Michael Jordan era ouro nas redes de televisão durante seus dias de estrelato. Ele apareceu nas quatro finais da NBA mais bem cotadas de todos os tempos, com a audiência batendo 29 milhões por jogo em 1998. Quando deixou o Chicago Bulls para sempre em sua segunda aposentadoria, a audiência do campeonato caiu 45%. Nas duas décadas que se seguiram, a NBA nem chegou perto dos números anteriores: as melhores partidas – dos Golden State Warriors contra o Cleveland Cavaliers – atraíram 20 milhões de espectadores em 2016 e 2017.
Neste fim de semana, com o mundo do esporte em suspenso por conta da pandemia de Covid-19, MJ está voltando. A tão aguardada série documental de dez capítulos “The Last Dance”, que segue a temporada final de Jordan no Chicago Bulls, estreia amanhã (19) à noite na ESPN com um par de episódios. A obra será exibida, dois episódios por vez, todos os domingos à noite até 17 de maio. Também estará disponível na Netflix fora dos EUA.
O documentário estava originalmente programado para ser lançado no final de junho, mas a ESPN, que está sofrendo com uma escassez de programação causada pela crise, reagendou o projeto depois que os fãs inundaram a mídia social da empresa com pedidos para antecipar o lançamento. A manifestação revelou a profundidade do caso de amor do público com a estrela de 57 anos, que durante sua aposentadoria entrou no Hall da Fama – em 2009 -, desencadeou um meme lendário e se tornou o atleta mais rico de todos os tempos.
VEJA MAIS: Os atletas da NBA mais bem pagos de 2019
Para marcar a ocasião, a FORBES fez uma reportagem especial com os negócios que fazem de Michael Jordan um ícone.
Patrimônio líquido
Embora a maioria dos bilionários tenha perdido dinheiro nos últimos 12 meses, o patrimônio líquido de Jordan subiu US$ 300 milhões graças à valorização do Charlotte Hornets, franquia da NBA da qual o astro detém cerca de 70%, e a US$ 145 milhões em proventos, principalmente da Nike. Sua participação no Hornets vale US$ 940 milhões líquidos de dívida. Na lista dos Bilionários do Mundo divulgada no mês passado pela FORBES, MJ aparece na 1.001ª posição, com uma fortuna estimada em US$ 2,1 bilhões. Tiger Woods é o segundo atleta mais rico, com US$ 800 milhões.
Jogando com o salário
No total, MJ ganhou US$ 94 milhões (antes dos impostos) durante 13 temporadas no Chicago Bulls e dois anos no Washington Wizards, além dos US$ 4 milhões que o Bulls pagou quando ele deu um tempo da temporada da NBA de 1993-1994 para jogar na liga menor de beisebol.
Para colocar esse salário em perspectiva, vale lembrar que o primeiro contrato de MJ, em 1984, foi de US$ 2,8 milhões por quatro anos. Após o ajuste da inflação, esse valor atualizado representa US$ 7 milhões, ou US$ 1,75 milhão por ano. A escolha principal do time em 2019, Zion Williamson, vai faturar US$ 44 milhões nos primeiros quatro anos. Foi apenas na sua 12ª temporada, com quatro títulos da NBA e um número igual de prêmios MVP, que MJ recebeu o salário mais alto da liga, US$ 30,1 milhões. Ele repetiu os ganhos no ano seguinte, com US$ 33,1 milhões, antes de se aposentar em 1998. Passariam-se mais 16 anos antes que outro jogador da NBA (Kobe Bryant) ganhasse US$ 30 milhões, graças ao teto nos salários individuais implementado em 1999.
MJ voltou como jogador ativo em 2001 com o Wizards, onde era sócio e presidente de operações de basquete, doando seu salário anual de US$ 1 milhão em ações de socorro às vítimas dos ataques de 11 de setembro.
Patrocínios
A NBA tornou MJ famoso, mas foram os patrocínios que o tornaram rico. Ao longo de quase quatro décadas, ele ganhou US$ 1,7 bilhão (antes dos impostos) apenas em parcerias com marcas como Nike, Coca-Cola, McDonald’s, Wheaties, Chevrolet e outras. Ele ainda está vinculado à Nike, Hanes, Gatorade e Upper Deck.
Nike
A Nike sempre foi o maior patrocinador do jogador. O contrato inicial de cinco anos com a marca, assinado em 1984, valia US$ 500.000 por ano (cerca de US$ 1,2 milhão nos dias de hoje), mais royalties. Sua participação no ano passado foi de US$ 130 milhões pelas contas da FORBES, quatro vezes mais do que LeBron James, que tem o segundo maior negócio de calçados da NBA.
A Nike transformou a marca Jordan em um enorme negócio independente, com US$ 3,1 bilhões em receita no ano fiscal que terminou em maio de 2019, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Mesmo com o impacto do coronavírus, as vendas no atual ano fiscal provavelmente serão maiores, de acordo com relatórios recentes da companhia.
“O mais emocionante é que ainda estamos nos estágios iniciais de diversificação do portfólio da marca”, disse o ex-CEO Mark Parker ao anunciar os resultados do segundo trimestre. “E continuamos o impulso no terceiro trimestre com um lançamento significativo do ‘Jordan 11 Bred’, atendendo à demanda por um dos favoritos de todos os tempos da cultura de tênis.”
