O Banco Central reduziu ontem (11) a Selic em 0,5% pela quarta vez consecutiva, à nova mínima histórica de 4,5%, e indicou cautela em relação aos juros daqui para frente em meio a uma retomada econômica com mais ímpeto.
O BC também passou a ver menos riscos baixistas para a inflação, ao passo que elevou suas projeções para o IPCA neste ano, deixando-o mais perto da meta oficial. Ainda que não tenha fechado as portas para nova redução nos juros básicos, portanto, a autoridade monetária sinalizou que o caminho não está claro como outrora.
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“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, trouxe o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
“O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, acrescentou.
Desde a última reunião do Copom, em outubro, o BC vinha sinalizando claramente que deveria cortar a taxa em mais 0,5% em dezembro, razão pela qual todos os 30 economistas consultados pela Reuters já esperavam um corte dessa magnitude.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou no Twitter, após a decisão, que a redução da Selic ao novo patamar permitirá uma economia com o pagamento de juros de R$ 110 bilhões em 2020.
Ele escreveu ainda que o nível dos juros básicos é suficientemente baixo para “continuar impulsionando o crescimento do Brasil”.
Agentes do mercado aguardavam com atenção o comunicado do BC em busca de pistas mais concretas sobre a continuidade ou não dos cortes, e em qual intensidade, tendo em vista fatores como a aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a recente subida da inflação e o movimento do dólar frente ao real.
Sobre a atividade, o BC avaliou que dados a partir do segundo trimestre indicam que o processo de retomada da economia brasileira “ganhou tração” face ao comportamento que vinha sendo visto até os três primeiros meses do ano.
E adicionou ver uma recuperação seguindo em ritmo gradual.
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Em outra novidade do comunicado, o BC excluiu trecho sobre o cenário externo seguir incerto, com riscos associados a uma desaceleração mais intensa.
O BC, desta vez, limitou-se a dizer que “a provisão de estímulos monetários nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes”.
Em seu balanço de riscos para a inflação, por sua vez, o BC retirou a menção ao risco baixista de potencial propagação da inflação corrente, por mecanismos inerciais.
Em outro acréscimo, este ligado aos fatores que podem pressionar a inflação para cima, o BC voltou a dizer que o atual grau de estímulo monetário traz incertezas sobre os canais de transmissão para a economia, mas complementou que isso se dá num “contexto de transformações na intermediação financeira”.
Desde que a autoridade monetária iniciou o ciclo de afrouxamento monetário, em julho, a taxa básica de juros caiu 2%. A distensão se deu em meio à baixa inflação e lenta recuperação econômica.
Mas alguns indicadores recentes da atividade têm mostrado mais força, ao passo que a inflação reagiu em novembro a um choque inflacionário.
Embalado pela maior demanda da China, o aumento no preço das carnes no país pressionou o IPCA em novembro, levando o índice ao maior patamar para o mês em quatro anos.
Em 12 meses, a inflação oficial avançou 3,27%, de um crescimento no mês anterior de 2,54%, mas ainda bem abaixo do centro da meta oficial para 2019, de 4,25%, com margem de 1,5% para mais ou para menos.
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Na quarta-feira, entretanto, o BC elevou a projeção de inflação para 2019 pelo cenário de mercado a 4%, sobre 3,4% em sua última projeção, feita em outubro, deixando-a com isso mais perto da meta.
Tanto para 2020 quanto para 2021, a estimativa foi aumentada no cenário híbrido – que considera a taxa de câmbio constante e a Selic da pesquisa Focus – a 3,7%, contra, respectivamente, 3,6% e 3,5% antes.
Para o ano que vem e o próximo, as metas de inflação são de 4% e 3,75%, também com margem de 1,5% para cima ou para baixo.
Em nota, o economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima, avaliou que o BC não indicou novos cortes adiante.
“Mantemos, portanto, a perspectiva de que a Selic continue no atual nível (4,5%) por vários trimestres. Não contamos com eventos relevantes do lado das reformas e concordamos com certa melhora nas condições globais”, escreveu.
Já Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas Asset, avaliou que o comunicado reforçou a chance de um corte de 0,25% em fevereiro.
“As projeções foram o que realmente chamou atenção, muito tranquilas. Isso aumenta muito confiança do call de 4,25%, e vou além: acho que o mercado volta a discutir o (corte para) 4%”, afirmou.
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