A Ambev confirmou a primeira encomenda de 100 caminhões elétricos de entrega urbana para a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO), parte de um projeto de centenas de milhões de reais para a aquisição de 1.600 veículos elétricos até 2023 pela fabricante de bebidas.
A Ambev e a unidade de caminhões do grupo alemão Traton anunciaram a intenção da aquisição em 2018 e desde então a tecnologia tem sido testada no país. A encomenda, anunciada hoje (16) pelas companhias, é uma das maiores do tipo no mundo, parte de um plano da Ambev para reduzir sua pegada de carbono, algo que também inclui 48 usinas de energia solar que a fabricante de bebidas está implementando em seus centros de distribuição.
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O volume de caminhões elétricos a serem adquiridos representa atualmente 35% da frota que atua para a Ambev e o plano da companhia é que eles eventualmente substituam os modelos a diesel da empresa. Os veículos serão comprados por transportadoras que já prestam serviços para a Ambev, que tem como objetivo que o modelo elétrico seja pré-requisito para que empresas logísticas atendam a empresa.
Os primeiros 100 caminhões elétricos da encomenda começam a ser montados em maio de 2021, após a linha de produção da fábrica da VWCO em Resende (RJ) ser concluída entre março e abril. As entregas devem ocorrer a partir do final do primeiro semestre, disse o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.
Para o veículo, a VWCO se aliou com a fabricante brasileira de motores elétricos Weg e com a chinesa CATL, uma das maiores produtoras de baterias de íons de lítio do mundo. A fabricante brasileira de baterias Moura também integra o desenvolvimento.
Segundo Cortes, a versão elétrica do caminhão é duas vezes e meia mais cara que o modelo da empresa movido a diesel, que tem preço de tabela de R$ 220 mil. Isso porque a empresa está importando a bateria da China. Só o custo da bateria equivale ao preço de um caminhão convencional, disse o executivo.
“Temos um objetivo de que essa bateria seja produzida no Brasil”, afirmou Cortes, sem poder precisar quando isso poderia acontecer diante de questões de escala de produção.
Apesar do preço mais alto, Cortes afirmou que o modelo elétrico do caminhão urbano Delivery tem um custo de manutenção 60% menor que a versão a diesel ante cálculos iniciais da ordem de economia de 50%. Enquanto isso, o custo de operação, formado principalmente por combustível, é 68% menor que o modelo a combustão.
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Segundo Cortes, a bateria do caminhão elétrico tem autonomia para 200 quilômetros com o veículo carregado. Como os freios regenerativos devolvem até 43% da energia, os veículos podem circular fazendo entregas durante o dia sendo recarregados durante a noite nos centros de distribuição.
Para o vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Ambev, Rodrigo Figueiredo, como os custos de propriedade dos caminhões elétricos são menores, “ao longo da vida útil do caminhão acaba compensando” o preço maior de aquisição em relação aos modelos a diesel.
Figueiredo não revelou o valor do investimento da Ambev no projeto, mas afirmou que só nos últimos cinco anos a companhia aplicou cerca de R$ 1 bilhão em iniciativas voltadas à sustentabilidade socioambiental. Segundo o executivo, os caminhões elétricos serão usados inicialmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A confirmação da encomenda vai na contramão de defesas de relaxamento de compromissos de redução de gases estufa acertados anos atrás por governos e companhias do mundo. Em agosto, por exemplo, o governo alemão admitiu que não teria cumprido sua meta climática de 2020 se o dano econômico causada pela pandemia de coronavírus não tivesse provocado uma queda acentuada das emissões de gases de efeito estufa.
Cortes afirmou que a VWCO tem conversado com “vários outros interessados” no caminhão elétrico, incluindo países onde a empresa atua na América Latina, mas afirmou que por motivo de confidencialidade das negociações ainda não poderia citar nomes. “Não são só empresas de bebidas e alimentos, mas de entrega urbana, empresas logísticas”, afirmou o executivo.
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Do lado da Ambev, que tem atuação em todas as Américas, Figueiredo afirmou que a companhia tem como política compartilhar boas práticas com outras regiões, mas que “a projeção que estamos fazendo, neste momento, é de continuar no desenvolvimento da tecnologia aqui do Brasil”.
O executivo citou o Chile, por exemplo, onde a empresa está desenvolvendo um projeto de caminhões que usam como combustível gás liquefeito, que é menos poluente que o diesel. (Com Reuters)
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