Neste texto, vamos examinar por que a Tesla poderia ser um alvo de aquisição atraente para o Google. Dividimos nossa análise em três partes: o que a Tesla iria ganhar, o que o Google iria ganhar e um cenário em que o valor da Tesla poderia subir para US$ 1,5 trilhão, auxiliado por um acordo com o Google. Levando em consideração o atual valor de mercado de US$ 1 trilhão do Google, a entidade combinada pode valer mais de US$ 2,5 trilhões, conforme detalhamos abaixo.
O que a Tesla iria ganhar
A estrutura do software e o grande caixa do Google aumentam as chances de Tesla performar bem em um espaço maior.
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Se o Google comandasse a Tesla, a montadora poderia crescer 11 vezes. Seu valor de mercado subiria de US$ 135 bilhões para US$ 1,5 trilhão, escalando produção e entregas para cerca de oito milhões de unidades (aproximando-se da Volkswagen e Toyota) e monetizando sua tecnologia autônoma de forma mais ampla, licenciando-a para outros fabricantes.
Considerando que as ações da Tesla saltaram para quase US$ 1.000 na semana passada, subindo mais de US$ 500 em menos de dez dias, e tudo isso depois de um aumento já surpreendente saindo dos US$ 200 a menos de um ano atrás, acreditamos que os valores extremos não são tão difíceis de imaginar.
Nesta análise, lembramos aos investidores os riscos das ações e também fornecemos cor adicional ao caso positivo, vinculando nossa análise de dois outliers.
O que o Google poderia ganhar
O Google precisa aumentar a receita, e os carros são um mercado enorme. Além disso, a empresa possui experiência na venda de software, e a Tesla é de longe a líder no setor de software para carros.
O Google tem o poder financeiro de realizar uma aquisição desse tamanho, dado seu valor de mercado de US$ 1 trilhão, aproximadamente US$ 120 bilhões em reservas de caixa e fluxos de caixa livres de mais de US$ 20 bilhões por ano.
Os ventos contrários ao seu principal negócio devem pesar nos lucros do Google nos próximos anos, com o principal fator de receita provavelmente sendo o forte crescimento esperado no segmento de nuvem da empresa.
Se o Google pagasse um premium de 100% sobre US$ 750 por ação da Tesla, isso significaria um preço de aquisição de US$ 1.500 por ação, o que avaliaria a Tesla em cerca de US$ 270 bilhões (o dobro de seu atual valor de mercado, de aproximadamente US$ 135 bilhões). Embora essa seja uma quantia grande a ser paga por uma empresa que ainda não obteve lucro anual, a vantagem pode ser substancial, conforme detalhamos abaixo.
A Tesla pode potencialmente valer US$ 1,5 trilhão para o Google
Entregas automotivas da Tesla
As entregas podem chegar a oito milhões de unidades se a Tesla entra no mercado de carros de luxo. Embora as entregas devam crescer para mais de 500 mil unidades este ano, as elas podem passar de 2,7 milhões de carros até 2025 e bater oito milhões até 2030.
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Estimamos que as entregas da Tesla tenham uma Taxa de Crescimento Anual Composta de 58% entre 2015-2020.
É possível que o crescimento anual da entrega seja de 40% entre 2020-2025 e 25% entre 2025-2030 se a Tesla aumentar sua presença no mercado de massa lançando novos veículos a preços abaixo do Modelo 3 e do Modelo Y.
Ainda existe uma grande lacuna nas principais métricas operacionais entre Tesla e gigantes da indústria automobilística, como a Toyota. Para colocar as coisas em perspectiva, o Grupo Volkswagen e a Toyota entregaram 11 milhões e 9 milhões de carros, respectivamente, em 2018.
No entanto, à medida que a indústria se move cada vez mais em direção aos veículos elétricos, a Tesla pode ir além do mercado de automóveis de luxo, lançando mais veículos convencionais e aumentando a produção.
A Tesla também tem um sólido histórico de aumento de produção. As entregas aumentaram de cerca de 2.000 carros em 2012 para 367 mil em 2019. A empresa também construiu sua fábrica chinesa em um tempo recorde de dez meses, e a produção deverá aumentar de uma taxa de execução de 250 mil carros por ano até o final deste ano para 500 mil carros em breve.
Os negócios de software de direção autônoma da Tesla
A Tesla já oferece a atualização completa do software de direção autônoma para os proprietários por US$ 6.000 por veículo, e a tecnologia de direção autônoma da empresa é vista como superior à indústria em geral.
De fato, esperamos que o software FSD (Full Self-Driving) da Tesla responda por uma parcela considerável das receitas da empresa nos próximos anos.
À medida que a tecnologia amadurece e ganha maior aceitação, a Tesla pode licenciar o software para outras montadoras.
Assim como a indústria da internet, a direção autônoma é um negócio orientado a dados e o mercado provavelmente se concentrará em torno de dois a três grandes players.
Se assumirmos que a Tesla pode licenciar sua tecnologia para 30% de todos os carros vendidos até 2030 a uma taxa de US$ 3.000 por veículo, isso pode se traduzir em receita superior a US$ 84 bilhões.
Receita total da Tesla
Se a Tesla conseguir acelerar as entregas de automóveis ao criar um negócio em rápido crescimento, as receitas totais poderão potencialmente crescer para US$ 151 bilhões em 2025 e US$ 460 bilhões em 2030.
Lucro líquido da Tesla
O forte crescimento da receita precisará ser acompanhado por uma melhoria constante nas margens, com as margens líquidas da Tesla crescendo para 13,5% em 2025 e 15% até 2030. As margens de lucro líquido da Tesla podem ser maiores do que rivais como a BMW, por aumentarem seu mix de receitas de software.
Uma parcela crescente das vendas de software com margens altas pode ajudar suas margens líquidas globais, apesar do impacto negativo de uma proporção crescente de carros de mercado de massa.
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Além disso, o modelo de vendas diretas da Tesla (que ignora as concessionárias de automóveis tradicionais) também deve ajudar suas margens. Para uma perspectiva, os varejistas automotivos normalmente têm margens líquidas acima de 3,5%.
Avaliação da Tesla
A Tesla pode valer US$ 1,5 trilhão para o Google até 2030 se for avaliada em 20 vezes os ganhos. Para perspectiva, atualmente o Google negocia em torno de 24 vezes, com crescimento de receita entre 20% e 23% e margens de pouco mais de 20%.
A Apple negocia em cerca de 20x, com crescimento da receita em média inferior a 5% e margens superiores a 20%.
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