce tem mais de 4.000 modelos e média de venda de 12 mil peças por mês.
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