Na tarde de ontem (4), a Plataforma Eleva promoveu o Festival Nova E-ducação para debater as transformações do ecossistema educacional. O evento, totalmente virtual, contou com a participação de nomes como a filósofa Djamila Ribeiro, o escritor moçambicano Mia Couto, o ator Bruno Gagliasso e Jorge Paulo Lemann, dono da maior cervejaria do mundo, Ab InBev, sócio da 3G Capital e a segunda pessoa mais rica do Brasil.
Durante uma conversa com Duda Falcão, CEO do Grupo Eleva Educação e diretora executiva da Escola Eleva, Jorge Paulo Lemann falou sobre filhos, liderança e gestão educacional. Ao ser indagado pela dirigente das operações da Eleva sobre o que é ser pai, Lemann disparou: “Não me vejo como um pai presente o tempo todo no dia a dia. Muita gente pode pensar que eu sou um pai autoritário, mas não sou. Descobri com seis filhos que um é diferente do outro, e as pessoas devem encontrar seus caminhos e habilidades”, disse. Em seguida, completou: “Meus filhos têm muita liberdade de escolha. Eu me disponho a ajudar, mas não a fazer por eles. Têm que se virar por conta própria”.
Sobre ser dono da segunda maior fortuna do país, avaliada em US$ 17,4 bilhões, e a relação familiar, Lemann é enfático: “Um dos problemas de pai rico é querer resolver tudo: arrumar mais aulas para o filho, solucionar as coisas. Filho que não sabe resolver vai ser bobo a vida toda. Tem que deixar ele fazer, escolher e errar – só assim a gente aprende como acertar. Eu mesmo aprendi muito fazendo um monte de bobagem”.
Lemann lembrou, ainda, de quando emprestou dinheiro para um de seus filhos e reforçou a necessidade de educar com vistas à responsabilidade. “Tenho um filho agora que tomou um dinheiro emprestado para um negócio. Pegou comigo porque era mais fácil. Agora, todo dia, ele reclama dos juros altos que eu cobro. Se não está gostando, vai arrumar dinheiro em um banco”, contou. “Eles escolhem o que querem e são responsáveis pelo futuro. Eu vou ajudar se estiverem aptos a fazer e dispostos a suar muito. Não dou moleza.”
Quando o assunto são os negócios e a atual crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, Jorge Paulo Lemann contabiliza que já passou por, aproximadamente, 12 períodos econômicos delicados, mas que este é diferente. “Quando você está em uma crise, ela é sempre a pior. Esta é muito difícil porque estamos dependentes da ciência e da medicina, diferente das outras e totalmente fora do nosso controle. Mas, independentemente das dificuldades, crise sempre é uma oportunidade de fazer diferente, de procurar novos rumos”.
O bilionário falou, ainda, sobre a importância da educação e a busca pela continuidade dos projetos. “Tem muita coisa para fazer. Estamos atrasados em relação às outras nações. Começa pela governança… Se pudéssemos ter um Banco Central independente operando na educação seria bom. Observe quantos ministros da Educação tivemos nos últimos dez anos… Tudo muda o tempo todo, não há uma linha de desenvolvimento definitiva, independentemente de quem está no poder”, pontua. “Eu não vejo possibilidade de um país evoluir ou ter mais igualdade entre as pessoas, boa governança e ser competitivo sem educação. Estou aqui, fazendo o que posso no âmbito privado quando o assunto é educação. Até porque não tenho a menor competência e habilidade para me envolver em política. Não duraria um mês.”
E AINDA: Jorge Paulo Lemann: ‘Já vivi muitas crises; essa também vai passar’
Lemann encerrou a conversa dizendo que tem usado a pandemia de Covid-19 e, por consequência, o isolamento social para se atualizar. “Estou dedicando muito tempo ultimamente para me adequar ao novo mundo da tecnologia. Até porque as maiores empresas do planeta e que geram mais retorno para os seus acionistas estão nesse setor.” E cita a Amazon como um grande exemplo de inovação. “A empresa é uma das grandes escolas do mundo, já que dá ênfase à sua operação, formulou maneiras de inovar e testar métodos e produtos novos. E sabe que, muitas vezes, vai errar. Se erra, descarta e passa para o próximo. Isso traz muita inovação e novas soluções de maneira rápida para o mercado.”
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