As varejistas têm investido em inovações para se destacar e atrair seus clientes durante a Black Friday, e a última delas foi a implementação das live commerces.
“Tudo começou em 2019, quando esse modelo já era forte na China. O Brasil notou que aqui existia um espaço a ser explorado entre as lives [para sair daquela] coisa mais burocrática, de só vender produtos online”, afirmou João Pedro Paes Leme, CEO e Sócio-fundador da Play9, empresa pioneira na organização desses eventos online.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Hoje, os eventos já viraram tradição para empresas como Magazine Luiza (MLGU3), Lojas Americanas (LAME4), Mercado Livre e todas as empresas do grupo Via (VIIA3). Porém, para se diferenciar, cada uma escolheu formatos distintos, com focos em humor, gamificação, música ou uma mistura de tudo. Dentre as vantagens do modelo listadas pelas empresas, a que mais aparece é o engajamento com o público.
“A principal vantagem é a interação do público ao vivo, a possibilidade de o cliente tirar suas dúvidas em tempo real sobre determinado produto e, claro, no caso da ‘Black das Blacks’, ainda contar com entretenimento e diversão enquanto escolhe quais ofertas vai aproveitar”, afirmou Bernardo Leão, diretor de marketing do Magalu, sobre a live promovida pela companhia.
Outro atributo desses eventos, para Flavia Laginha, gerente executiva de marketing da Via, é a facilidade de compra. “Os clientes também não precisam sair da live para concluir a compra. Ao clicar no ícone do carrinho de compras na tela, é possível visualizar o portfólio de produtos disponíveis já com os respectivos preços e descontos, se cadastrar e realizar a compra através dos vendedores”, diz.
Uma visão em comum entre as marcas e os organizadores é que, para chegar a esses resultados, é preciso que a seleção do elenco seja criteriosa e reflita o perfil dos clientes.
“O que entendemos desde o início é que a base principal de sustentação da audiência é o engajamento que os influenciadores escolhidos têm com o público. O ideal é a mescla de públicos diversos, pois ela é muito benéfica para a marca”, afirmou o CEO da Play9.
Leia mais: Lives serão decisivas para ampliar e-commerce no Brasil
Leme conta que o Google, parceiro da empresa na organização das lives, faz o raio-x para escolher personalidades entre grandes nomes e outros menores, mais conhecidos em segmentos de nicho. Além de trazer diversidade de temas abordados, estes viabilizam a oferta de produtos que fazem parte dos gostos dos seus fãs.
Para Alessandra Gambuzzi, diretora de projetos de conteúdo do Google, as lives são alternativas promissoras para vendas. “Essa é uma excelente forma de fugir dos anúncios tradicionais, conseguir tangibilizar os resultados da estratégia de marketing digital imediatamente e ter um retorno instantâneo do impacto gerado no público-alvo da campanha”, afirmou. Após três anos realizando os eventos, as empresas afirmam que o modelo é bem-sucedido.
João Pedro Paes Leme, da Play9, vê a adesão às lives commerces como um fenômeno de pulverização, tanto por plataformas, quanto por nichos de influenciadores. Para ele, a diversificação tornou o público ainda mais engajado. “Muita gente ia olhar sem necessariamente ter interesse por aquilo. Agora, com mais empresas fazendo, a audiência somada é muito maior”, confirmou.
Não são apenas as grandes varejistas que apostam no conceito. Empresas do setor pet, como Zee.dog, Petz e Petlove, também já promoveram os eventos. “O formato de live commerce é incrível por reunir o alcance e poder dos canais digitais com o engajamento dos formatos de social media, permitindo que o público-alvo interaja em tempo real com a mensagem”, diz Lívia Blanco, gerente de marketing da Petlove. Ela afirma que a companhia fez um “investimento considerável” para a realização da campanha deste ano.