Resumo:
- Em apenas um mês a avaliação de valor da WeWork passou de US$ 47 bilhões para US$ 8 bilhões;
- A forte queda fez com que as opções de ação da empresa perdessem valor rapidamente, gerando prejuízo para seus donos;
- Muitos empregados acabaram comprando a ideia da WeWork antes do IPO e agora estão com ações ditas “subaquáticas”.
A saga da WeWork pode finalmente estar chegando ao fim, com o fundador Adam Neumann recebendo um pacote de US$ 1,7 bilhão para deixar a empresa, que está sendo vendida ao Softbank por US$ 8 bilhões. Apenas algumas semanas atrás, a WeWork estava pronta para ir a público com uma avaliação de US$ 47 bilhões. Que diferença faz um mês.
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Mas Neumann não é o único envolvido na saga WeWork. Muitos dos 12 mil funcionários da empresa agora detêm opções de ações essencialmente sem valor. O investimento parecia ótimo quando as previsões diziam que a empresa valeria US$ 110 por papel. Com a queda de valor, as opções agora estão subaquáticas (ações subaquáticas têm um preço de exercício superior ao preço de mercado das ações subjacentes) e precisarão ser reavaliadas ou se tornarão inúteis. Em um artigo do “Wall Street Journal” sobre a empresa, o novo CEO Sebastian J. Gunningham disse: “estamos trabalhando nisso”. Nada muito promissor.
Passei por uma experiência semelhante durante a “bolha das pontocom” (empresas de tecnologia) de 2000. As ações de uma startup que prometia vastas riquezas foram distribuídas como champanhe em uma festa de Gatsby (personagem-título da obra-prima de F. Scott Fitzgerald, “O Grande Gatsby”). Meus parceiros tinham certeza de que receberíamos uma receita inesperada que financiaria nossos sonhos e a educação universitária de nossos filhos. Eu fazia parte de uma equipe que comprou uma empresa de mídia para bancos de investimento em Santa Mônica e Palo Alto. Cada reunião foi melhor do que a anterior. A questão não era se nossa startup seria pública, mas quando isso iria acontecer. Foi a era da Go.com, Webvan e Napster. Toda nova ideia era mais promissora que a última. Toda empresa tinha uma avaliação elevada. Toda semana uma nova festa de lançamento.
Scott Schaefer, fundador/editor da South King Media, em Seattle, também passou por esses dias inebriantes. Como muitos detentores de opções subaquáticas atuais, ele acreditou no que todos estavam falando, mas quando a economia quebrou no início de 2000, suas ações se tornaram inúteis. Olhando para trás, aprendemos algumas lições que os funcionários da WeWork podem levar consigo para suas vidas futuras e prosperar.
Se algo parece bom demais para ser verdade, então, não é verdade. O WeWork é uma espécie de corretor de escritórios. Por um tempo, tudo isso parecia ser incrível, mas sempre foi só fumaça. Schaefer adverte: “Os funcionários só devem se animar se quiserem investir em empresas que já são públicas”. Todo o resto tem um alto fator de risco e vida potencialmente curta.
Um dono carismático pode criar um campo de distorção da realidade, mas a verdade sempre aparece. Steve Jobs é o nome mais famoso associado ao fenômeno de distorção da realidade, mas sua longa lista de sucessos incrementais e demorados geralmente é ignorada na sua história. Falamos sobre o iPhone, mas não sobre a criação de uma versão móvel do navegador Safari; a troca do MacOS instável por uma versão baseada em Unix que se tornou o padrão-ouro de estabilidade; ou até mesmo a criação do Boot Camp, que permitia aos usuários executar o Windows em um Mac. O fato é que Jobs escondia as pequenas coisas para que as grandes pudessem chamar a maior atenção. Elizabeth Holmes, da Theranos, nunca aprendeu esta lição. Adam Neumann também não.
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Na experiência de Scott Schaefer: “Quando fui contratado pela primeira vez, comprei a conversa do CEO e dos fundadores. Eles estavam empolgados com o produto e eu também fiquei. Só depois de trabalhar com eles por alguns meses que comecei a ver a realidade”.
Só alguns sortudos ganham na loteria. A maioria das pessoas fica rica agregando valor todos os dias. Joguei fora minhas ações inúteis e voltei a construir uma empresa de mídia. Para ser sincero, o trabalho na minha própria empresa tem sido muito mais gratificante do que esperar que o mercado abençoe uma pontocom. Temos sido lucrativos, construímos equipes sólidas e concluímos alguns projetos de grande sucesso. O sentimento de satisfação resultante da agregação de valor a longo prazo é muito maior do que o retorno rápido.
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Desde a bolha das pontocom, construí várias novas empresas que prosperaram, até crescendo durante a recessão de 2007-2009. Schafer também obteve sucesso como empresário, agora editor de sete blogs de notícias/eventos online, ganhando prêmios em um setor em crescimento. Ele resume seu conselho a funcionários que se desapontam com startups: “Seja um pensador crítico e permaneça cético até que se prove o contrário. Não estou dizendo que você não deve se esforçar para conseguir algo em que acredita. Só peço cautela antes de sair acreditando em todas as histórias de startups”.
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