Resumo:
- Fernanda Doria é customer solutions manager do Google e falou sobre o mercado financeiro no terceiro dia da programação exclusiva da Forbes dentro da São Paulo Tech Week;
- Em seu talk, a executiva desvendou as mudanças do sistema monetário, com a explosão das fintechs e acesso à educação financeira pela internet;
- A especialista falou do tema sob a ótica do consumidor.
Uma avalanche de mudanças alcançou o mercado financeiro nos últimos tempos. Fintechs e moedas digitais se encontraram com bancos tradicionais, e muitos consumidores acabam perdidos em meio a tantas novas opções. No terceiro dia do palco FORBES Start, durante o São Paulo Tech Week, Fernanda Doria, customer solutions manager do Google, desvendou um pouco do atual sistema financeiro brasileiro e a visão dos consumidores sobre tudo isso.
“O mercado financeiro está em ebulição, em disrupção”, disse. Ela explica que atualmente, tantas mudanças esbarram em três problemas básicos: a regulamentação exacerbada dos bancos, a falta de acesso a educação financeira e as falhas na experiência do consumidor. Os entraves acabam tornando o relacionamento entre o cliente e a rede bancária conturbado e estressante.
A regulamentação burocratiza ações simples e, com as falhas no atendimento, dificulta o contato entre cliente e entidade. A falta de acesso à educação financeira faz com com qualquer transação minimamente complexa pareça distante da realidade, transformando tomadas de decisões em momentos de insegurança e dúvidas.
Somadas ao avanço tecnológico do mundo atual, a disrupção do sistema monetário fez com que houvesse uma explosão de novas opções bancárias, como as fintechs e os bancos digitais. “De 2015 para agora tivemos um aumento de 10 vezes no número de fintechs, migramos de 54 para mais de 500”, revela Fernanda. Tudo isso fez algumas categorias se aquecerem no mercado. A customer manager revela que os investimentos no setor cresceram 83% só em 2019.
Mas por que isso acontece? Fernanda indica que, além de questões como a queda da taxa básica de juros, a Selic, um impacto muito grande desse aquecimento são as buscas por novas informações.
Youtube, redes sociais e influencers acharam um terreno fértil para prosperar. É principalmente a partir dessas plataformas que as pessoas buscam dados, desde os mais básicos até os mais complicados. “Youtube é um mar de conteúdos que vão desde como poupar ou qual a diferença de poupança e tesouro direto até assuntos mais complexos”, explica.
Embora seja um bom sinal, o movimento parece estar ligado prioritariamente à nova geração. Os jovens impactam no interesse pelas fintechs, mas isso ainda não está disseminado pela sociedade. A questão problemática, para a executiva, é que a explosão de novas opções também gera complexidade na decisão do consumidor. A pessoa que já possui poucas informações sobre finanças fica ainda mais confusa com as novidades mercadológicas.
“Ainda existe uma preferência pelos [bancos] tradicionais”, destaca Fernanda, adicionando que até os clientes de fintechs possuem produtos bancários em players convencionais -e muitas vezes os utilizam como os principais provedores. “Cerca de 40% das pessoas que possuem contas tanto em banco tradicional quanto em fintech dizem usar mais o tradicional”, estima.
Já entre as pessoas que não possuem contato com bancos digitais, as estatísticas revelam ainda mais conservadorismo bancário. “Mais de 40% das pessoas que não possuem [produtos em] fintechs dizem não ter interesse em adquirir, e outros 40% dizem que não sabem sobre o assunto”, completa a especialista. Ela ainda revela que questões como idade e questão geográfica afetam todo o cenário, sendo que jovens e moradores das regiões Norte e Nordeste têm mais predisposição a mudar.
Os dados podem ser interpretados de acordo com alguns viéses diferentes, porém, segundo Fernanda, o que afasta os consumidores das fintechs e mantém a predominância dos bancos tradicionais ainda são a falta de conhecimento e a confiança.
Essa pode ser uma boa notícia para os bancos tradicionais, mas talvez momentânea. Se desde 2015 as fintechs cresceram de forma estrondosa, nada impede que toda a desconfiança do consumidor se dissipe em poucos meses. Para Fernanda, o segredo de sobrevivência para os bancos convencionais é manter a preferência e alcançar novos públicos. Mas o mais importante, tanto para os tradicionais quanto para as fintechs, é “ajudar o consumidor a tomar essa decisão, o deixar mais seguro e informado”, finaliza.
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