O Ibovespa fechou hoje (20) em alta de 0,12%, a 110.804 pontos, mas sem conseguir se recuperar da forte queda registrada no pregão de ontem (19) causada pelos temores do mercado de o governo furar o teto de gastos para expandir os gastos sociais.
O ministro da Cidadania, João Roma, anunciou nesta tarde o novo Bolsa Família, que foi rebatizado de Auxílio Brasil, após o lançamento ter sido adiado na terça-feira por causa da reação negativa dos investidores. Roma afirmou que os pagamentos pelo programa terão reajuste de 20% e que o governo segue engajado em estruturar, junto com o Congresso, um benefício transitório extra que funcione até dezembro de 2022 e fique dentro das regras fiscais.
Em rápida fala à imprensa no Palácio do Planalto, Roma pontuou que o objetivo desse pagamento extra será fazer com que nenhuma família beneficiária do Auxílio Brasil receba menos de R$ 400, e que ele será viabilizado pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
“Levando em conta o engessado orçamento e mais um adiamento da votação da PEC dos Precatórios, fica sinalizado que será criada alguma manobra fiscal”, afirma Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “A questão é: como equalizar [esses gastos] respeitando o teto e os termos da responsabilidade fiscal? Levando em conta a perspectiva de crescimento do Brasil e os rumos [da política] fiscal, a tarefa é praticamente impossível”, diz ele.
O recuo da Bolsa fez investidores aproveitarem os preços mais baixos, o que levou a uma valorização das ações de instituições financeiras, que têm importante peso no Ibovespa. Bradesco (BBDC3) e Santander (SANB11), por exemplo, subiram 3,30% e 3,26%, respectivamente.
Em Wall Street, o Dow Jones fechou em alta pela sexta sessão consecutiva, seguido pelo S&P 500 – ambos se mantêm em níveis próximos aos patamares históricos recordes. O primeiro subiu 0,43%, a 35.609 pontos, e o segundo avançou 0,37%, a 4.536 pontos. O Nasdaq teve leve recuo de 0,05%, a 15.121 pontos, sob o impacto do crescimento do rendimento dos treasuries, os títulos da dívida pública dos EUA, e da escassez global de chips.
O dólar fechou acima dos R$ 5,50 pelo terceiro dia consecutivo, mesmo após recuar 0,65%, encerrando a R$ 5,5583 na venda. Para Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, a baixa na cotação se explica pelos leilões cambiais realizados pelo Banco Central (BC), e também pelo aumento dos juros futuros no Brasil. “O mercado está precificando que o BC pode aumentar o ritmo [de reajuste] da Selic na reunião da próxima semana”, diz ela. (Com Reuters)