O plástico se hospedou em nossas vidas, mas talvez uma larva possa nos ajudar a mandá-lo embora.
Um estudo da Brandon University, em Manitoba, Canadá, descobriu que as larvas que normalmente vivem em colmeias e comem cera, também podem sobreviver com polietileno –o tipo de plástico usado em sacolas de compras e em outros produtos.
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Eles devem essa capacidade aos micróbios intestinais que transformam o plástico ingerido em glicol após a ingestão. Os cientistas dizem que ainda não têm certeza do uso desta forma de álcool.
No laboratório, 60 larvas foram capazes de comer mais de 30 centímetros quadrados de sacola plástica em menos de uma semana, dizem os pesquisadores.
Isso não significa que estas larvas são a resposta para o problema do plástico. Os pesquisadores isolaram uma espécie de bactéria intestinal que consegue sobreviver com plástico como sua única fonte de nutrientes por mais de um ano. Mas isso não funcionou tão bem quanto deixar as larvas apenas comerem os plásticos sozinhos.
Christophe LeMoine, do departamento de biologia da Brandon University, afirma que “parece haver uma sinergia entre as bactérias e as larvas hospedeiras que acelera a degradação do plástico”. Bryan Cassone, coautor do estudo com LeMoine publicado na revista científica “Proceedings of Royal Society B”, acrescenta: “A crise da poluição por plásticos é grande demais para simplesmente apostarmos no trabalho das larvas”.
“O que nossa pesquisa está tentando descobrir é como a larva e suas bactérias intestinais trabalham em conjunto para desintegrar o plástico com tanta eficiência. Depois disso, poderemos aplicar as informações à criação de ferramentas otimizadas para eliminar o plásticos do nosso ambiente”.
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Waxworms são as larvas de lagarta da mariposa, que não come nada após emergir dos casulos. “Eles são comedores vorazes durante os estágios larvais, a fim de criar reservas de nutrientes suficientes para subsistir quando adultos”, diz Cassone. “Como adultos, seu principal objetivo é se reproduzir –eles vivem apenas alguns dias.”
Plastívoros
Os pesquisadores da Brandon descobriram que as larvas podem sobreviver com uma dieta única de polietileno. A ingestão excessiva do plástico também aumentou os micróbios intestinais, o que sugere que as bactérias gostam de ingerí-lo. Os pesquisadores até apelidaram-nas de “plastívoros”.
“Em sua dieta natural à base de favo de mel, o excremento é sólido, mas muda para líquido com dieta plástica”, explica Cassone. “Nós realmente não criamos um uso prático para o glicol produzido. Estudos precisam ser feitos para descobrir exatamente que tipo de álcool é esse e se pode ser aproveitado”.
LeMoine e Cassone continuam a estudar como as larvas e as bactérias funcionam tão bem juntas, com os alunos do programa de mestrado em ciências da Brandon.
A habilidade das larvas de comer plástico foi identificada antes, em 2017, por pesquisadores de universidades do Reino Unido, mas “a contribuição de seu microbioma intestinal permanece pouco compreendida e contestada”, dizem os estudiosos da Brandon em um resumo. “Em uma série de experimentos, apresentamos fortes evidências de uma relação complexa entre um microbioma intacto, biodegradação de polietileno de baixa densidade (LDPE) e a produção de glicol como subproduto metabólico”.
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Cassone acrescenta: “Dentro da larva, o processo ocorre notavelmente rápido (em um dia ou mais). Agora precisamos saber por que é assim –estamos, portanto, tentando descobrir o lado biológico das larvas e como ela funciona com suas bactérias intestinais.
“A esperança é que essas informações nos permitam desenvolver ferramentas para ajudar a eliminar os resíduos de plástico sem a necessidade de larvas vivas, o que provavelmente seria insustentável para a remoção de resíduos de plástico em larga escala”.
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