A corrida final da temporada da Nascar do ano passado tinha todos os ingredientes para ser emocionante, com Kyle “Rowdy” Busch vencendo o campeão de 2017 Martin Truex Jr. para conquistar seu segundo título da série. O problema? Apenas 3,7 milhões de espectadores assistiram, uma queda de 10% em relação ao ano anterior e a menor audiência da corrida final em quase 20 anos.
A Nascar, que já foi o esporte dominante no coração norte-americano, está em baixa velocidade há uma década. A competição foi duramente atingida pela recessão e nunca se recuperou, sofrendo com diminuição na participação nas corridas, queda da audiência na televisão e menos incentivos de suas parcerias corporativas outrora lucrativas.
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Os valores dos times estagnaram. Em 2018, as oito principais equipes da Nascar valiam em média US$ 158 milhões, uma queda de 11% em relação ao pico atingido cerca de 12 anos atrás. A fortuna da família France, dona da série desde sua fundação em 1948, está crescendo com dificuldades, tendo subido apenas 14%, para US$ 5,7 bilhões, desde 2014. Nesse período, o valor médio de uma equipe da NFL dobrou, enquanto os valores dos times na NBA mais que triplicaram.
Para a temporada 2020, nada muda para os donos de times da Nascar. As oito melhores equipes agora valem em média US$ 149 milhões. A equipe mais valiosa é mais uma vez a Hendrick Motorsports, com US$ 315 milhões, uma queda de 3% em relação a 2018. Cinco das oito principais equipes perderam valor nos últimos dois anos. Apenas Joe Gibbs Racing, Team Penske e Front Row Motorsports conseguiram ganhar terreno.
Mas, depois de derrapar por anos, a Nascar finalmente pode estar dirigindo na direção certa. Uma combinação de novo gerenciamento e consolidação parece ter fornecido a estabilidade necessária.
“Se você olhar para um ano atrás, acho que o setor estava se unindo sob nova liderança…[e] acreditavam em si e esperavam que funcionasse”, diz Steve Phelps, presidente da Nascar. “Um ano depois, a presença do público nos eventos estava em alta. Nossa audiência [para corridas comparáveis] subiu 5%, enquanto todos os esportes do ano passado caíram 7%. E tivemos ótimas corridas na pista, sem dúvida um dos melhores anos que já tivemos.”
Phelps assumiu o cargo de presidente da série em setembro de 2018, alguns meses depois que Jim France foi nomeado CEO, e imediatamente tomou atitudes para acabar com a queda de popularidade do esporte. Até agora, tudo caminha bem: a audiência geral das corridas ficou estável na última temporada, depois de cair 35% nos três anos anteriores, graças principalmente à introdução de mudanças nas regras da Nascar com o objetivo de proporcionar corridas mais emocionantes (as ultrapassagens em bandeira verde aumentaram quase um terço em 2019) . E algumas corridas tiveram grandes vitórias, com ganhos percentuais de dois dígitos em relação a 2018.
Outro impulso veio da aquisição da International Speedway Corp., de que a Nascar se tornou dona em outubro com uma avaliação de US$ 2 bilhões (a família France já possuía 42% das ações da empresa). O acordo dá à série a propriedade total de 13 pistas que no ano passado receberam 21 das 36 corridas da Nascar. Isso oferece mais flexibilidade, incluindo controle completo sobre decisões estratégicas, cronograma e novas iniciativas destinadas a acelerar o crescimento.
O próximo passo é recuperar o investimento de patrocínio. Os esportes motorizados simplesmente param sem parceiros corporativos, e a Nascar passou anos observando o poço secar. Em 2017, substituiu o patrocínio do título da Sprint por um da Monster Energy por menos da metade do valor. No mesmo ano, a Target, patrocinadora de esportes motorizados por quase três décadas, abandonou a Nascar pela Major League Soccer. Hoje, poucos dos 36 carros da série conseguem exigir um patrocínio primário de uma temporada.
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O lado positivo é que, com um pouco mais de esforço, as principais equipes ainda conseguem reunir o que precisam. Apenas nesta semana, a Hendrick Motorsports estendeu seu acordo com a NAPA e garantiu apoio da Axalta até 2027, um raro acordo de longo prazo. A equipe vendeu todos os patrocínios possíveis para 2020. E a Nascar mudou de marcha em sua competição, retirando completamente os acordos de patrocínio e elevando quatro parceiros existentes (Coca-Cola, Xfinity, Busch e Geico) para o status de “premier”. Phelps não discutiu os arranjos financeiros, mas ele diz que os quatro aumentaram seus investimentos no esporte.
E, com uma base de fãs apaixonada, o esporte claramente não perdeu todo o seu apelo. O bilionário Roger Penske expandiu suas operações de equipe para três carros em período integral em 2018, pela primeira vez desde a temporada de 2014. Em novembro, ele comprou a série rival da IndyCar, que está trabalhando em um retorno semelhante. Phelps diz que potenciais proprietários de equipes estão testando as possibilidades, e os fabricantes oferecem um pouco de esperança também. Phelps confirma que a Nascar está conversando com potenciais novos parceiros em meio a rumores de que Dodge ou Honda podem estar interessados. Um quarto fabricante, além da Ford, Chevrolet e Toyota, traria investimentos na pista e um novo parceiro incentivado a promover o esporte.
Mas nada disso importa sem os fãs, e eles ainda precisam voltar em número significativo. Para empolgá-los novamente, a Nascar focou nas mudanças de regras; o pacote deste ano inclui modificações destinadas a melhorar as corridas em estrada e circuitos ovais mais curtos. A série também saltou de cabeça nas tendências de consumo esportivo do futuro: e-sports, apostas e streaming, o último dos quais inclui uma nova plataforma de ponta com a NBC Sports que contará com a prática da Nascar e sessões de qualificação, além de outras cobertura de corrida ao vivo. Daqui a um ano, a Nascar lançará o mais recente carro da próxima geração.
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“Essa é a lente pela qual estamos olhando: como isso afetará nossa base de fãs?” diz Phelps. “E o que podemos fazer de diferentes conteúdos (seja usando a corrida como produto ou experiências no dia do evento) para dar aos fãs o que eles desejam?”
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