A Nike lançou o tênis de basquete Air Jordan XXXIV em setembro, e os atuais jogadores da NBA Zion Williamson, Jayson Tatum e Rui Hachimura o usam na quadra. A participação da empresa no segmento de calçados de desempenho para basquete nos EUA foi de 86% em 2019, de acordo com a companhia de pesquisa de mercado NPD. Numa categoria mais ampla de estilo de vida relacionado ao basquete a participação da empresa é de 96%.
Hornets
Michael Jordan esperava voltar ao cargo de executivo e proprietário do time de basquete Washington Wizards quando se aposentou definitivamente, em 2003, mas foi forçado a sair pelo então proprietário do time, Abe Pollin. Três anos depois, ele estava de volta, comprando uma participação minoritária no Charlotte Bobcats, renomeado como Hornets. MJ assumiu o controle majoritário da equipe em 2010, em um acordo avaliado em US$ 175 milhões, finalmente aumentando sua participação para 90%.
Seu investimento chegou bem a tempo de uma explosão nos valores das equipes desencadeada por três grandes eventos: um novo acordo coletivo de trabalho que reduziu a participação da receita dos jogadores de 57% para 50% em 2011; a compra, por Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft, do Los Angeles Clippers por US$ 2 bilhões em 2014, mais de três vezes o preço recorde anterior da NBA; e um novo acordo de TV da NBA com a ESPN e a TNT que triplicou o valor do anterior.
MJ recuperou parte de seu investimento no Hornets em setembro, quando concordou em vender cerca de 20% da equipe, avaliada em US$ 1,5 bilhão, para os gerentes de fundos hedge de Nova York Gabe Plotkin e Daniel Sundheim.
Investimentos
Embora o Hornets seja, de longe, o maior investimento de Michael Jordan, o astro participou individualmente das rodadas de financiamento do Sportradar, um provedor de dados esportivos com sede na Suíça; da marca de fone de ouvido Muzik; da Gigster, um marketplace de São Francisco para profissionais freelancers de tecnologia; e da aXiomatic. MJ ingressou no Hall da Fama da NBA em 2018 como investidor na aXiomatic, empresa controladora da equipe de e-sports Team Liquid, recentemente avaliada em US$ 320 milhões.
LEIA TAMBÉM: Cincoro: conheça a história da marca de tequila superpremium de Michael Jordan
Jordan e três colegas da NBA – Jeanie Buss, do Los Angeles Lakers, Wes Edens, do Milwaukee Bucks, e Wyc Grousbeck, do Boston Celtics – lançaram uma marca de tequila super premium, a Cincoro, no ano passado. A garrafa mais cara da linha, Extra Añjeo, é vendida por US$ 1.600.
MJ também ingressou no grupo de investidores que comprou o Miami Marlins da MLB por US$ 1,2 bilhão em 2017. Derek Jeter, um antigo amigo do jogador, é o CEO do clube e possui 4% da equipe, enquanto Jordan possui menos de 1%. Isso marca um retorno ao beisebol para o atleta, que passou um ano jogando beisebol na liga menor com o Chicago White Sox em 1994. (Ele voltou ao Bulls no ano seguinte, com um memorável comunicado à imprensa de três palavras: “Estou de volta.”)
MJ também é dono de uma concessionária de carros e é parceiro do Cornerstone Restaurant Group, que administra cinco restaurantes da marca Jordan.
Chicago Bulls
MJ não tem um toque de midas apenas para administrar sua própria conta bancária, mas empresta seu talento para ajudar outros a construírem fortunas de bilhões de dólares.
producing an annualized return for Reinsdorf of 17% versus 6.7% for the S&P 500 before dividends.
Em 1985, Jerry Reinsdorf liderou um grupo de investimentos de US$ 16 milhões pelo Bulls. Quatro equipes da NBA foram vendidas naquele ano – inclusive em Milwaukee, Denver e Utah – sendo o Bulls a mais barata delas. No momento em que MJ se aposentou pela segunda vez, após a temporada 1997-1998, o Bulls era o time mais valioso da NBA, e quando chegou às finais da Conferência Leste pela primeira vez desde então, seu valor continuou a subir – mesmo que a ausência do astro tenha feito o time ser superado em valor pelo New York Knicks, Los Angeles Lakers e Golden State Warriors. O Bulls ficou em quarto lugar no ranking dos Times Mais Valiosos da NBA publicado por FORBES em fevereiro, avaliado em US$ 3,2 bilhões, com um retorno anualizado para Reinsdorf de 17% – contra 6,7% do S&P 500 antes dos dividendos.
Filantropia
A parte multimilionária de Jordan nos rendimentos de “The Last Dance” será destinada à caridade, incluindo a organização sem fins lucrativos Friends of the Children, além de outros beneficiários ainda não definidos.
MJ se juntou à maioria dos outros proprietários da NBA no compromisso de continuar remunerando os trabalhadores de estádios enquanto os jogos estão suspensos, e o clube ainda ainda fez doações aos esforços de socorro na região das Carolinas do Norte e do Sul. Nos últimos anos, ele assinou cheques de sete dígitos para ajudar vítimas de furacões tanto nas Bahamas quanto nos Estados Unidos, e se envolveu com a fundação Make-A-Wish por três décadas como doador e realizador de centenas de desejos.
A primeira das duas clínicas médicas Novant Health da família de Michael Jordan foi aberta em outubro para servir integrantes carentes da comunidade de Charlotte. MJ contribuiu com US$ 7 milhões para o projeto. A clínica interrompeu suas operações normais durante a pandemia de coronavírus e está servindo como um centro de avaliação para pacientes com sintomas respiratórios ou encaminhamento médico.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.