A abertura de capital da varejista Miniso na Bolsa de Nova York transformou seu fundador em bilionário. A riqueza de Ye Guofu vem da rede de lojas de produtos domésticos, cosméticos e alimentos sediada em Guangzhou, na China. A Miniso vende produtos baratos, como rímel a US$ 1,50 e fones de ouvido a US$ 6.
Apoiada pela gigante chinesa de tecnologia Tencent, a Miniso começou a ser negociada na Bolsa de Valores de Nova York na quinta-feira (15). A empresa levantou US$ 608 milhões com a venda de 30,4 milhões de American Depositary Shares (ADSs) a um preço de US$ 20 por ação, acima da faixa anteriormente indicada de US$ 16,5 a US$ 18,50.
LEIA MAIS: Plataforma de varejo online Nuvemshop recebe aporte de US$ 30 mi
Ye, que terá 65% da Miniso após o IPO, atualmente tem um patrimônio líquido de US$ 3,9 bilhões, estima a Forbes.
A empresa planeja usar os recursos para abrir mais lojas e expandir sua rede. A pandemia do novo coronavírus forçou o fechamento de algumas unidades na primeira metade do ano e também contribuiu para uma queda de 4,4% nas vendas, com receita de US$ 1,3 bilhão no ano fiscal de 2020 encerrado em junho. Mas Ye está confiante de que a Miniso logo voltará a crescer, pois, segundo ele, seus produtos proporcionam uma experiência de compra única. “Não há um concorrente no mercado atualmente”, disse o bilionário em entrevista à Forbes. “Contanto que não cometamos grandes erros, teremos um espaço de crescimento muito promissor.”
Os analistas concordam. Jason Yu, diretor-gerente da consultoria Kantar Worldpanel, em Xangai, diz que os consumidores cuja renda está sendo afetada pela pandemia intensificarão a busca por mercadorias com bom custo-benefício, como os fornecidos pela Miniso.
A empresa vende uma diversidade de produtos, como cosméticos, utensílios e pequenos eletrodomésticos projetados internamente ou com propriedade intelectual licenciada por empresas como a Disney. Sem contar com revendedores e apenas comprando diretamente dos fabricantes, a Miniso economiza 95% em custos nos produtos oferecidos a menos de US$ 7,1 na China, segundo divulgado em seu prospecto.
A companhia possui 4.200 lojas em todo o mundo, incluindo 1.680 em mercados internacionais. A empresa ainda não dá lucros, mas as perdas diminuíram para US$ 37 milhões no ano fiscal de 2020, queda de 12% em relação ao ano anterior.
A Miniso não é a primeira aventura de Ye. Segundo relatos da mídia chinesa, o empresário trabalhou em uma fábrica de aço chinesa antes de criar a marca. Uma viagem ao Japão em 2013 fez o fundador ficar impressionado com lojas como a Muji, que oferece produtos variados como roupa, artigos de viagem, eletrodomésticos, papelaria, móveis, e o inspirou a criar a Miniso.
VEJA TAMBÉM: Por que a nova loja conceito da MAC personifica o futuro do varejo da beleza
Mais tarde, o empresário expandiu seus negócios por meio do que chama de modelo “Miniso Retail Partner”, no qual os franqueados pagam uma taxa pré-estabelecida para abrir lojas da marca e dividir parte das vendas geradas pelos produtos fornecidos pela empresa. Das 4.200 lojas globais, a Miniso opera diretamente apenas 129, segundo seu prospecto.
Mas Ye também está enfrentando uma concorrência crescente. Outros varejistas chineses têm procurado capturar mais do mesmo segmento de consumo da Miniso. Analistas apontam para os gigantes do comércio eletrônico chinês, como a Alibaba e a Pinduoduo, que estão promovendo produtos mais baratos para chamar a atenção de compradores mais simples. “É mais difícil ter um ponto de diferença agora”, diz Mark Tanner, diretor-gerente da consultoria China Skinny, com sede em Xangai.
Apesar da possível maior competição, Yu, da Kantar Wordpanel, diz que a Miniso tem a vantagem de ser pioneira, pois há anos atende o mesmo público e já se consolidou no mercado. “A empresa posicionou bem sua marca”, diz ele, “mas também precisa continuar fortalecendo sua imagem e gerenciar a cadeia de suprimentos, já que ela abrange tantas categorias de produtos.”
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.