A desenvolvedora de projetos de geração renovável Casa dos Ventos fechou um contrato privado de longo prazo para venda de energia à empresa de tecnologia Tivit, em negócio que ajuda a tirar do papel um complexo eólico no Rio Grande do Norte orçado em R$ 2,4 bilhões.
As obras da usina que atenderá o contrato começaram em abril, e a Casa dos Ventos espera assinar nas próximas semanas os últimos acordos envolvendo a produção futura da primeira fase do empreendimento, para o qual já tem planos de expansão, disse à Reuters o diretor de Novos Negócios da empresa, Lucas Araripe.
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Transações envolvendo contratos privados de energia renovável no chamado mercado livre de eletricidade, no qual grandes consumidores como indústrias negociam diretamente seu suprimento, têm se tornado tendência no mundo e no Brasil, em meio à busca de empresas por investimentos em sustentabilidade e à constante queda dos custos de energia eólica e solar.
Esses negócios, no entanto, devem enfrentar alguns desafios neste ano devido à pandemia de coronavírus, que tem reduzido significativamente a demanda por eletricidade, principalmente no mercado livre, onde operam clientes industriais e comerciais, afetados por medidas de isolamento adotadas contra a disseminação da doença.
“Para essa primeira fase do parque, são negociações que já vêm desde o ano passado, que já estavam bem avançadas e estamos concluindo. Para o futuro, vamos sentir um pouco mais agora… mas a gente vê isso como um problema conjuntural”, disse Araripe.
“A perspectiva é que a energia eólica continue sendo atraente”, acrescentou ele, ao apontar que os contratos finais de venda da produção da primeira etapa do parque eólico devem ser assinados nas próximas semanas.
A usina Rio do Vento terá 504 megawatts em capacidade, sendo que o comissionamento das máquinas está previsto para o segundo semestre de 2021.
O fornecimento aos clientes que compraram energia do parque começará a partir de 2022.
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A Tivit fechou um contrato de mais de 10 anos para atender a demanda de seus 30 escritórios e data centers no Brasil, disse Araripe, sem mencionar valores da transação.
Antes, a Casa dos Ventos já havia assinado contrato também com a Vulcabras Azaleia, no valor de 150 milhões de reais, que prevê fornecimento de 7 megawatts por 13 anos.
A operação com a Tivit prevê a possibilidade de a empresa exercer opção de compra de uma fatia no parque eólico após a conclusão das obras. Nesse caso, a companhia passaria ser considerada “autoprodutora” de energia, o que reduziria seus custos com encargos, de acordo com a regulação.
“Acreditamos que essa é uma maneira de dar acesso a energia eólica barata para os clientes, os grandes e agora os de médio porte”, disse Araripe.
Ele afirmou que cerca de 65% dos recursos para a construção do parque eólico no Rio Grande do Norte serão assegurados junto ao Banco do Nordeste (BNB) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A usina usará máquinas da dinamarquesa Vestas.
Segunda fase
A Casa dos Ventos prevê começar agora negociações de contratos que poderiam dobrar a capacidade do complexo no Rio Grande do Norte, para 1 gigawatt, disse o diretor de Novos Negócios.
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Esses acordos para uma segunda fase do empreendimento devem prever a entrega da energia a partir de 2022 ou 2023, o que ajudará a reduzir riscos relacionados ao coronavírus, acrescentou Araripe.
“Estamos falando em um horizonte de daqui a três anos, e são contratos de longo prazo. A gente imagina que deve ter adesão”, afirmou o executivo, destacando que a empresa ainda não sofreu impactos relevantes de pedidos de renegociação de contratos já fechados anteriormente.
“Escolhemos contrapartes fortes. E nos contratos temos instrumentos, garantias, seja fiança, seja corporativa, que nos protegem… até agora não temos visto essa motivação das empresas para alterações relevantes de cláusulas”, disse.
Em meio à forte queda de consumo industrial e comercial devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, diversas comercializadoras de energia têm relatado pedidos de clientes para renegociar ou reduzir contratos.
Essas renegociações devem gerar impactos de cerca de 5 bilhões de reais para empresas de comercialização em 2020, segundo projeção da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel). (Com Reuter)
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