É inquestionável que a crise dos vapes em 2019, que resultou em 47 mortes e 2.290 casos de doenças, foi um golpe devastador para a indústria legal de cannabis nos Estados Unidos. Segundo um relatório divulgado pelos institutos Arcview Market Research e BDS Analytics, as vendas de vape de cannabis caíram de US$ 160 milhões em agosto de 2019 para US$ 41 milhões em outubro – ou seja, um intervalo de apenas dois meses.
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Intitulado “Cannabis Vaping: Opportunities in an Uncertain Future” (“O vaping de cannabis: oportunidades em um futuro incerto”, em tradução livre), o estudo, divulgado na semana passada, revelou que “após oito meses de crescimento geral nas vendas mensais combinadas de vape no Arizona, Califórnia, Colorado, Nevada e Oregon, houve uma queda de 21%, para US$ 126 milhões, em setembro e de outros 5% em outubro, para US$ 119 milhões”.
Os números são assustadores se comparados aos de 2018, quando quando as vendas legais dos produtos de vape de cannabis nos EUA chegaram a quase US$ 1,6 bilhão. Antes da crise, as empresas do segmento previam que as vendas iriam disparar para US$ 2,5 bilhões em 2019 e US$ 10,6 bilhões em 2024. No entanto, como o relatório indica, na esteira da crise, essa previsão e o futuro dos vapes de cannabis em geral está afundado em dúvidas.
“Os dados do relatório são incontestáveis: os consumidores querem usar vapes, mas também querem segurança”, afirmou Troy Dayton, CEO do grupo Arcview, em comunicado público. “O medo de usar produtos ilícitos e perigosos prejudicou o setor. Cabe aos governos federal e estaduais estabelecer um regime regulatório que proteja os consumidores e defenda concentrados altamente regulamentados e testados por terceiros.”
Veja, abaixo, alguns aspectos revelados pelo relatório:
* As vendas de vape representam perto de 25% do volume combinado de produtos de cannabis no Arizona, Califórnia, Colorado, Nevada e Oregon nos três primeiros trimestres de 2019;
* Na Califórnia, por exemplo, as vendas de concentrados (dos quais os vapes são o subsetor de mais rápido crescimento) ultrapassaram a comercialização de flores pela primeira vez em outubro de 2018;
* As fatalidades provocadas por vapes foram, em grande parte, causadas por produtos do mercado negro e não do mercado legal, testados e regulamentados;
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* A manutenção dessa tendência em 2020 e nos anos seguintes vai depender dos resultados dos testes em pacientes com doenças ocasionadas pelos vapes, desenvolvimento de protocolos de testes para produtos legais, movimentos dos reguladores estaduais e uma mudança de comportamento dos consumidores em substituir os vapes mais baratos no mercado ilícito por outros de fontes legais.
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