O cofundador da Microsoft, Bill Gates, a segunda pessoa mais rica do mundo, voltou a desempenhar papel importante no debate de imposto sobre fortunas, desta vez argumentando que ele e seus colegas bilionários deveriam pagar taxas mais altas para ajudar a consertar um sistema injusto que levou ao aumento da desigualdade.
Gates expressou seu apoio a um sistema tributário no qual, “se você tiver mais dinheiro, paga uma porcentagem maior em impostos”, escreveu ele em um post de final de ano, em 30 de dezembro. “Acho que os ricos devem pagar mais do que pagam atualmente, e isso inclui Melinda e eu”.
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O bilionário destacou a crescente diferença entre rendas grandes e pequenas nos EUA ao argumentar que o “sistema não é justo” e que não deve haver qualquer motivo para “favorecer a riqueza em detrimento do trabalho da maneira como fazemos hoje”.
Para resolver o problema, o cofundador da Microsoft disse que o governo dos EUA deveria aumentar os impostos sobre os super ricos: especificamente, aumentar a contribuição sobre ganhos de capital (uma taxa sobre os lucros dos investimentos) para deslocar mais a carga tributária sobre os mais afortunados.
Gates também defendeu tributação mais justa por parte do Estado e do governo local, para não mencionar um imposto imobiliário mais alto — e fechar as brechas nele das quais “muitas pessoas ricas se aproveitam”.
Os comentários do cofundador da Microsoft vieram meses depois que a democrata Elizabeth Warren, pré-candidata a presidente dos EUA em 2020, passou a criticar publicamente bilionários e a exigir um imposto de riqueza de 6% sobre os super-ricos.
Em novembro, Gates havia se juntado a outros bilionários para expressar ceticismo quanto à proposta de imposto sobre fortunas apresentado por Elizabeth, embora concordasse que a desigualdade de riqueza fosse uma questão prioritária.
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Números expressivos: embora Gates tenha doado bilhões para instituições de caridade na última década, seu patrimônio líquido aumentou mais de US$ 50 bilhões durante esse período, graças a políticas tributárias favoráveis e às crescentes bolsas de valores, informou a Bloomberg. Segundo estimativas da Forbes, a fortuna de Gates mais do que dobrou nos últimos dez anos, para US$ 108,5 bilhões, ante US$ 53 bilhões em 2010.
Tangente: Gates certamente não é o primeiro membro do seleto grupo de bilionários a argumentar que eles deveriam pagar impostos mais altos. Abigail Disney, por exemplo, a herdeira do império Walt Disney, falou contra os altos salários dos CEOs a exemplo da crescente desigualdade de renda nos EUA. Ela destacou o pacote de remuneração “insano” do comandante da Disney, Bob Iger, que era de US$ 65 milhões em 2018 — em torno de 1.424 vezes o salário médio de um trabalhador da companhia.
Números cruciais: segundo a calculadora de impostos divulgada pela campanha de Elizabeth, que mostra quanto cada bilionário teria de pagar sob sua proposta tributária, Gates teria que desembolsar US$ 6,4 bilhões no próximo ano — um valor efêmero quando comparado à sua vasta fortuna.
Contexto-chave: Com a eleição de 2020 se aproximando, muitos líderes corporativos e figuras em Wall Street criticaram Elizabeth nos últimos meses, o encarando como uma ameaça para os grandes negócios. No início de novembro, surgiu uma briga pública entre entre ela e o investidor bilionário Leon Cooperman, a exemplo das reações que surgiram depois que a senadora democrata anunciou seu imposto sobre fortunas de 6% para bilionários a fim de financiar seu projeto de grande escala voltado para a saúde “Medicare For All”.
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Vários outros líderes empresariais e bilionários de alto nível criticaram a proposta de Elizabeth, incluindo o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, o investidor do Shark Tank, Mark Cuban, e o ex-CEO do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein. Bilionários de fundos de hedge, como Paul Tudor Jones, Steve Cohen e Stanley Druckenmiller, também compartilharam previsões sombrias do o possível mandato da democrata significaria para o mercado de ações: uma queda de 10% a 25%, segundo suas estimativas.
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