A startup mineira de marketing de conteúdo Rock Content reduziu 20% de seu quadro de quase 600 funcionários ontem (6) por conta do impacto da crise do coronavírus, particularmente entre as pequenas e médias empresas clientes da empresa.
Em um post no Medium, o CEO e cofundador da Rock, Diego Gomes, fala sobre as razões das demissões, que, segundo ele, não foram baseadas em performance, mas uma decisão inevitável e causada pelos efeitos da crise.
Pedindo desculpas aos ex-funcionários e assumindo responsabilidade pessoal pela decisão, o empreendedor ressalta um dos aspectos mais desafiadores do ocorrido: ter que comunicar as demissões remotamente, já que os colaboradores estão trabalhando em regime de home office, e não poder “demonstrar a empatia necessária em situações como essa”.
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Antes da pandemia, o foco da empresa era a integração com suas recentes aquisições. Em dezembro, a Rock comprou a norte-americanaScribbleLive, criando um dos maiores players do segmento nas Américas. No mês anterior, adquiriu a iClips, startup mineira de gestão de projetos de agências de publicidade.
A aquisição da ScribbleLive adicionou cerca de 100 funcionários ao quadro da Rock Content, que em dezembro tinha 400 colaboradores. No primeiro trimestre, a empresa havia contratado 76 novos funcionários. A base de freelancers que opera através do grupo Rock Content é de aproximadamente 100 mil profissionais.
O cofundador conta que a startup estava otimista e tinha um plano de crescimento agressivo, mas possível, para 2020. No entanto, a emergência de saúde pública afetou a divisão da empresa voltada a pequenas empresas, que pararam de gastar em conteúdo, ou começaram a atrasar pagamentos. Esta mesma divisão empregava a maior parte dos funcionários da Rock.
“Apesar de termos conseguido reter muitos destes clientes, tivemos um impacto significativo em nosso caixa para os meses futuros”, aponta Gomes. O cofundador acrescenta que o redirecionamento gradual da Rock para o segmento de médias e grandes empresas nos últimos dois anos salvou o negócio de uma decisão ainda mais drástica: “Se a Covid-19 tivesse acontecido há 18 meses atrás, provavelmente não teríamos conseguido sobreviver”, ressalta.
Em sua carta aos colaboradores, Gomes também expressa seu desejo de evitar uma redução adicional no quadro: “Vocês têm meu comprometimento de que vamos trabalhar duro para evitar que [futuras demissões] aconteçam novamente. Vocês têm a minha palavra”, promete.
A decisão de executar o plano de demissões segue uma série de análises e simulações feitas pela liderança da Rock sobre o impacto da atual instabilidade causada pelo coronavírus na empresa em diversos cenários, mesmo que a situação perdure por um período de seis a 12 meses. A redução do quadro nesse estágio da crise busca justamente garantir a sobrevivência da empresa no longo prazo, segundo Gomes.
“Estou confiante de que [as mudanças] nos colocam no caminho certo para cumprir nossas promessas junto aos nossos clientes e nos certificar de que a Rock se tornará uma empresa duradoura que sempre vai ser lembrada por sua ousadia e coragem”, aponta.
Para apoiar os ex-colaboradores após a saída, a empresa anunciou uma série de medidas que incluem pacotes de indenização baseados no tempo de empresa de cada funcionário, além de plano de saúde estendido por seis meses após o desligamento. A empresa também oferecerá workshops e sessões de coaching com os demitidos para que melhorem seus currículos e aumentem as chances de encontrar novos empregos.
A Rock vai viabilizar treinamentos em parceria com outras startups como a Hotmart, que oferece uma plataforma de venda de cursos online, bem como acesso vitalício à sua própria oferta de educação, a Rock University. O plano de apoio também inclui a expansão da Rock.org, iniciativa de impacto social da empresa que auxiliará os desligados a encontrarem novas oportunidades.
Além disso, a empresa divulgou uma lista com os perfis e áreas dos profissionais demitidos como parte da campanha de promoção dos ex-colaboradores no mercado #hirearocker, disponível neste link.
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