Clara Carvalho, de 27 anos, nasceu em Belo Horizonte, mas se considera baiana, já que se identificou de corpo e alma com Salvador assim que lá chegou, aos 9 anos de idade. Aos 16 anos, fez intercâmbio na pequena Belleville, no Canadá, a duas horas de Toronto, e se hospedou na casa de uma família onde vivia uma idosa com câncer. A jovem acompanhou sua “avó canadense” nas consultas e exames no hospital, e ficou impressionada com a forma delicada e digna como a paciente era acolhida. A mulher morreu no penúltimo mês do intercâmbio de Clara. “Foi minha primeira perda na vida. Voltei decidida a ser médica. Aquela experiência me engrandeceu.”
Primeira médica da família, formada na Unifacs, em Salvador, ela foi logo se interessar por uma área que virou especialidade no Brasil apenas em 2015: medicina de emergência. O empenho nos estudos e na leitura de outros assuntos – “sou viciada em leitura, o que era uma obrigação virou um hobby” – sempre foi acompanhado por uma prática esportiva intensa: tênis, surfe, handebol, crossfit e, mais recentemente, corrida (como trampolim para a próxima modalidade, triatlo). “Gosto muito de desafios, e o esporte muda a perspectiva de tudo.” Como se vê, o apelido de Clara Mil Volts é de fácil compreensão.
Ao deparar com a realidade da medicina de emergência no Brasil, Clara ficou chocada. “Muitos médicos não estão nem aí; fazem plantão só para levantar dinheiro extra.” Formada em 2018, ela fez as malas para São Paulo e começou a trabalhar na alucinante emergência do Hospital das Clínicas, onde cumpre o terceiro ano de residência. Mais do que se especializar na área, Clara percebeu a necessidade de atuar tanto pelos colegas médicos experientes quanto pelos alunos, que enfrentam situações críticas e estressantes com pouca bagagem profissional. “Meu propósito é educar”, resume. “Quero mudar o ensino de medicina de emergência.” Com isso em mente, Clara cofundou a startup Grupo Mover, de ensino de medicina de emergência.
Já o curso virtual Mil Volts, com foco em produtividade, tem um público mais amplo, independentemente da formação. “Ser produtivo é ter uma produção relevante em um período de tempo otimizado”, ensina a aluna-professora. “Comunicadora e eterna atleta amadora”, como gosta de se definir, Clara esteve em Uganda no começo do ano passado, em uma expedição assistencial do Instituto Dharma, presidido por Karina Oliani. A viagem foi interrompida pela explosão da pandemia. Clara retornou ao Brasil e acabou infectada pela Covid-19 enquanto atuava na linha de frente do combate ao vírus. Sozinha, isolada em casa, abatida pelos fortes sintomas da doença, ela seguiu produzindo conteúdo educacional digital. Agora sua meta é concluir o último ano de residência e ter mais qualidade de vida. “Vou voltar para Salvador”, planeja a jovem médica – que ainda encontra espaço na agenda para se divertir com música: toca violão, teclado e ukelelê, o simpático instrumento de cordas havaiano.
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