Maheshwari Natarajan, diretora fundadora da escola Vidya Mandir Estancia, situada nos arredores da cidade de Chennai, no sul da Índia, tinha várias tarefas acadêmicas inacabadas quando a quarentena nacional foi anunciada em 23 de março. O cronograma não havia sido concluído, os exames não foram feitos e os relatórios de progresso acadêmico ficaram pendentes.
Em uma medida cautelosa, a administradora de 60 anos (que ensina psicologia para alunos de ensino médio na escola, que segue o Conselho Central Nacional de Educação Secundária) começou a experimentar um novo produto no dia anterior, em 22 de março, para a realização de aulas online. Ela se familiarizou com o aplicativo, oferecido pela gigante Zoho Corp., criando lições online e testando-as em um grupo de alunos de ensino médio. Os alunos concluíram tarefas e testes, e a Zoho continuou aprimorando o aplicativo à medida que avançavam.
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Em 10 dias, toda a escola com 80 professores, com idades entre 25 e 60 anos e 890 alunos de diversas idades, estava usando o aplicativo. Os alunos e professores estavam espalhados por diversos lugares, da cidade de Chennai até o distrito vizinho de Chengalpattu, além de vilarejos próximos, onde alguns estudantes foram ficar com os avós. Tudo o que eles precisavam fazer era baixar o aplicativo em qualquer dispositivo. Ele pode ser usado em tablets, laptops ou desktops e aceita Android e Apple.
“Nenhum de nós é especialista em tecnologia”, admite Natarajan, que também teve que superar sua forte crença de que os alunos não deveriam passar muito tempo olhando para uma tela. “Mas esse programa foi tão fácil de usar. Agora sou capaz de monitorar tudo no aplicativo, mas às vezes a velocidade de download é um problema.”
O “Zoho Classes”, oferecido pela empresa de software como serviço Zoho, com sede em Chennai, foram testadas em beta na Vidya Mandir Estancia e foram formalmente lançadas na semana passada. O programa suporta sessões ao vivo, compartilha tarefas e testa alunos em escolas e faculdades. Atualmente, as aulas online estão estruturadas para que os alunos possam ver o professor, mas o professor não pode vê-los.
A Zoho, que teve receitas fiscais de US$ 467 milhões em 2019, está oferecendo o aplicativo gratuitamente para todas as escolas do governo na Índia. A empresa foi fundada por Sridhar Vembu, mas sua irmã Radha Vembu possui 48% das ações da empresa. Ela estreou na lista de bilionários no mundo deste ano com uma fortuna de US$ 1,2 bilhão. Para escolas particulares, o programa é gratuito para os 100 primeiros estudantes, após isso, as escolas pagam 250 rupias (US$ 3,3) por aluno a cada ano.
“Queremos ajudar os alunos a continuar seus estudos nesses tempos difíceis”, diz Sridhar Vembu, que também atua como CEO da Zoho. “Atualmente, estamos em fase de testes com milhares de estudantes. Eventualmente, esperamos atender milhões de estudantes. Estamos trabalhando duro para conseguir parceria com mais escolas.”
Milhões de estudantes na Índia estão em casa após a pandemia de Covid-19, fazendo com que escolas e faculdades tentem de tudo, desde o Zoom ao Google Meet, ao Skype, à Equipe Microsoft para manter as aulas. A Unesco estima que quase 1,3 bilhão de estudantes sejam afetados pelo fechamento de escolas e universidades em todo o mundo.
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No entanto, em meados de abril, o governo indiano declarou que o programa Zoom, que tinha questões graves de segurança, não era seguro. Mas emitiu diretrizes (como configurar um novo ID de usuário e senha para cada reunião) para indivíduos e empresas que ainda desejavam usar o Zoom.
Nesse contexto, o programa “Zoho Classes” está posicionando seu aplicativo como uma oferta direcionada principalmente aos alunos. Ele é “projetado especificamente para escolas, professores e alunos (não empresas!)”, disse a empresa em uma apresentação. “Protege alunos contra bullying. Detalhes pessoais nunca são visíveis ou compartilhados. Os alunos podem ingressar apenas através de um convite direto da escola. E está hospedado nos data centers da Zoho, que seguem os mais altos padrões de segurança global.”
A Zoho também oferece uma plataforma para agências de treinamento e treinadores independentes, chamada Zoho Showtime, que pode ser usada para aulas especializadas ou para programas de treinamento de recursos humanos.
Além de estudantes, a Zoho lançou um aplicativo que as agências governamentais podem usar enquanto lidam com a pandemia. O aplicativo, chamado “Zoho Meeting”, é usado para hospedar chamadas de conferência em grupo de áudio e vídeo. As chamadas agora podem suportar até 100 participantes, cerca de 25 deles por vídeo. A empresa está oferecendo gratuitamente o programa a todos os órgãos do governo por três meses.
Em meados de março, também lançou um conjunto de trabalho remoto chamado “Zoho Remotely” para empresas. É um conjunto de 11 aplicativos e é gratuito até 1º de julho para todas as empresas. Cerca de 15 mil empresas aderiram ao Zoho Remotely e quase um quinto delas são da Índia.
A gigante de softwares de negócios, que obtém mais de 90% de sua receita nos mercados externos, agora busca aprofundar sua presença na Índia. “Temos um balanço forte e uma dívida baixa”, diz Sridhar Vembu. “Mas estamos mentalmente preparados para uma queda acentuada. Cancelamos bônus, mas ainda não cortamos o pagamento de ninguém. Os funcionários devem estar preparados para um corte salarial. Mas a qualquer custo, evitaremos demissões.”
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Vembu também planeja criar aplicativos de graça com o “Zoho Creator”, uma plataforma de desenvolvimento de aplicativos. As organizações podem fazer solicitações e a Zoho criará os aplicativos gratuitamente. A empresa já fez isso pelo Sri Sathya Sai Annapoorna Trust, que serve refeições gratuitas e distribui kits de supermercado gratuitos em sete estados da Índia.
A Zoho criou um aplicativo para ajudar a Trust a coordenar seus voluntários. “Queremos ser capazes de ajudar com as necessidades nacionais urgentes”, diz Vembu.
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