A MRV vai manter a estratégia de privilegiar volume de vendas em detrimento de margens nos próximos meses enquanto aguarda mais clareza sobre os desdobramentos da pandemia de Covid-19 e seus impactos sobre a demanda por imóveis residenciais e em rivais de menor porte, afirmaram executivos hoje (29).
Apesar disso, a companhia não espera que a margem bruta, que no primeiro trimestre recuou 3,7 pontos percentuais sobre um ano antes, para 28,2%, recue nos próximos trimestres, uma vez que está calibrando “agressividade comercial” com um menor crescimento de sua carteira de crédito.
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“Em março fomos mais agressivos em descontos do que em abril e maio. Em abril, o mercado surpreendeu positivamente e fomos mais conservadores. Mas vamos manter a política”, disse o co-presidente da MRV Eduardo Fisher, em teleconferência com analistas do setor.
Questionado sobre os impactos nas margens nos próximos meses, o executivo afirmou que não imagina “que a margem bruta vai ser menor que o primeiro trimestre. Deve ficar parecida no segundo, terceiro e quarto trimestres”, disse Fischer, “a não ser que tenhamos uma surpresa negativa nas vendas e aí vamos ter que ser mais agressivos”.
O executivo comentou ainda que, apesar da crise deflagrada pela pandemia de Covid-19, a demanda de famílias que estão adquirindo seu primeiro imóvel segue saudável. Nas faixas de renda maiores os consumidores têm se mostrado mais hesitantes para assinarem a compra, daí a necessidade de descontos.
Sobre a inadimplência, o também co-presidente Rafael Menin afirmou que em abril e maio a companhia não observou “nenhum movimento de aumento relevante” e que por isso, por ora, não há necessidade de elevar provisões.
Segundo Fisher, o ambiente de negócios atual favorece uma consolidação da indústria, com empresas de menor porte sentindo efeitos como encarecimento da captação de recursos e migração de consumidores para marcas mais estabelecidas. Ele afirmou que a MRV obteve negociações vantajosas sobre terrenos e fornecedores, algo que deve se refletir em custos nos próximos meses.
A ação da MRV caía 4,9% às 14h05, entre as principais quedas do Ibovespa, em baixa de 1,2%. Na véspera, a companhia divulgou queda de 39% no lucro do primeiro trimestre ante mesmo período de 2019, afetada por provisões esperadas para inadimplência e concessão de descontos maiores.
Apesar da relativa tranquilidade nos negócios da MRV após o baque causado pela pandemia – que chegou a causar paralisações em cerca 20% das obras da empresa que se reduziram para 6% atualmente – a MRV vai esperar para decidir sobre dividendos.
“Estamos respeitando o caixa. A ideia é distribuir, se a realidade não mudar sobre venda, repasse e produção, a tendência é permanecermos da forma como vínhamos fazendo”, disse Fischer.
Em abril, a MRV aprovou em assembleia R$ 163,9 milhões em dividendo mínimo obrigatório, equivalente a R$ 0,34 por ação, mas afirmou que o conselho de administração vai decidir “em um momento oportuno” a data do pagamento. (Com Reuters)
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