Observar as movimentações de duas gigantes da beleza – neste caso, Sephora e a L’Oréal – investindo continuamente em programas de aceleração de startups pelo mundo soa como a frase do clássico “O Poderoso Chefão”: “Mantenha seus amigos próximos… e os inimigos mais próximos ainda”. Em um mundo em que a bilionária Kylie Jenner construiu um império da beleza avaliado em, no mínimo, US$ 900 milhões (segundo a Forbes EUA), toda cautela é pouca. Afinal, a qualquer momento pode surgir outra self-made como ela e roubar a cena, partindo praticamente do nada.
Por isso, as duas “senhoras” nascidas em Paris (uma de 47 anos, outra de 111) investem tempo e dinheiro promovendo campeonatos globais a fim de se aproximar de startups, pequenos negócios e principalmente novas ideias.
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A L’Oréal deu o primeiro passo ao lançar o concurso L’Oréal Open Innovation, em 2017, e criar parcerias com a venture builder londrina Founders Factory e a incubadora parisiense Station F. Era questão de tempo para o Brasil entrar no radar. Em novembro de 2019, a empresa lançou aqui um programa de inovação em parceria com a unidade carioca da Fábrica de Startups (que é originalmente portuguesa). A partir de um roadshow e da exposição de seus atuais desafios, selecionou oito startups que apresentaram as melhores soluções para serem aceleradas este ano – as empresas trabalharão em segredo até agosto (se não houver atrasos), quando a solução mais inovadora será revelada.
A CMO da L’Oréal Patricia Borges falou à Forbes sobre a iniciativa. “Temos a ambição de nos tornarmos a beauty tech número um do mundo. A proximidade com o ecossistema de startups, e nesse caso a parceria com a Fábrica de Startups, é um passo importante de nossa ambição de inovação digital no Brasil.” Sobre os desafios do mercado de beleza global, Patricia ressalta que o mercado de beleza é movimentado por inovações – e os consumidores estão cada vez mais exigentes, buscando soluções personalizadas.
No Brasil, o cenário é único. “O mercado brasileiro, marcado pelo dinamismo e pela multiculturalidade, é desafiador e, ao mesmo tempo, repleto de oportunidades. Os desafios que abrimos para as startups estão relacionados à eficiência de serviços e aos processos que resultem em uma melhor jornada do consumidor.”
Já a Sephora, que compõe o portfólio da LVMH, tem um programa global batizado de Sephora Accelerate. Desde a primeira edição, em 2016, o programa tem como objetivo apoiar empresas lideradas por mulheres. Em 2020, atingiu a meta global de 50 auxiliadas. Na edição atual, foram selecionadas 13 empresas que terão acompanhamento ao longo do ano, além de um bootcamp nos EUA com a mentoria de executivos da marca francesa. O “fim” do programa consiste na participação no Sephora Accelerate Demo Day, onde as empresas são apresentadas aos investidores e especialistas. Em 2019, duas marcas brasileiras participaram do programa: a de cosméticos veganos Care Natural Beauty e a Orna Beauty, de smart beauty. Em 2020, mais uma vez o Brasil marcou presença, sendo representado pela Sobrebarba, empresa focada na fabricação de produtos para tratamentos de barba, segmento mais conhecido como “grooming”, que está em alta.
“O projeto nos possibilita olhar com mais atenção para a nossa comunidade local e ajudar no empreendedorismo das brasileiras”, afirma Andrea Orcioli, CEO da Sephora Brasil. “Para mim, particularmente, que acompanho bem de perto o Sephora Accelerate desde o início, é uma experiência muito gratificante. É um pontapé inicial, já que o Accelerate é uma iniciativa-chave dentro de um programa ainda maior, o Sephora Stands, que busca utilizar os pontos fortes da marca para o bem maior em nossas comunidades.”
Reportagem publicada na edição 76, lançada em abril de 2020
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