A Luminar, fabricante de laser Lidar (da sigla inglesa Light Detection And Ranging que designa uma tecnologia óptica de detecção remota) para carros autônomos do Vale do Silício, está mudando para uma nova fase com um contrato de vários anos a fim de fornecer seus sensores altamente tecnológicos à Volvo Cars. A empresa os usará como parte de um sistema autônomo para veículos de consumo que entrarão no mercado em 2022. Este é o primeiro negócio desse tipo realizado pela Luminar e uma das primeiras negociações de produção comercial desta tecnologia óptica exótica.
“Em breve, seu Volvo poderá dirigir autonomamente em rodovias quando o carro determinar que é seguro fazê-lo”, disse Henrik Green, diretor de tecnologia da Volvo Cars. Usando o sistema Highway Pilot da empresa, “o seu veículo assume a responsabilidade pela direção e você pode relaxar, tirar os olhos da estrada e as mãos do volante. Com o tempo, as atualizações over-the-air expandirão as áreas em que o carro pode dirigir sozinho.”
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A Volvo Cars, que investiu na Luminar em 2018, está projetando sua próxima plataforma de veículos SPA 2 para incorporar o Lidar da startup, à medida que adiciona níveis cada vez mais altos de capacidade de direção autônoma, desde funções avançadas de assistência ao motorista e condução em mãos-livres até uma eventual autocondução completa. A colaboração inclui “robusta industrialização e validação” da tecnologia da Luminar para produção em série. A Volvo Cars também pode aumentar sua participação na startup, segundo dito pelas empresas sem maiores detalhes.
“Em termos de algo que realmente visa uma implantação autônoma, é definitivamente o primeiro deste tipo”, diz Austin Russell, o prodígio de óptica de 25 anos que saiu de Stanford em 2013 para criar a Luminar. “O foco é realmente centrado nas rodovias”.
A capacidade do laser de criar instantaneamente mapas detalhados de nuvens de pontos 3D do ambiente em que se encontra um veículo durante o dia ou no escuro, tornou a tecnologia essencial para praticamente todas as empresas que trabalham a fim de aperfeiçoar a condução autônoma segura, com a notável exceção da Tesla (o CEO Elon Musk, inexplicavelmente descreveu isso como uma “tarefa de tolo”). No acordo entre a Volvo Cars e a Luminar, os engenheiros integraram elegantemente o sensor Iris da empresa diretamente nas laterais do teto, em contraste com os grandes e volumosos sensores de Lidar que se localizam no topo de milhares de veículos sem motoristas em frotas de teste.
A tecnologia da Luminar pode “confiavelmente” mapear objetos até 250 metros à frente –mesmo quando um automóvel está viajando em alta velocidade–, e detectá-los a distâncias de 500 metros, disse Russell. Os termos financeiros do acordo de fornecimento não foram divulgados, embora possam chegar a “centenas de milhões de dólares” ao longo do tempo, segundo ele.
“Considerando que muitas pessoas podem ter pensado que as implantações iniciais de veículos autônomos seriam no domínio dos robôs-táxis ou autonomia urbana, para onde foi basicamente mais de 90% de todo o capital desse setor, eu acho que o mais interessante é que a Volvo realmente assumiu uma posição de liderança, especificamente em torno deste caso do uso nas rodovias e a aplicação em veículos de consumo”, diz ele à Forbes. “Esta é a principal maneira de dimensionar amplamente economias e realmente disponibilizar algo para a produção em um prazo realista no que diz respeito a um produto autônomo”.
Os sensores da Luminar emitem milhões de pulsos de luz laser para detectar condições e objetos da estrada no caminho de um veículo. O sistema de visão autônoma da Volvo inclui câmeras, radares e sensores ultrassônicos trabalhando em conjunto com o Lidar a fim de garantir que o mecanismo habilitado para Inteligência Artificial o qual opera o veículo considere totalmente os riscos potenciais.
Russell, um ex-Under 30 da Forbes, agiu rapidamente para enfrentar os players estabelecidos de Lidar, como a Velodyne, a fim de se tornar um fornecedor de primeira linha. A startup levantou cerca de US$ 250 milhões, incluindo uma rodada de US$ 100 milhões anunciada em julho de 2019 e tem projetos de desenvolvimento com Toyota, Audi e Volkswagen, mas ainda não fornece tecnologia para seus veículos de consumo.
“Passar de uma frota de P&D para algo em produção em série é um jogo completamente diferente”, diz Russell. “Isso requer uma enorme quantidade de recursos do ponto de vista de pessoas, bem como um esforço dedicado no foco de uma empresa para implantar algo assim e ver todo o caminho a percorrer. Provavelmente, a divulgação desse anúncio no meio da pandemia do coronavírus é uma prova da seriedade da Volvo.”
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