Este ano trará vários desafios econômicos aos EUA, alguns que ainda não podemos sequer prever, mas já podemos identificar pelo menos quatro dificuldades dos próximos meses. Em primeiro lugar, a pandemia de coronavírus está mudando permanentemente algumas partes da economia.
Vou começar com o mais familiar para mim: viagens de negócios. O setor parou bruscamente no ano passado. Desde então, companhias aéreas e hotéis se recuperaram um pouco, mas não o suficiente para normalizarem as atividades e voltarem a ter resultados financeiros. As companhias estão apenas tentando sobreviver à crise econômica.
O problema é que seus melhores clientes agora aprenderam a fazer negócios com muito menos viagens. Eu, pelo menos, estou ansioso para voar novamente, embora duvide que muitos de nós façamos viagens na mesma quantidade que antigamente. Grandes convenções, que exigem meses de planejamento e preparação, não retornarão até o final de 2021. Este já é o segundo ano que vou participar de alguns eventos apenas on-line.
Além disso, acredito que os eventos presenciais futuros serão menores. Esta é uma má notícia para a indústria e para cidades inteiras que dependem economicamente do turismo de negócios.
Em segundo lugar, essas mudanças irão se espalhar pela economia.
Quando um restaurante ou hotel fecha, seus empregados e fornecedores também sofrem. O impacto sobre o mercado imobiliário comercial mal começou, mas penso que será gigantesco.
A economia pós-pandêmica precisará de menos shoppings, centros comerciais, hotéis e prédios corporativos. Ao mesmo tempo, veremos uma maior demanda por armazéns e infraestrutura de transporte. Tudo vai se resolver, mas vai levar tempo. Certamente teremos ganhadores e perdedores. O mundo está sendo “reprecificado”.
Terceiro, não está claro se realmente temos mais mercados de capital funcionais.
Depois de quase um ano de medidas sem precedentes do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), o mercado de títulos está totalmente à mercê do Fed. Suas compras de títulos do Tesouro e ETFs de títulos corporativos permitiram que o governo e grandes empresas emprestassem grandes quantias em alguns dos melhores termos da história registrada.
No entanto, esse dinheiro não está necessariamente sendo usado de forma produtiva, o que será um grande problema em algum momento. Além disso, o Fed está piorando ainda mais a divisão entre riqueza e renda. As taxas de juros estão esmagando os que poupam financeiramente, quase forçando os aposentados a escolher alternativas mais arriscadas, precisamente no momento de suas vidas quando não deveriam. Dadas as avaliações de hoje, isso poderia ter efeitos desastrosos.
Em quarto lugar, o apoio fiscal e monetário ajudou o mercado de ações, elevando os preços dos ativos muito acima de qualquer avaliação remotamente justa.
Como eu disse, esse comportamento pode continuar por mais tempo do que esperamos, mas eventualmente algo irá desencadear um colapso. Também temos a perspectiva de alíquotas mais altas nos impostos corporativos.
Biden e os democratas querem basicamente reverter os cortes de impostos de 2017. Se tiverem sucesso, é justo esperar que alguns dos ganhos do mercado desde então também sejam revertidos. Isso, por sua vez, poderia ter um “efeito riqueza” ao contrário, pois fará com que os investidores deixem de usar seus recursos para investir em ações. Isso removeria parte do combustível do mercado e colocaria ainda mais pressão baixista nos preços.
Dessa forma, prevejo uma crise sem precedentes que levará à maior destruição de riquezas da história. A maioria dos investidores está completamente alheia à pressão crescente atual.
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