O Mercado Pago, braço de serviços financeiros do Mercado Livre, criou uma linha de crédito de R$ 600 milhões para pequenos negócios no Brasil, enquanto o maior portal de comércio eletrônico da América Latina tenta aliviar os efeitos brutais do coronavírus sobre microempreendedores.
“Vamos retomar a originação com mais intensidade com o objetivo de apoiar nossos vendedores, na sua maioria micro e pequenos negócios”, afirmou Pedro de Paula, chefe de Crédito do Mercado Livre no Brasil. “Queremos ajudá-los a atravessar este difícil momento e contribuir para preservar empregos.”
LEIA MAIS: Um milhão já teve contrato suspenso ou salário e jornada cortados, diz governo
O anúncio acontece no momento em que economistas já preveem que o país pode enfrentar neste ano sua maior recessão em um século, como resultado das medidas de isolamento social adotadas para tentar frear a pandemia.
Apesar das ações dos governos federal e regionais para tentar minimizar os efeitos econômicos dessas medidas, até autoridades têm reconhecido que elas não estão sendo eficazes para sanear financeiramente os pequenos negócios.
Enquanto os grandes bancos têm divulgado iniciativas como concessão de carência para pagamento de dívidas, por exemplo, representantes de microempresários afirmam que as linhas de crédito estão encarecendo e ficando mais curtas. Quando existem.
Na semana passada, o Sebrae divulgou uma pesquisa mostrando que 60% dos pequenos empreendedores do país afirmaram não ter conseguido crédito desde o início da crise.
Para o Mercado Livre, que tem mantido elevados níveis de expansão no Brasil, seu principal mercado, justamente oferecendo serviços financeiros para fidelizar e ampliar negócios com um universo superior a 500 mil empreendedores na América Latina, manter a viabilidade financeira desse ecossistema é vital para a sustentabilidade do próprio grupo.
Segundo o presidente do Mercado Pago, Tulio Oliveira, a linha de crédito que está sendo costurada pelo governo federal com bancos não deve ser suficiente para ajudar os muitos pequenos, já que se dirige a empresas com faturamento anual entre R$ 300 mil e R$ 10 milhões por ano, para pagar salário.
VEJA TAMBÉM: Economista-chefe do FMI diz que 100 países já buscaram ajuda por causa da pandemia
“Há muitas empresas menores que não se enquadram nessa categoria e que têm necessidades diversas”, disse Oliveira à Reuters, acrescentando que está participando de discussões com esferas do governo para tentar aprimorar o apoio a microempreendedores.
De acordo com Oliveira, depois da forte retração inicial das vendas por causa da crise, o Mercado Livre vem observando uma retomada nas últimas duas semanas, em particular dos negócios que conseguem vender por meios eletrônicos. “Os demais estão em processo de aprendizado”, disse.
Criado há cerca de quatro anos, sob o guarda-chuva do Mercado Pago, o braço Mercado Crédito opera no Brasil, na Argentina e no México, com linhas de capital de giro para microempreendedores que vendem produtos no portal e também para consumidores, que compram em parcelas. O crédito para os vendedores, em média, é pouco acima de US$ 1.000 cada.
CORONAVOUCHER
Segundo Oliveira, o Mercado Pago e outras plataformas digitais de serviços financeiros também estão pleiteando para que o governo permita que o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 mensais a pessoas em condição econômica mais vulnerável também seja feito por esses canais.
O benefício começou a ser pago na semana passada por meio do banco estatal Caixa Econômica Federal.
“Cerca de 70% do público que recebe auxílio já é cliente das plataformas de pagamentos digitais”, disse Oliveira. (Com Reuters)
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.